Terça-feira, 13.04.10

A idéia da família como uma entidade inviolável, protegida da interferência até da Justiça, faz com que a violência se torne invisível.
A violência é protegida pelo segredo; agressor e agredida fazem um pacto de silêncio, que o livra da punição. Estabelece-se um verdadeiro ciclo, a mulher não se sente vítima, o que faz desaparecer a figura do agressor. Mas o silêncio não gera nenhuma barreira. A falta de um limite faz com que a violência se exacerbe. O homem testa seus limites de dominação. Quando a agressão não gera reação, aumenta a agressividade. O vitimizador, para conseguir dominar, para manter a submissão, exacerba na agressão.
A ferida sara, os ossos quebrados se recuperam, o sangue seca, mas a perda da autoconfiança, a visão pessimista, a depressão, essas são feridas que não curam.
Por isso, é preciso romper o pacto de silêncio, não aceitar sequer um grito, denunciar a primeira agressão. É a única forma de estancar o ciclo da violência da qual a mulher é a grande vítima.
As relações familiares, em sua grande maioria, têm origem em um elo de afetividade. Surgem de um enlaçamento amoroso. A essa realidade evidente por si só cabe questionar, afinal, por que as relações afetivas migram para a violência em números tão chocantes e surpreendentes? O mais intrigante é que nem sempre é por necessidade de sustento ou por não terem condições de prover sozinhas a própria existência que as mulheres se submetem, calam e não denunciam as agressões de que são vítimas.
O desejo do agressor é submeter à mulher à vontade própria, é dominar a vítima, daí a necessidade de controlá-la. Para isso, busca destruir sua auto-estima. As críticas constantes a fazem acreditar que tudo que faz é errado, de nada entende, não sabe se vestir nem se comportar socialmente. É induzida a acreditar que não sabe administrar a casa nem cuidar dos filhos. A alegação de não ter um bom desempenho sexual leva ao afastamento da intimidade e à ameaça de abandono.
O silêncio passa à indiferença e às reclamações, reprimendas, reprovações. Depois vêm os castigos, as punições. Os gritos transformam-se em empurrões, tapas, socos, pontapés, num crescer sem fim. As agressões não se cingem à pessoa da vítima. O varão destrói seus objetos de estimação, a envergonha em público, a humilha diante dos filhos. Sabe que eles são o seu ponto fraco e os usa como massa de manobra, ameaçando maltratá-los.
Para dominar a mulher, procura isolá-la do mundo exterior, afastando-a da família. Proíbe as amizades, denigre a imagem dos amigos. No entanto, socialmente, o agressor é agradável, encantador. Em público se mostra um belo companheiro, a não permitir que alguma referência a atitudes agressivas mereça credibilidade.
Muitas vezes impede a esposa ou companheira de trabalhar, levando-a a se afastar de pessoas junto às quais poderia buscar apoio. Subtrai a possibilidade de ela ter contato com a sanidade e buscar ajuda. O medo da solidão a faz dependente e sua segurança resta abalada. A mulher não resiste e se torna prisioneira da vontade do par, o que gera uma situação propícia a uma verdadeira lavagem cerebral, campo fértil para o surgimento do abuso psicológico.
Assim, facilmente a vítima encontra explicações, justificativas para o comportamento do parceiro. Acredita que é uma fase, que vai passar, que ele anda estressado, trabalhando muito, com pouco dinheiro. Procura agradá-lo, ser mais compreensiva, boa parceira. Para evitar problemas, afasta-se dos amigos, submete-se à vontade do agressor, só usa as roupas que ele gosta, deixa de se maquiar para não desagradá-lo. Está constantemente assustada, pois não sabe quando será a próxima explosão, e tenta não fazer nada errado. Fica insegura e, para não zangar o companheiro, começa a perguntar a ele o que e como fazer, torna-se sua dependente. Anula a si própria, seus desejos, sonhos de realização pessoal, objetivos próprios.
O vitimizador sempre atribui a culpa à mulher, tenta justificar seu descontrole na conduta dela, suas exigências constantes de dinheiro, seu desleixo para com a casa e os filhos. Alega que foi ela quem começou, pois não faz nada certo, não faz o que ele manda. Ela acaba reconhecendo que ele tem razão, que em parte a culpa é sua. Assim o perdoa. Para evitar nova agressão, recua, deixando mais espaço para a agressão.
Nesse momento a mulher vira um alvo fácil. A angústia do fracasso passa a ser seu cotidiano, questiona o que fez de errado, sem se dar conta de que para o agressor não existe nada certo. Não há como satisfazer o que nada mais é do que desejo de dominação, de mando, fruto de um comportamento controlador.
Depois... Vem o arrependimento, pedidos de perdão, choro, flores, promessas. A vítima acredita que ele vai mudar e se sente protegida, amada, querida. As cenas de ciúmes são recebidas como prova de amor, e ela fica lisonjeada.
Tudo fica bom até a próxima cobrança, ameaça grito, tapa...
Forma-se um ciclo em espiral ascendente que não tem mais limite.
O homem não odeia a mulher, ele odeia a si mesmo. Muitas vezes ele foi vítima de abuso ou agressão e tem medo, precisa ter o controle da situação para se sentir seguro. A forma de se compensar é agredir.
A sociedade protege a agressividade masculina, constrói a imagem da superioridade do homem. Afetividade e sensibilidade não são expressões da masculinidade. O homem é retratado pela virilidade. Desde o nascimento, é encorajado a ser forte, não chorar, não levar desaforo para casa, não ser “maricas”. Os homens precisam ser super-homens, não lhes é permitido ser apenas humanos.



publicado por araretamaumamulher às 13:46 | link do post | comentar | favorito

Terça-feira, 19.01.10
Violência Doméstica - consiste em humilhações, ameaças, bofetadas, murros e pontapés, abuso sexual, ameaças de morte e assassinatos, bem como toda a intenção de causar danos físicos ou emocionais, criando um ambiente permanente de pânico e terror. O homem controla a mulher pela força e intimidação. Ocorre principalmente dentro da intimidade do espaço privado e é por isso que se denomina violência doméstica.
Os maus tratos domésticos são uma realidade que afeta uma alta percentagem de mulheres em nossa sociedade. Geralmente, permanecem ocultos, escondidos no âmbito das relações familiares por medo ou vergonha e por ter sido trabalhada a idéia de "roupa suja se lava em casa", e por considerar que os maus tratos são assuntos privados do casal.
A imagem da família como o espaço onde se manifestam os afetos, os cuidados com os demais, o amor, etc, oculta freqüentemente as relações de autoritarismo, de subordinação das filhas, dos filhos e da mulher ao homem. A autoridade paterna às vezes impõe o regime de quase escravidão.
Não podemos esquecer que a violência sexual no âmbito doméstico inclui o homem obrigando a mulher a ter relações sexuais por ser seu marido. E, muitas vezes, as mulheres se violentam permitindo o ato sem vontade porque aprenderam que esta é a sua obrigação.
Violência Sexual (estupro) - é um atentado á integridade física e emocional da mulher. O estupro das mulheres é um ato brutal de exercício da dominação dos fortes, que buscam humilhar, amedrontar, degradar a dignidade de uma pessoa.
A base central da existência do estupro é a opressão de gênero, o poder patriarcal dos homens sobre o corpo e sobre a vida das mulheres, a negação do seu direito de decidir sobre seu corpo e sua sexualidade.
Historicamente, o corpo da mulher, de cada uma em particular, e de todas, é tratado como propriedade dos homens, que se fundamentam na manutenção da supremacia masculina e na visão de uma sexualidade constituída a partir dessa supremacia.
Os estudos realizados para definir o papel do estuprador têm concluído que são casados ou solteiros conhecidos das vítimas. Daí, deduzirmos que é um mito falar que os estupradores têm problemas emocionais. Eles existem em todas as raças e classes sociais: há ricos e poderosos, homens da lei, negros e brancos, intelectuais e trabalhadores, e muitos têm comportamentos exemplares em outras esferas da vida. O estupro tem sido minimizado pelo Estado, que não leva em conta a magnitude do problema. As estatísticas existentes, em função do baixo número de denúncias, não se constituem em fator de relevância. Quando uma mulher se "atreve'" a denunciar tem que passar por tortuosos e humilhantes caminhos: delegacias de polícia, médicos legistas... Para a grande maioria, a investigação se converte em outra violência. Levando-se em conta que perpassa uma total negação ou aceitação da fala da mulher, não há credebilidade à sua história.3
O sistema legal brasileiro que rege normas punitivas em relação à violência contra a mulher sustenta-se em leis discriminatórias, de modo que impede a participação plena das mulheres no desenvolvimento da sociedade e dificulta a luta por seus direitos quando estes lhes forem negados e/ou violados. Mostra claramente que as leis existentes, além de não serem eficazes e aplicadas, não são veículos perfeitos para a promoção, proteção e defesa dos direitos da mulher.
O silêncio e a impunidade são mecanismos centrais de manutenção da violência. O silêncio atua como elemento de consentimento e impunidade. As mulheres, ora da classe menos favorecida, ora da classe média e/ou alta, hesitam em denunciar atos de violência por vários motivos: medo, vergonha, dependência econômica, influência da igreja, falsa ilusão de que vale o sacrifício de sofrer para manter a família unida, além do embaraço e humilhação nas delegacias. Na polícia, a mulher (vítima) é questionada de modo a sentir-se culpada ou até a acreditar que mereceu sofrer tal violência.
A não aplicação da lei gera a impunidade, deixando criminosos e agressores de mulheres esquecidos, absolvidos, com processos arquivados ou, quando condenados, recebem penas leves. Os atos violentos dos homens contra as mulheres são aceitos como naturais, como se fosse "normal" a violência doméstica.
A relação entre os sexos é tratada simplesmente como algo privado, permitindo a impunidade dos agressores.
Denunciar a violência é um dos caminhos para romper o silêncio da opressão, mas é preciso buscar mudanças no comportamento social do homem e da mulher, quebrando os falsos padrões tradicionais da sociedade, para que homens e mulheres possam conviver com as diferenças, respeitando-se mutuamente.
À guisa de Conclusão
Em sendo a violência contra a mulher a forma mais dramática de discriminação, mulheres do mundo inteiro começaram a se organizar em busca de uma cidadania plena, não perdendo de vista que mulheres e homens são seres humanos iguais, em dignidade e em direitos. O que as mulheres propõem é apenas e simplesmente que a sociedade se estruture e se organize em função da igualdade social.


publicado por araretamaumamulher às 11:18 | link do post | comentar | favorito

Sexta-feira, 23.10.09
O que eu sou? O que realmente significam as minhas reações e não apenas meus atos e pensamentos? Será que minhas ações são apoiadas pelos meus sentimentos, ou será que eu tenho motivos por trás dessas ações que não correspondem ao que eu gosto de acreditar a meu próprio respeito, ou ao que eu gosto que as outras pessoas acreditem? Tenho sido honesta para comigo mesmo até aqui? Quais são os meus erros?Eu sou feliz? O que está faltando em minha vida?
Levei uns bons anos da minha vida para ter coragem de ao menos encarar verdadeiramente essas perguntas. Eu sabia que nessas perguntas estavam contidas todas as respostas que precisava em minha vida, mas não me dispunha a encarar o fato de respondê-las.
Eu sei que são perguntas difíceis de serem respondidas com sinceridade. E elas têm que ser respondidas com sinceridade, porque se não é melhor deixá-las de lado, como eu fiz por vários anos.
Eu não sei o que eu sou. Sou uma coisa tão confusa, tão complexa que não dá nem para mim, mesmo especificar.
Minhas reações significam medo, o mais puro e extremado medo, medo e dor.
Sim minhas ações raramente, ou nunca são apoiadas pelos meus sentimentos, a não ser quando vem à tona o que não quero que as outras pessoas saibam a meu próprio respeito.
Não, não tenho sido honesta para comigo até aqui, se estivesse sendo honesta comigo, já teria parado de fumar e emagrecido.
Meus erros são tantos que não caberiam nesta folha, mas hoje eu tenho consciência de cada um deles.
Não eu não sou feliz, sou hoje uma pessoa amarga.
Creio que uma direção.
Há uns dois anos atrás eu me dispus a respondê-las, e ai está as resposta.
Hoje elas seriam um pouco diferentes, com certeza, tenho caminhado com passos mais largos rumo à cura. Mas até me dispor a dar essas respostas, eu não conseguia sair do lugar, vivia dando voltas e os meus problemas eram sempre os mesmos.
Temos que ter a coragem de olhar para o buraco e ver o real tamanho e profundidade dele, só assim vamos poder saber o quanto de “terra” vamos precisar para tampá-lo.
Talvez essa seja a parte mais difícil, olhar para nós mesmos, e admitir que não somos o que queremos acreditar que somos, e principalmente o que queremos que os outros acreditem que somos. Nos ver como realmente somos, sem a fantasia covarde que usamos para nos sabotar.
Quando conseguimos fazer isso, o resto fica bem mais fácil bem mais leve. Admitir nossas falhas, admitir que somos passiveis de erros, de defeitos, que às vezes somos mesquinhos, somos invejosos, desejamos ao outro o pior. Esse é o primeiro passo da cura.
Vou repetir aqui um pensamento de Jung, aliás, eu adoro Jung, portanto estou sempre falando nele: “Na religião tradicional, todos os esforços são feitos para ensinar crenças ou condutas idealistas ás quais as pessoas sabem em seus corações que jamais poderão corresponder, e esses ideais são pregados por pessoas que sabem que eles mesmos nunca corresponderam, e nunca corresponderão, a esses elevados padrões. E mais: ninguém jamais questiona o valor desse tipo de ensinamento”
A religião tradicional nos dá preceitos a serem seguidos, tais como: “Faça aos outros que desejaria que eles fizessem a você” e “Ama a teu próximo como a ti mesmo”. Certamente nós podemos concordar que se todos pautassem a sua existência por essas regras áureas, o mundo seria um lugar muito mais agradável de viver. Agora vamos ser sinceros: Eu não o faço e você não o faz. Se aceitarmos o principio valido, por que é tão difícil segui-lo?
As respostas da religião tradicional têm sido tão decepcionantes que muitas pessoas que antes teriam consultado um clérigo agora consultam um psicoterapeuta.
Vemos tantos casos de clérigos, que apesar da mascaras de homens puros, escondem pedofilos, e outros tipos tão assustadores quanto.
Lembro que na minha infância tinha um padre lá na cidade onde nasci, que RNA hora do sermão ele sempre falava das moças de mini-saia, (Sou dos anos 60 o auge da mini saia), falava do grande pecado que cometia as mulheres que andavam depravadamente, e por ia o sermão do Frei Donario, mais quando a missa terminava a vizinha dele o estava esperando para o encontro furtivo atrás da igreja. Nós morávamos ao lado da igreja, e criança adora ver esse tipo de coisa.
O que leva um homem, a fazer esse tipo de coisa? A deixar toda uma congregação com sentimento de culpa, de medo. E depois a agir de uma forma totalmente contraria a tudo o que ele pregou.
Hoje eu sei a resposta. Frei Donario vivia na mascara, e como toda mascara a dele só se sustentava até as luzes da cidade apagar. (Na minha infância a luz era de motor a diesel, e apagava sempre por volta das nove horas da noite.) E como todos que vivem na mascara, para se esconder tem que deixar o outro com sentimento de culpa.
Pessoas assim não conseguem viver uma vida de amor, de verdade. Eles tem verdadeiro pavor que o outro descubra a verdade sobre ele é o desmascare. E para tanto, é muito mais fácil ver o “pecado” do outro, assim talvez o outro não tenha tempo de ver o seu.
Fique na paz e na luz
Fátima Jacinto
Uma Mulher.


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Quarta-feira, 30.09.09
Quando achamos que não somos dignos de ter o que desejamos, duvidamos que possamos recebê-lo. A duvida é causada pela necessidade de controlarmos as situações.
São poucos os que realmente tentam compreender o numero de mascaras e disfarces usados pelo medo. Eu aprendi da maneira mais difícil, o que era o puro medo. Medo do fracasso, e mais ainda medo do sucesso, misturado numa só coisa.
Descobri que quando eu exclamava indignada: “Olha só que fizeram comigo!” na verdade estava sentindo medo. Medo de não ser capaz. Medo que descobrissem a verdade a meu respeito. (Hoje me pergunto: que verdade?). O medo tem tantos disfarces inteligentes que é quase impossível reconhecê-lo a todo instante. O que podemos fazer é torná-lo um aliado em vez de um inimigo. Tenho certeza de que não estou só, que há muitas coisas na vida que eu deixei de fazer por medo. Muitas vezes eu nem sabia que estava com medo. E quando sabia tinha medo de admitir. O medo me dominou e passou a ditar meus movimentos e reações a qualquer situação;
Quantas vezes você se perguntou: O que há de errado comigo? Porque não consigo mudar? A culpa e a vergonha caminham de mãos dadas pelo jardim da sua vida, causando um enorme estrago nela! Quando nos sentimos mal com relação a nós mesmos e/ou em relação ao que estamos fazendo, fica difícil tentar fazer qualquer coisa de positivo. Parece que não temos o poder de parar ou de mudar. Podemos até querer, mas não dá. Ficamos tão preocupados em compreender porque fizemos o que fizemos que continuamos a fazê-lo. A lei é a seguinte: “Quando nos concentramos naquilo que fizemos de errado, ficamos paralisados no que chamamos de erro. Isso é a culpa. Eu descobri que a única forma de se libertar da culpa, é confessar o que se fez perdoar-se e escolher outra coisa. Confessar! Dizer a alguém que eu menti que eu errei que não fiz o que disse que ia fazer? Eu jamais faria isso. Só de pensar eu ficava mais culpada, e com mais raiva. E pensava em mais mentiras para falar, como desculpa. Tinha que haver outra solução.
Quando estamos nesse estado de espírito, precisamos encontrar razões e desculpas para as coisas que fizemos ou deixamos de fazer. Procuramos culpados e nos tornamos vitimas. Tanto as vitima quanto a maioria das pessoas culpadas e das culpam os outros são impotentes, para escolher e mudar.
A culpa tem vitimas e vilões charfudando na lama da impotência e do desamparo. Como é que um simples mortal pode se levantar e seguir o seu caminho no meio de um dramalhão como esse? É simples, confesse para você mesmo o que fez, perdoe-se e faça outra escolha. Mesmo que isso signifique ter que falar com as pessoas que você prejudicou ou desonrou. Peça perdão, se elas não quiserem perdoar o problema não mais seu. Se elas deixarem de gostar de você o problema também não é seu. Você precisa se amar um bocado para assumir o que fez, pode parecer difícil, mas só se você tornar as coisas difíceis. E só fazer.
As coisas com as quais nos preocupamos parecem não acontecer nunca, e as que acontecem de forma inesperada são as coisas com as quais nunca nos preocupamos. Porque eu não previ isso? Como não reconheci aquilo?
Agora depois da morte do meu filho, eu voltei a me fazer essas perguntas, alguma coisa sempre me avisou, que o Vi era diferente, que eu poderia perdê-lo a qualquer descuido, sempre tive uma enorme preocupação em relação a ele, tanto que os outros sempre acharam que ele era o predileto meu, mais não eu sabia que ele precisava de cuidados especiais. Mais nunca em nenhum momento eu imaginei que uma coisa dessas pudesse acontecer. A bem da verdade eu sempre me achei tão indigna, que não acreditava ser digna de tamanha tragédia em minha vida.
Hoje sei que não soube antes porque eu não tinha condições de lidar com a situação naquele momento. Só na hora que aconteceu eu tinha.
Talvez por isso nosso caminho seja tão cheio de curvas, elas nos dão a oportunidade de ir vendo um pouquinho de cada vez. À medida que avançamos ganhamos terreno, um pouco mais nos é revelado. E assim a vida vai nos dando aquilo que conseguimos lidar em pequenas doses, umas mais amargas do que as outras é verdade.
O resultado é conhecermos quem não somos, e assim sabermos quem somos.
As condições com as quais nos defrontamos não nos definem. Elas nos lembram quem somos e quem queremos ser.
Quando eu vivia um casamento violento, sabia que não era aquilo que eu queria. Eu sabia que não deveria estar ali. A experiência me ensinou que não vim ao mundo para ser espancada e humilhada. Mas as nossas experiências nos lembram o que estamos pensando sobre nós mesmo. Se acharmos que devemos ser castigados, com toda a certeza seremos se achamos que devemos ser felizes seremos também.
Se eu soubesse antes que o meu casamento seria violento, eu teria ficado arrasada e muito provavelmente teria ignorado a informação. E por isso que a cada experiência caminhamos um pouquinho mais longe na estrada da vida.
Mas isso você só vera quando a culpa tiver ido embora totalmente.
Fique na paz e na luz
Fátima Jacinto
Uma Mulher.


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Quarta-feira, 23.09.09
E o amor um sentimento brutal, que leva uma pessoa a cometer um crime?
Tenho visto no país uma onda de assassinatos em nome do amor.
Na minha maneira de ver quem ama, cuida, protege, zela. Quem ama, não espanca, não humilha, não faz pressão psicológica, não induz o outro a fazer o que não quer, e principalmente não mata.
O crime passional não existe: ocorre em contexto sexista por homens incapazes de fazer o luto de relacionamento, diz Lopez. Os autores de crimes passionais não têm problemas psiquiátricos. Que esse crime não é um crime por amor, mas um crime de quem sofre de narcisismo. E ele lembra: não se deve nunca esquecer que o criminoso, acha, no sexismo, na lei do mais forte, na valorização da masculinidade e na desenfreada competição social, as razões que lhe servem para justificar o seu ato. "
Hoje estava olhando na internet sobre o crime ocorrido em Rondonópolis, e encontrei uma reportagem que muito me interessou: O repórter dizia que em um mês este é o terceiro caso de crime “passional, no estado do Mato Grosso, o primeiro foi em Alta Floresta, que uma mulher foi assassinada pelo ex namorado (eles namoram dois meses) amor rápido e literalmente fulminante. O segundo em Cuiabá, foi bem parecido com o de Rondonópolis, um ex marido não aceitando ter que ir a busca de outra para espancar, entrou na casa da mãe da ex mulher, matou a ex mulher, a mãe e o padrasto. Porque a amava muito, com certeza.
O pré conceito ainda é grande em relação à mulher. Quando entramos em uma delegacia para fazermos um boletim de ocorrência, sentimos como se fosse nós deveríamos ser presas.
Duvidam do que dizemos não nos levam a serio.
Não basta existir a Lei Maria da Penha, ela tem que ser cumprida com os rigores que lhe é devido.
Se Crisa Renata tivesse não só registrado um boletim de ocorrência, mas também sido levada a serio, ela não estaria morta, não teria um monstro a mais solto como temos hoje.
Infelizmente, não é só no Mato Grosso que isso vem ocorrendo.
Tenho lutado para que a educação pelo respeito, e pela igualdade, seja dada em nossas escolas.
Estou com um projeto para buscar nas escolas publicas aquelas crianças de doze a quinze anos, que são mais violentas, mais rebeldes, e começar a fazer um trabalho de base mesmo com essas crianças. Sabemos que uma criança criada em um lar violento, tem noventa por cento de chances de ser um adulto violento.
Meu projeto é começar a trabalhar a criança e aos poucos e dando sustenção a mulher que está em casa calada, sofrendo maus tratos e espancamentos.
Setenta por cento das mulheres que sofrem violência ainda não tem coragem de denunciar o seu agressor. E agressor sem denuncia e agressor livre para matar, para abusar dos filhos, e um sem limites de barbaridades.
Não conheço nenhum outro meio de deter um agressor, ou se denuncia, ou se espera que ele morra.
Creio que a segunda hipótese é inviável. Porque eu sonhei por muitos anos enquanto estava casada com o velório do meu ex marido. Ele saia e minha imaginação já começava a funcionar. Via cada detalhe, nunca adiantou nada, continua vivo até hoje e esbanjando saúde, para fazer com outras o que sabe fazer tão bem.
Ensinar o Ser a colocar para fora sua raiva e frustração, talvez seja mais importante do que fazer alguém grave a data do descobrimento do Brasil, pelo menos será bem mais útil. Dar a criança na pré adolescência o direito de sentir o que teme sentir, é um presente sem preço para o seu futuro.
Somos todos nós que já sofremos agressões e violências de qualquer tipo, pessoas que tem dificuldade em expressar seus sentimentos, em dizer o que pensa, em nos mostrarmos.
Sentimos vergonha do que passamos como se fossemos os culpados. Não conseguimos ver que a culpa não está em nós, mas no agressor. E muitas vezes é o agressor quem é o mantenedor da família, e ai a coisa complica um pouco mais. Porque ao mesmo tempo em que existe um crescente ódio, uma crescente vontade de não mais ver aquela pessoa, existe também, o medo de passar privação, o medo de não ter com quem contar, porque não podemos negar que o vinculo afetivo existe, mesmo sendo um vinculo afetivo negativo, confuso, ele existe, se não existisse não existiria a situação de agressão.
As vitimas começam a se sentirem culpadas, por esta desejando que o agressor suma, morra, desapareça, não volte mais.
Quando um agressor diz que sua esposa esta louca, ele não esta mentindo não, a vitima de agressão pode até não ser louca, mas com toda a certeza ela está louca, está avariada, assim como os filhos e todos que vivem em torno de um monstro desses.
Ser louco é uma coisa, está louco é outra. Eu estive louca, enquanto aceitei que um monstro me manipulação, usasse minha inteligência, usasse meu trabalho, meu dinheiro, e ainda saísse me caluniando, e na época nada fiz para me defender, por medo. Medo de quem? Quem é o devedor da historia?Quem tem que ter medo?
Vitimas não precisam ter medo de abrir a boca. Mais infelizmente tem. O medo é um defeito paralisante.
Por isso o meu projeto. De ensinar nossas crianças a deixar de ter medo. A pararem de temer o que não tem que ser temido.
Por outro lado, temos que ter a certeza que nossas denuncias sejam ouvidas, e verificadas.
Porque senão teremos que ter é terror.
Fiquem na paz e na luz.
Fátima Jacinto
Uma Mulher.


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Quarta-feira, 02.09.09
Ser humano é ter defeitos e imperfeições. Todos nós cometemos erros, ás vezes magoamos as pessoas que nos são próximas, e às vezes nos comportamos muito mal. No entanto, essa simples verdade parece-nos muito difícil de aceitar.


Quando me conscientizo de que magoei meu filho por causa de um dialogo descuidado, eu me encolho por dentro, como que tentando me defender da dor que é parte inevitável da consciência de meus atos. Temos relutância ainda maior em aceitar as mensagens sobre nossos defeitos vindas de outras pessoas. Imediatamente erguemos defesas, com se estivéssemos sendo fisicamente atacados. Na verdade, a reação fisiológica de defesa lutar/fugir, adequada a situações nas quais existe uma ameaça imediata de dano corporal direto, é usada para proteger a auto-imagem idealizada, que precisa ter a aparência de certa e boa, e não de errada e má. Esquivamos-nos de encarar nossos erros e defeito porque eles são umas partes dolorosa, embora inevitável, de quem somos. Somente quando contenho o perfeccionismo é que consigo sentir a simples tristeza de ter magoado o meu filho. Respiro profundamente, afrouxo as defesas automáticas e sinto a simples dor. Somente assim consigo perdoar. Atinjo um nível mais profundo de auto-aceitação.

Quando negamos nossos defeitos, nosso egoísmo fica enredado na tentativa de parecer melhores do que somos e afastar a culpa pelas nossas dificuldades. “Não foi minha culpa” é a primeira coisa que a criança em nós grita sempre que confrontamos com nossos erros. Quando acontece alguma coisa desagradável, respondemos internamente como a criancinha que ouve a voz da mãe chamando por ela depois que um terremoto abalou a casa. Sua primeira resposta é: ”Não fui eu, mamãe”. A criança dentro de nós tem medo de reconhecer que possuir qualidades más ou imperfeitas signifique que ela é unicamente má, ou que, sendo tremendamente má, ela será julgada ou rejeitada pelos “outros” pais que, imaginamos, são responsáveis pelo nosso bem-estar.

Por medo do eu imperfeito, criamos um eu - mascara, um eu - idealizado, o eu que pensamos que deveríamos ser em vez de admitir que sejam seres humanos imperfeitos. Todos nós respondemos prontamente “vou bem” quando nos cumprimentam, por maiores que seja a nossa depressão, por causa da critica que o chefe acabou de nos fazer, ou a alegria por um recente sucesso profissional. Asseguramos prontamente a nós mesmos e aos outros que “eu estou bem, sou competente, posso dar um jeito”, por maiores que sejam a carência, ou a infelicidade verdadeira.

Seja qual for a mascara criada – o bom menino, a boa menina, a mulher ou o homem poderoso, o aluno aplicado ou o professor confiante, a criança carente ou o adulto competente, o pesquisador ingênuo ou o cético experiente – ela é uma tentativa de nos colocarmos num plano acima dos defeitos e da do, de negar nossa mediocridade e pequenez. Criamos uma mascara sempre que tentamos nos apresentar como pessoas amorosas ou poderosas, mas competentes ou carentes, mais compassivas ou céticas do que realmente somos naquele momento.

À medida que aprofundamos o compromisso de ser honestos com nós mesmos e com os outros, criamos uma base sólida para a auto-estima. Fazer um bom conceito de si mesmo passa a não depender mais de atender ás exigências irrealistas de uma mascara perfeccionista; ao contrario, seu fundamento é a coragem de encarar a realidade humana imperfeita atual. O imenso potencial humano que temos só pode ser realmente nosso depois que ousamos ser exatamente e exclusivamente quem somos em cada momento, por mais mesquinha e assustadora, grandiosa e ou sagrada que seja a realidade temporária.
Fique na paz e na luz.
Ararêtama uma Mulher.
http://araretamabiojoias.blogspot.com/


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Sexta-feira, 28.08.09
O mundo em que vivemos é um mundo de escassez, e nós só estamos nele por que algo nos falta. Temos que apredermos a nos perguntar: O que realmente está nos faltando?
Quando decidi fazer essa pergunta recebi uma resposta devastadora para mim. O que me faltava era Amor. A enorme carência e falta de adequação que sempre senti, eu havia transferido para minhas finanças. Fiz isso porque doia muito encarar o fato de que eu carêcia de amor, de me sentir amada, necessaria.
Por isso eu rarissimas vezes tive o suficiênte para sobreviver com o minimo de dignidade, com meus filhos.
Controlar ou fugir das dividas, era parte da minha vida, como o ato de se alimentar.
Mas meu ego exarcbado jamais me deixou admitir que o que eu realmente queria era amor, eu precisava me encher de amor. Como não conseguia me enchia de dividas, me enchia de comidas, me enchia de cigarros e fazia da minha vida e da vida dos meus filhos uma mentira.
"Você precisa investigar e descobrir por você mesma o que é a verdade". Essas palavras poderosas ditas por um amigo, foi meu ponto de partida.
Quando você tem coragem bastante para por em duvida e xaminar aquilo que aprendeu a aceitar como verdadeiro a sua recompensa será verdadeiramente deslumbrante. Descobrir e abraçar a verdade, encherá seus olhos de lagrimás e erradicará as falsas crenças. "A verdade vos libertará".
A verdade nos libertará dos temores habituais que o processo da vida nos impõe. A verdade iluminará a necessidade de sermos qualquer coisa além do que já somos.
Mas todos nós temos segredos, todos nós temos alguma tendência a viver com medo do julgamento. Uma voz dentro de nós nos previne que outras pessoas julgarão nossas transgressões tão duramente quanto o fazemos.
Mas essa auto-codenação possui outra face. Para fazer com que nos sintamos mais seguros de sermos julgados, procuramos defeitos nos outros primeiro.
Toda incerteza vem do fato de que você está sob coerção do julgamento. Trazer a tona o que quer que você pense que está errado consigo mesmo é a unica maneira de dissolver a culpa e a vergonha.
Quase todos nós já pedimos amor e recebemos rejeição no lugar dele. Levamos nossa fragil auto-imagem para situações em que elas foram surradas, em que a esperança morreu e nossa pior imaginação tornou-se verdade.
O efeito da rejeição, do fracasso, da humilhação, e de outros traumas é o entorpecimento dos nossos sentimentos.
Que a luz e apaz esteja com todos até amanhã.
Ararêtama uma mulher.


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