Mulheres que sente a estranha dor de ser vitima de gente, de uma forma brutal e, mesmo assim, ficam desamparada. O Estado não as conhece. A polícia tem dificuldade em enxergá-las, resta a essas mulheres, silenciosa e invisível, uma dor que não cessa.
Aprendi a entender que no peito essas mulheres carregavam uma dor igualzinha a minha.
A violência contra a mulher é um tema melindroso de tratar porque se trata de algo que ofende e fere, muitas vezes mortalmente, quem dele é vítima.
E porque ofende, no mais íntimo do seu ser e da sua auto-estima, muito poucas ainda são às vezes em que as vítimas saem num ato de denúncia contra o agressor, dirigindo-se.
às autoridades competentes para que lhe garantam a integridade física, já que a psíquica é um tema ainda mais delicado de aferir e difícil de garantir.
Tratando-se de um problema tão sensível e que, ao contrário do que muitos pensam, é transversal a todos os escalões sociais, pois dos mais pobres aos mais ricos esses comportamentos se registram, torna-se urgente definir políticas de combate a tal atitude.
Se no patamar legislativo elas são importantes, desde logo ao nível da justiça, necessitando-se de uma cada vez maior evolução e formação, também os agentes de segurança e o pessoal hospitalar - que são os primeiros, depois da vítima, a contatar com o problema - devem estar habilitados.
Também não é menos verdade que as autarquias têm um papel de grande importância a desempenhar ao nível do apoio e do acompanhamento. Apoio abrindo portas onde se atendem e em caso limite se acolhem mulheres em desespero, no tal momento e estado limite em que não agüentando mais, se vêem na necessidade de recorrer a terceiros. E depois constituindo serviços de apoio técnico, com assistentes de acompanhamento familiar, psicólogos e juristas. O mais importante é não deixar que nenhuma mulher tenha de viver sozinha o drama de ser vítima de violência.
Só a terminar volto a sublinhar o fato de muitas vezes a violência sobre as mulheres ser exercida não só ao nível físico, em que as marcas são bem visíveis, mas também ao nível psíquico e sexual. Aí tudo se agrava porque há marcas que não sendo negras são bem mais difíceis de ultrapassar.
É urgente caminhar para um estado de alerta em relação a este problema que envolva toda a sociedade e onde o Governo faça a sua obrigação a de se comprometer, a dar segurança e estabilidade aos cidadãos.