Quarta-feira, 23.12.09
“La única forma de aprender a amar es siendo amado.
La única forma de aprender a odiar es siendo odiado.
Esto ni es fantasia ni teoria, simplesmente es un echo
comproblable.”
ASHLEY MONTAGU, La agresión humana,1976


O poder humano decorre de três fontes principais: o conhecimento, o dinheiro e a violência.
A violência é a forma mais primitiva e inferior de poder, porque só podemos usá-la para castigar, fazer mal, destruir.
Suas sementes são semeadas nos primeiros anos de vida, cultivadas na infância e começam a dar frutos malignos na adolescência, estimuladas por crueldades sofridas, até fazer parte do caráter do adulto.
Nossos comportamentos desde o sadismo até o altruísmo são o resultado de processo evolutivo condicionado pelas forças sociais e valores culturais.
As histórias de nossa civilização estão repletas de agressões humanas. Através do sexo, seres frágeis e grupos minoritários foram objetos fáceis de ultrajes exploração e tormentos.
A Organização Mundial da Saúde (outubro de 2002) relata que atos de violência matam mais de 1,6milhões de pessoas ao ano.
O que nos leva a torturar e matar semelhante e até nossos companheiros de vida?
A disputa entre o genético e a influência social é um tema que gera controvérsias quando se quer explicar a formação das personalidades e conseqüentemente as tendências pacíficas ou violentas das pessoas.
A explicação da violência como genética ou aprendida é uma controvérsia entre os experts.
Para alguns a violência é uma qualidade humana inata, universal e inevitável que se libera automaticamente obedecendo a um impulso natural programado nos genes de nossa espécie.
O mundo é cheio de estímulos perigosos dos quais temos que nos defender. Por isto a violência torna-se necessária para a continuação da espécie.
Para outros, os animais lutam pela sobrevivência, mas não são cruéis. Quando lutam estão motivados por medo de serem eliminados em situação que se sentem acuados, por fome, necessidade de procriação ou defesa de si e da espécie. Quando podem, evitam matar ou mutilar seu competidor, limitando-se a retirarem-se com superioridade quando vencem e permitindo que seu inimigo fuja sem persegui-lo. Quando têm que matar faz-no da forma mais rápida possível, sem nenhuma crueldade.
O homem diferentemente, não tem comportamentos violentos só quando está ameaçado e pode ser cruel quando levado por emoções, mesmo sem necessidade de auto defesa. É no cérebro, dotado de grande plasticidade, para responder aos estímulos do meio, que se desenvolve a maneira de ser violento nos seres humanos. Conseqüentemente, herdamos genes agressivos, mas não a crueldade.
Só alguns são cruéis.
Nascemos com a predisposição para a violência, mas também para a compaixão.
A violência se aprende sob certas circunstâncias e se aprende profundamente.
O bebê satisfeito desenvolve segurança em si e nos demais, bem como a comunicabilidade. O ignorado é temeroso e agressivo.
As paixões jogam um papel poderoso no comportamento humano. Podem estimular tanto a inveja, tirania e agressividade, quanto à criatividade, autonomia e a solidariedade.
As paixões dão significado à vida humana. Geram monstros e heróis.
As experiências que mais predispõe a recorrer à violência para resolver frustrações é ser objeto ou testemunha de repetidas agressões na infância, principalmente por parte dos progenitores. As pessoas que vivem entre agressões e humilhações na infância tendem a ser insensíveis a estes horrores e/ ou podem tornar-se agressores.
A idéia de que o poder das paixões e a violência são aprendidos, garante-nos poder lutar para mitigá-los ou preveni-los. Por isto devemos dirigir os cuidados preventivos e terapêuticos primordialmente aos pequenos durante os primeiros 12 anos de vida enquanto há a possibilidade de desenvolver a compaixão, a tolerância, o sentido de autocrítica e a empatia.
O antídoto universal e mais poderoso contra a violência é o desenvolvimento das tendências altruístas naturais do ser humano.
Olhando do ponto de vista histórico as idéias malignas parecem estar diminuindo entre as pessoas:
1. A posição da criança na sociedade melhorou;
2. A mulher já não é vista como propriedade do homem em grande número de nações;
3. Embora ainda existam guerras se conteve a obsessão de se construir bombas atômicas.
Resta-nos, contudo, um longo caminho até a convivência pacífica entre as pessoas.
A violência é sempre preocupante em vários cenários humanos. A mais inquietante é a que se desenvolve no lar. Espaço que deveria, pelo seu objetivo formador, ser o mais amoroso.
As conseqüências da violência doméstica são tão desastrosas, por que atinge o celeiro humano de novas personalidades destruindo-as antes que se formem.
“A violência doméstica é o conjunto de formas de violência que se exerce no lar, qualquer que seja a pessoa que a exerça ou sofra”
A nosso ver é a mais destruidora.
Perigosa realidade, porque todos temos impulsos amorosos e agressivos e é a família que é a referência, a matriz de identidade e deve nos ensinar como controlar a raiva e dar saída às pulsões internas com limites. Caso a família forneça modelos de agressão o ato lesivo passa a ser considerado normal, não se critica as conseqüências que dele advém e é a violência o modelo aprendido pela criança para reagir a frustrações.
A criança maltratada sente-se isolada, sozinha, com medo, se retrai. Passa a desconfiar de todos e quando em conflito torna-se agressora, porque foi este o mecanismo que aprendeu para solucionar conflitos e aí é excluída pelo social.
Neste momento cria-se o padrão repetitivo de exclusão. A criança se exclui e se isola pelas agressões sofridas em casa, ou é excluída quando castigada pelas agressões que comete em casa e na rua.
Existem várias formas de exclusão doméstica. Desde a agressão psicológica que inclui insultos, desqualificações, ameaças de abandono e morte, até a negação da existência por indiferenças, isolamento ou segredo, chegando às formas mais graves, à condenação à morte em vida, pelo descaso e desqualificação da pessoa, que é tratada com se não existisse. Na maioria das vezes estas atitudes não possuem nenhuma justificativa importante que as explique.
Esta exclusão às vezes se concretiza em formas mais efetivas: impossibilitar a alguém o pertencimento à família negando-lhe o sobrenome, a expulsão de casa sem dinheiro nenhum e/ou chegar a deserdar a pessoa. Em alguns casos isto ocorre como meio de afastamento da família, para impedir que delate abusos sexuais ou físicos que lhe foram infringidos e que são outras formas freqüentes de violências domésticas.
Existem algumas formas disfarçadas de violência:
1. Dizer à pessoa que está sendo espancada para seu próprio bem, o que ainda gera culpa;
2. Abandono disfarçado de falta de exercício de autoridade e falta de fronteiras, em nome de excesso de confiança e flexibilidade, que encobrem comodismo e descuido;
3. Proteção excessiva que encobre desqualificação da capacidade da pessoa para resolver problemas.
4. Relacionamentos em que se encobre manutenção de dependência com obrigatoriedade de lealdade familiar acima de tudo, que deixam a pessoa sem escapatória, pois nada do que é visto ou vivido em casa pode ser contado fora, sob pena da pessoa que o fizer ser qualificada como traidora da família;
5. Atribuição de responsabilidades excessivas a um filho gerando sobrecarga para ele, a fim de
eximir-se de seus deveres parentais ou pessoais;
6. Criação de um clima familiar de raiva e culpa que imobiliza e passa a ser o modelo de relacionamento.
Nosso objetivo ao levantarmos estes padrões de exclusão no lar é informar aos terapeutas e educadores para que se instrumentalizem buscando medidas para vencê-los.
Propostas terapêuticas e sócio-educativas
Como o tratamento da violência ainda está sendo muito estudado no mundo todo, pensamos que seria útil para finalizar, elencar algumas maneiras de pensar e agir, que estão sendo adotadas neste setor na terapia familiar que poderão ajudar os profissionais que trabalham com violência doméstica.
A identificação dos padrões de violência leva à aquisição de força que pode ser posta a serviço da pessoa.
Uma das medidas preliminares é propor à família começar a estabelecer padrões relacionais sem ameaças e aprender a negociar na terapia familiar, sem a exclusão de nenhuma pessoa envolvida no problema.
Construir em conjunto com a família o desapego das crenças do passado e começar a criar formas de relacionar-se mais em conformidade com as necessidades de cada um no presente. Aprender a ouvir o outro para negociar as diferentes maneiras de pensar e agir em busca de soluções que contemplem a todos. Uma das principais conseqüências da violência é a perda de auto-estima que leva a pessoa a ficar presa, sem coragem de sair da situação por não acreditar mais nas suas capacidades. Quando esta pessoa passa a ser aceita e valorizada, recupera sua auto-estima.
É primordial, também a desmistificação da pessoa que é colocada no poder, pela própria trama relacional familiar o que faz dela um mito. Na terapia aprendemos a vê-la como uma pessoa fraca que precisa deste poder de dominação para sentir-se segura. Esta nova percepção devolve o poder às outras pessoas da família que param de endeusá-la como poderosa começando a temê-la menos, o que diminui o seu poder de coação.
Abrir mão do pensamento julgador e procurar compreender o que acontece com cada um desenvolvendo a capacidade de cuidar.
Rever os velhos problemas procurando sempre novas soluções concretas para os mesmos.
Empregar o humor na terapia dá mais alegria e leveza ao tratamento.
Reconhecer a diferença entre a comunicação íntima e a social e aprender que cada um fala por si e sabe o que é bom para si. Compreender a necessidade de respeitar as diferentes formas de ser, para que todos cresçam.
O importante é que:
Cada um descubra sua potência, através da própria história de sobrevivência, aprendendo a valorizar a sua resiliência, ou força interior de resolução de problemas.
É preciso que todos fiquem cientes de que somos autores de nossas vidas e dotados de forças para defendê-la.
As normas de respeitar a palavra de cada um e deixar que falem por si, são importantes para manter a ordem na sessão e estabelecer uma nova forma conversacional entre as pessoas.


publicado por araretamaumamulher às 15:33 | link do post | comentar | favorito

Domingo, 08.11.09
Tenho vivido num estado doentio, uma espécie d morte interior. Sinto dores pelo corpo, náuseas constantes e muitos gases. Tenho vivido numa desolação de um cinza escuro absoluto, parece que eu também quero morrer.
Estou com raiva, com raiva de Deus, da morte, do Vi, por ter morrido. Não consigo assimilar o porquê, dele não ter me ouvido. Estou com raiva de todos que aja morreram e de todos que vão morrer. Nada tem importância, eu vivo na mais profunda solidão, pensando na morte e com medo do nada. A morte é. Está é a verdade espiritual mais profunda que já conheci. E talvez eu a tenha omitido doa meu caminho. Dar a luz ao Vi não me poupou de vê-lo morto. A morte é. E Deus não me poupará da morte. Não poupará minha mãe, não poupará os meus irmãos e com certeza não poupará a Amanda e o Neto. E minha raiva e revolta a esse respeito não altera a veracidade desse fato.
Sinto um ceticismo tão grande com raramente senti. Uma profunda falta de confiança na vida. O que ame faz pensar que estou ligada a Deus?
Será que a espiritualidade não passa de ilusão ou superstição e da minha vontade de que as coisas sejam como eu quero? Sinto ondas de amarguras e duvidas sobre tudo o que vivi sobre tudo o que cri até aqui. O que é? O que é? O que estou fazendo aqui? Talvez eu nunca venha, a saber. O que me faz apensar que eu sei o que estou fazendo? Não sei. E, além disso, não preciso saber. Tudo o que posso fazer é seguir os meus instintos mais profundos, o mais profundo senso de orientação que tenho sobre o que devo fazer neste período da minha vida. Nada mais posso fazer.
Enquanto o adulto revive e libera aas mágoas da infância que deram origem á máscara, essa magoa permanecem sedimentadas na personalidade.
Uma das principais razões das nossas defesas reativas é o fato de que muitos de nós inconscientemente, ainda nos identificamos com a criança que fomos, e o outro com o adulto, cuja rejeição pode significar um desastre, mas cuja proteção é necessária para nossa sobrevivência.
Em nosso processo d crescimento pessoal, precisamos optar por encarar, sentir e liberar as magoas da nossa infância. Temos que aprende que já somo adultos e que não existe mais papai e mamãe. Como adultos, somos capazes de assimilar a mágoas da vida sem nos sentirmos aniquilados.
Se acreditarmos que sendo nós mesmos vamos ser rejeitados ou desaprovados, é exatamente isso que vai acontecer nos nosso relacionamento. Atraímos pessoas que nos desaprovam ou nos rejeitam, confirmando dessa forma nossos piores medos.
Foi isso que eu afiz durante todo o meu casamento, tinha tanto medo de ser espancada e humilhada, que atraia isso diariamente para a minha vida.
Como o comportamento da máscara não é autentico, e isso provoca uma inquietação no outro, somos rejeitados. A rejeição da máscara, no entanto em vez de nos convencer a sermos mais reais, na maioria das vezes nos faz reforçarmos a necessidade que sentimos de aperfeiçoar a máscara, para evitar apara sempre a dor e a rejeição. Dessa forma vamos criando mais falsidade e tensão no esforço intenso de atingirmos uma idealização ainda maior.
Começa ai a funcionar um circulo vicioso, não apenas nas interações com o outro, mas também em nosso intimo. Internalizamos a voz do “chefão” que exige de anos mais perfeição.
Assim nossa máscara vai criando efetivamente um sentimento muito maior de fracasso e decepção, perda de auto-estima e dolorosa rejeição do que o sentimento que foi criado para combater tudo isso.
“A necessidade de um amor protetor é valida até certo ponto para a criança, mas se for mantida na idade adulta, essa atitude deixa de ser válida. Como essa pessoa não cultiva a faculdade da responsabilidade pessoal e da independência, sua necessidade de amor e sua dependência podem efetivamente torná-la indefesa. Ela usa toda a sua força psíquica para ficar a altura do ideal de si mesma, de moda a forçar os outros a ceder ás suas necessidades. Ela cede aos outros, conseqüentemente, os outros devem ceder a ela. A impotência é a sua arma” Palestra doa Guia Patchwork n84
Foi isso que vivi por muitos e muitos anos, esse era o meu jogo. O da impotência, da dependência, usava isso como desculpa para aceitar ser espancado, ser traída, ser humilhada, passar privações.
Volto a repetir sair de uma situação como essa que vivi, não é tarefa fácil, nem rápida. Não adianta iludir a ninguém, porque o único milagre que existe, só será visto quando você estiver fora do lamaçal. Antes tudo o que você verá é lama, mesmo. Mas não tenha duvidas que vale muito a pena. Hoje não sou mais nem menos feliz do era, mais sou mais inteira, o medo meu velho companheiro foi embora de vez. A vergonha de que os outros poderiam estar pensando de mim também foi embora. Agora sou mais inteira, mais leve, mais suave, e muito infinitamente muito mais direta no que quero e onde quero chegar.
Não espero que ninguém cuide de mim, o que não significa de forma alguma que não preciso de ninguém, muito pelo contrario agora sei quando preciso, e não tenho medo de dizer. E nem de ouvir um não. Antes se eu ouvisse um não minha vida se desmoronava hoje isso não me afeta mais, não acho que alguém tem que fazer algo por mim. a sou eu que atenho que sair a campo e agir.


publicado por araretamaumamulher às 10:29 | link do post | comentar | favorito

Quarta-feira, 28.10.09
As coisas na minha vida se repetem, às vezes mudam o cenário, sempre muda os personagens, mas as situações são as mesmas. Desde criança, sempre desejei ardentemente ter dinheiro, status, estudar, ser amada, querida, desejada, e parece que quanto mais eu queria isso mais longe tudo estava de mim.
Nunca tive dinheiro suficiente nem para as despesas básicas, não consigo me lembrar de ninguém que daria uma boa informação sobre mim. Não me sinto amada, nem querida, e muito menos desejada. Tenho séria dificuldades em honrar qualquer compromisso. É como se eu sabotasse as coisas boas que poderiam em acontecer por não me sentir digna delas, Enem da confiança dos outros. Alias a verdade é que me sinto indigna de confiança. Estou sempre achando que as pessoas vão descobrir alguma coisa errada em minha vida e que ai todos os meus planos vão por água abaixo.
Sempre senti que merecia ser castigada, assim ao menos estava “sacrificando” por ser uma pessoa tão má, que envergonhava minha família, e todos que inadvertidamente se aproximavam de mim. Devido à desde muito cedo ter sofrido horríveis espancamentos, sem nenhuma causa justa, (minha mãe me batia de chicote de bater em cavalo, ele todo trançado no couro com um nó na ponta, e o cabo de madeira, quando ela estava muito nervosa, arrematava com o cabo na minha cabeça. Existiam outros instrumentos, como uma enorme colher de ferro, ou varas que eram colhidas a dedo para servirem especialmente para os momentos em que ela decidia nos espancar). Então foi assim que cresci ouvindo o quanto Deus era poderoso, irritadiço, e sensível, qualquer coisa ó tirava do serio, e sendo espancada, porque eu não prestava, não era uma pessoa boa, não merecia ter o que tinha. Sabe o que eu tinha? Nada. Morávamos em uma fazenda, que meu pai foi vendendo aos poucos, quando eu tinha oito anos já não tinha mais nem a fazenda, mas nós continuamos morando lá, como se nada tivesse acontecido, até que o proprietário decidiu nos enxotar literalmente, se ele não fizesse isso minha família não sairia. De lá mudamos para casa da minha avó, e tudo se repetiu de novo, com o diferencial de que de lá minha mãe não sai nem enxotada... Toda essa situação degradante, humilhante, era permeada, por enormes sermões bíblicos, que até hoje não consigo ver de onde era tirada tanta barbaridade, para nos incutir e a obrigação de ir à missa, de rezar o terço diariamente, caso não fosse rezado com a devida atenção, teria que ficar de joelhos em cima de grãos de milho e de braços abertos. Esse tal terço demora em media uma hora, imagine uma criança de oito nove anos de joelhos em cima de grãos de milho com os braços abertos por uma hora inteira, e se abaixasse um pouco que fosse os braços, levava uma surra de cedem, que uma corda feita do pelo do rabo dos cavalos. Quando me lembro da minha infância, fico tentada a pensar, que nenhum filme de horror se compara ao que foi vivido por mim e por meus irmãos, principalmente nós mulheres que somos as mais velhas. Lembrar do sadismo do meu pai, da alegria genuína que ele expressava, quando nos via sofrer, mesmo depois de adultos, é algo que ainda hoje me faz muito mal. Lembrar que ele era um homem que assistia a duas missas diárias, que rezada uns três terços diariamente, e que passava o restante do seu tempo lendo a bíblia, e mesmo assim tinha um imenso prazer em ver o sofrimento do outro, em ver o sofrimento dos seus filhos, ele se deliciava quando algo de errado nos acontecia. Não tem como não sentir a dor novamente. Lembrar que a minha mãe nunca fez nada para ajudar nenhum filho, mas que não perde nenhuma oportunidade, para puxar o tapete de qualquer um de nós até hoje, também é algo que me faz muito mal. Como nós sobrevivemos a tudo isso?Isso sim foi um verdadeiro milagre!
Talvez por isso eu tenha resistido por tanto tempo, a olhar para toda essa podridão. Talvez por isso tenha sido mais fácil, para mim, continuar, me martirizando, fugindo, porque verdadeiramente, olhar para tudo isso me dá ânsia de vomito, na verdade há dois anos quando olhei pela primeira vez, passei muito mal, mental, física, e espiritualmente, agora pensei que já tinha superado, mas vejo que ainda não. Ver tudo isso não é nada fácil. Mas é necessário, e absolutamente necessário se eu quiser realmente me curar, hoje tenho plena consciência disso.
A vergonha que senti durante toda a minha infância de tudo isso, de ser diferente de todos que eu conhecia as humilhações porque passamos. Não tenho ainda palavras para expressá-la. Quando me lembro da minha irmã abaixo de mim, meu Deus, minha mãe nunca ergueu um dedo para defendê-la, não que ela tivesse feito isso por mim, por qualquer outro filho, mais essa minha irmã ela tinha que te-la defendido, mais não ela se sentava com poses de senhora e ficava olhando... Ainda dói, dói, muito saber que tudo isso realmente aconteceu comigo.
Foi assim que aprendi a esperar ser espancada, a acreditar que merecia ser torturada, ser humilhada. Aprendi que eu não merecia nada de bom, nada de puro, que a alegria e a felicidade não era para mim. Acreditei que para mim não existia outra forma de vida, que eu não era alguém para dar certo. Que o problema era eu. Eu não tinha problemas, eu era os problemas. A vergonha, o medo, a humilhação e o desejo intenso de modificar esse quadro de mudar minha vida, de não quere que meus filhos tivessem esse tipo de vida. A vontade de poder entrar em um lugar de cabeça erguida, de não me sentir mais um nada, de me sentir acolhida, desejada, esperada, amada, e necessária, foi o que me levou a procurar ajuda.
Hoje tenho consciência que eu sempre busquei, toda a humilhação, todo o espancamento, toda agressão tanto física como psicológica que sofri, foi eu que fui responsável, quando me anulei, quando não me posicionei, quando esperei inconscientemente e muitas vezes conscientemente por tudo isso.
Sair de uma situação dessas não é fácil, não e rápido, não é indolor.
A primeira coisa que temos que entender é que a grande mentira é que somos incapazes de agüentar uma dor muito intensa e forte, e que também somos incapazes de agüentar o maximo do prazer, essa é a mentira do nosso eu inferior nos diz a toda hora. Nós podemos sim agüentar tanto a pior dor, como o maximo do prazer. Hoje eu sou prova viva disso. Tudo o que tenho exposto aqui eu vivi, eu tive a coragem de encarar e assumir que vivi, dói com certeza dói, mais eu estou aqui mais inteira do que nunca, do quando não tinha coragem para olhar para toda essa coisa podre dentro de mim.
Fique na luz e na paz
Fátima Jacinto
Uma Mulher.


publicado por araretamaumamulher às 14:00 | link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

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