Sexta-feira, 21.05.10
De acordo com a Declaração das Nações Unidas, de 1949, sobre a Violência Contra a Mulher, aprovada pela Conferência de Viena em 1993, a violência se constitui em “[...] todo e qualquer ato embasado em uma situação de gênero, na vida pública ou privada, que tenha como resultado dano de natureza física, sexual ou psicológica, incluindo ameaças, coerção ou a privação arbitrária da liberdade.” A violência doméstica contra a mulher recebe esta denominação por ocorrer dentro do lar, e o agressor ser, geralmente, alguém que já manteve, ou ainda mantém, uma relação íntima com a vítima. Pode se caracterizar de diversos modos, desde marcas visíveis no corpo, caracterizando a violência física, até formas mais sutis, porém não menos importantes, como a violência psicológica, que traz danos significativos à estrutura emocional da mulher. O Relatório Nacional Brasileiro retrata o perfil da mulher brasileira e refere que a cada 15 segundos uma mulher é agredida, totalizando, em 24 horas, um número de 5.760 mulheres espancadas no Brasil. Outros dados também alarmantes, referidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2005, indicam que, no Brasil, 29% das mulheres relatam ter sofrido violência física ou sexual pelo menos uma vez na vida; 22% não conseguiram contar a ninguém sobre o ocorrido; e 60% não saíram de casa, nem sequer por uma noite. Ao contrário do que a ideologia dominante, muitas vezes, quer fazer crer, a violência doméstica independe de status social, grau de escolaridade ou etnia. Verifica-se, inclusive, que certos tipos de violência (como, por exemplo, os casos de abusos sexuais) ocorrem com maior incidência nas camadas sociais médias e altas. O estudo acerca deste tema é de grande relevância no cenário atual, já que é notório o crescente aumento deste fenômeno entre a população mundial, evidenciando-se um problema social e de saúde pública, que afeta a integridade física e psíquica da mulher, além de constituir uma flagrante violação aos direitos humanos. Considerando a importante relevância social deste tema, acredito que seja necessário um olhar mais cuidadoso e atento das autoridades governamentais, através da criação e desenvolvimento de políticas públicas visando combater este fenômeno, assim como proporcionar uma assistência mais adequada às vítimas desta violência, além de uma maior implicação dos pesquisadores no que tange ao estudo e discussão em torno desta problemática, almejando identificar o que ocorre com as mulheres vítimas de tal violência. A identidade de gênero forma-se a partir do sentimento e convicção que se tem de pertencer a um sexo, sendo, pois, uma construção social feita a partir do biológico. Neste processo, o sexo e os aspectos biológicos ganham significados sociais decorrentes das possibilidades físicas e sociais de homens e mulheres, delimitando suas características e espaços onde podem atuar. Assim, são estabelecidas as desigualdades entre os sexos, sendo vistas como normais e fruto da “natureza” de cada um deles. É a partir deste processo sócio-cultural de construção da identidade, tanto masculina, quanto feminina, que ao menino é ensinado a não maternar, não exteriorizar seus sentimentos, fraquezas e sensibilidade, a ser diferente da mãe e espelhar-se no pai, provedor, seguro e justiceiro; em contrapartida, à menina acontece o oposto, ela deve identificar-se com a mãe e com as características definidas como femininas: docilidade, dependência, insegurança, entre outras. Em função desta prática, tem sido reservado à mulher o espaço doméstico, sob a justificativa de sua capacidade natural de ser mãe. Assim, o fenômeno da maternidade sofre uma elaboração social, favorecendo a crença de que cabe à mulher o cuidado e a socialização dos filhos. A delegação desta função a outra pessoa só é verdadeiramente legitimada quando a mulher precisar garantir o sustento da casa ou complementar o salário do marido. Nas classes dominantes, a delegação desta função não carece da legitimação da necessidade de trabalhar, porém, mesmo nesta condição, a mulher não está isenta da responsabilidade de orientar os filhos e supervisionar o trabalho doméstico. Assim, tais papéis vão se inscrevendo na “natureza feminina”. Deste modo, o labor profissional, realizado em concomitância com o doméstico, impõe às mulheres uma dupla e injusta jornada de trabalho. As situações de violência contra a mulher resultam, principalmente, da relação hierárquica estabelecida entre os sexos, sacramentada ao longo da história pela diferença de papéis instituídos socialmente a homens e mulheres, fruto da educação diferenciada. Assim, o processo de “fabricação de machos e fêmeas”, desenvolve-se por meio da escola, família, igreja, amigos, vizinhança e veículos de comunicação em massa. Sendo assim, aos homens, de maneira geral, são atribuídas qualidades referentes ao espaço público, domínio e agressividade. Já às mulheres foi dada à insígnia de “sexo frágil”, pelo fato de serem mais expressivas (afetivas, sensíveis), traços que se contrapõem aos masculinos e, por isso mesmo, não são tão valorizados na sociedade. As relações estabelecidas entre homens e mulheres são, quase sempre, de poder deles sobre elas, pois a ideologia dominante tem papel de difundir e reafirmar a supremacia masculina, em detrimento à correlata inferioridade feminina. Desta forma, quando a mulher, em geral, é o pólo dominado desta relação, não aceita como natural o lugar e o papel a ela impostos pela sociedade, os homens recorrem a artifícios mais ou menos sutis como a violência simbólica (moral e ou psicológica) para fazer valer suas vontades, e a violência física se manifesta nos espaços lacunares, em que a ideologização da violência simbólica não se faz garantir. Cabe, neste momento, salientar a importância da compreensão do processo de “coisificação” da mulher como resultante, inclusive, do modelo tradicional de família patriarcal, formado a partir de uma hierarquização de relações inter sexuais e inter geracionais, que exige a submissão e obediência da mulher à figura masculina, de quem é propriedade com direito de exclusividade. O sistema familiar patriarcal é, portanto, uma versão institucionalizada da ideologia machista enquanto ideologia de sexo. A identidade de uma mulher vítima de violência doméstica é, comumente, fruto deste padrão familiar de subordinação e não questionamento das imposições masculinas. Apesar de constatarmos, atualmente, profundas transformações na estrutura e dinâmica da família, prevalece ainda um modelo familiar caracterizado pela autoridade paterna e, portanto, pela submissão dos filhos e da mulher a essa autoridade. Principalmente na classe trabalhadora, o respeito (ou medo) ao marido é um valor cultural sedimentado. Questionar essa realidade parece ir contra uma estrutura de pensamento de conteúdo religioso, moral, econômico, psicológico e social. Discutir sobre a submissão da mulher em relação ao homem, significa desarticular uma estrutura que embasa crenças e conceitos antigos de dominação. Estar inserido em um ambiente familiar no qual, constantemente, os pais são agressivos entre si, ou mesmo com os filhos, favorece a uma concepção naturalizada da violência. São mulheres que cresceram vendo o pai bater na mãe, esta bater nos filhos, o irmão mais velho bater-nos mais novos, estes nos colegas, reproduzindo um ciclo constante de violência. Desta forma, o apanhar passa a não simbolizar desamor, mas sim uma forma de se estruturar como pessoa, em que o subjugar-se ao outro é um modelo de relação aprendido na infância. Sofrer violência na infância torna as pessoas inseguras, com baixa auto-estima, com ausência de senso crítico sobre a violência e dificuldades de estabelecer relações positivas. Essas conseqüências repercutem na escolha que a mulher fará de seu futuro marido, bem como na sua reação frente à violência. Os historiadores relatam que, desde a antiguidade, a mulher, enquanto criança, era propriedade do pai; depois de casada, passava a pertencer ao marido. Este lugar de superioridade ocupado pelo homem em nossa sociedade implica, contudo, em um ônus que este acaba pagando por tais “privilégios”. Assim como a mulher, ele não tem o direito de escolha do papel a ser desempenhado socialmente, tendo que ser o provedor do lar, terminando mutilado em sua possibilidade de desenvolver a sensibilidade e a capacidade de realizar atividades relacionadas ao mundo doméstico. Percebe-se, assim, que tais modelos ideológicos trazem conseqüências negativas para ambos os sexos, uma vez que os impossibilita de vivenciar suas potencialidades de maneira integral. POSTADO POR UMA MULHER
http://araretamaumamulher.blogspot.com/2010/05/as-situacoes-de-violencia-contra-mulher.html


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Quinta-feira, 20.05.10
É comum o questionamento acerca das razões que levam uma mulher a permanecer em uma relação violenta. Alguns estudos realizados, dentre eles o do Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), demonstram não haver uma causa única, mas sim múltiplos fatores que corroboram esta situação. É imprescindível, entretanto, a tentativa de identificação dos principais aspectos envolvidos neste processo, no intuito de compreender a dinâmica de uma relação marcada pela violência. Uma mulher pode permanecer durante anos vivenciando uma relação que lhe traz dor e sofrimento, sem nunca prestar queixa das agressões sofridas, ou mesmo, quando decide fazê-la, em alguns casos, é convencida ou até mesmo coagida a desistir de levar seu intento adiante. No que se refere a este aspecto, constatou-se que as vítimas permaneceram em média de 2 a 5 anos no relacionamento. A violência acaba sendo protegida como um segredo, em que agressor e agredida fazem um pacto de silêncio que o livra da punição. A mulher, então, passa a ser cúmplice das agressões praticadas contra si mesma. Em face de tal realidade, desenvolvem-se concepções populares de que as mulheres “gostam de apanhar”, ou ainda de que “algo fizeram para merecerem isto”. Esta idéia nega a complexidade do problema e atribui à violência um caráter individual, oriundo de aspectos específicos da personalidade feminina. Vários são os motivos pelos quais a primeira agressão sofrida, geralmente, não é denunciada: a mulher pode vivenciar um conflito, por não desejar separar se do companheiro ou, mesmo que ele seja preso, apenas pretende que cessem as agressões, procurando socorro, somente quando já está cansada de apanhar e se sente impotente. Freqüentemente, as mulheres procuram justificar as atitudes do agressor, através de argumentos como o ciúme e a proteção, que acreditam ser demonstrações de amor. Atribuem ainda a fatores externos, como o estresse, decorrente principalmente do trabalho, das dificuldades financeiras e do cansaço. Também o álcool é um motivo alegado pela grande maioria das vítimas, para explicar o comportamento agressivo de seus parceiros. O álcool estimula este tipo de comportamento dos homens, mas age apenas como um catalisador de uma vontade pré-existente, havendo, portanto, uma intenção em ferir a integridade física da mulher. Quando há o desejo de se separar do marido, esta idéia vem sempre acompanhada por sentimentos de culpa e vergonha pela situação em que vive, por medo, impotência, debilidade, além dos mitos sociais que afirmam o prazer da mulher em apanhar. Todas as mulheres, depois de tomada esta decisão, ainda enfrentavam uma situação de instabilidade ocasionada por ameaças de perder a casa, a guarda dos filhos e a realidade de sobreviver sozinha. Desta maneira, elas só tomam a decisão quando não têm mais alternativas e não suportam a dor. Ainda assim, muitas se mantêm em uma relação de dor para não verem a família destruída. Outro elemento que impede a separação entre vítima e agressor e contribui para o aumento do índice de violência é a falta de apoio social, refletido pelo escasso número de pessoas (parentes, amigos ou vizinhos) ou entidades (igreja, instituições), aos quais a mulher pode confiar o suficiente para relatar as agressões e acreditar que algo será feito para evitar sua incidência. Quando a mulher tem uma boa relação com familiares e amigos, permitindo-se contar-lhes sobre sua vida conjugal, suas casas passam a ser uma possibilidade de refúgio. No entanto, quando isto não é possível, devido à situação de isolamento provocada por seu parceiro, a única possibilidade encontrada é recorrer às casas-abrigo, que funcionam para acolher mulheres em situação de violência, mas que representam, para muitas, enfrentar um futuro desconhecido. O fator financeiro foi o mais destacado por depender economicamente do companheiro e terem medo de não conseguir sustentar a si mesmas e/ou a seus filhos; outras, por receio de perderem suas residências, como confirma o depoimento seguinte: O que me faz permanecer nesta situação é que a casa é minha. Eu trabalho para sustentar eu, filho e casa. Eu não posso sair da minha casa com minhas filhas e viver de aluguel, ou então viver na rua pra deixar a casa pra ele [...] Agora, deixar minha casa pra ele, eu não vou deixar, porque eu não tenho condições de viver de aluguel. (36 anos, 4ª série, 9 anos de convivência, casada). O caráter cíclico da violência, caracterizado através de momentos alternados de agressões e afetos, nutre uma esperança nas mulheres de que seu companheiro possa vir a se arrepender de suas atitudes e restabelecer um ambiente familiar harmônico. A gente pensa que vai mudar. Ao passar dos tempos, dos anos, a gente acha que aquele comportamento vai mudar, mas só piora; ele pensa que é nosso dono [...] (28 anos, 2º grau completo, 10 anos de convivência, separada). As relações entre homem e mulher são marcadas por uma desigualdade de poder que favoreceu o estabelecimento de um modelo de família patriarcal, na qual à mulher cabe a submissão e o não questionamento dos comportamentos masculinos. Esta atitude é também reafirmada pela idéia de sacralidade da família, tida como uma entidade inviolável, devendo ser protegida de qualquer interferência externa. Esta realidade é expressa no cotidiano, por frases do tipo “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”. Nesta tentativa de preservação da imagem familiar, os filhos são tidos freqüentemente como elos de ligação da vítima a seu agressor. As mulheres persistem na relação conjugal por desejarem criar os filhos junto ao pai. O que me fez permanecer foi meu filho de oito meses. Porque meus pais têm 37 anos de casados e criaram os filhos juntos. (19 anos, 2º grau incompleto, 1 ano e 6 meses de convivência, separada). As ameaças de morte têm sido outro artifício bastante utilizados pelos homens, como meio de aprisionar suas companheiras. Eles utilizam-se do medo para impedir a desvinculação da mulher a ele, e, sobretudo, o estabelecimento de um novo relacionamento afetivo. O que me fez permanecer nesta situação foi porque gostava dele e tinha medo, pois ele me vigiava. Chegava bêbado e me ameaçava, dizendo que se eu não ficasse com ele também não ficaria com ninguém. (27 anos, 5ª série, 13 anos de convivência, separada). POSTADO POR UMA MULHER


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Quarta-feira, 19.05.10
Toda a mulher tem direito a que se respeite sua integridade psíquica e moral. Na medida em que nossa sociedade produz modelos de comportamento desiguais a serem obedecidos por homens e mulheres, ou seja, a mulher é mais valorizada quando se dedica inteiramente à família, aos filhos, ao marido, ao cuidado com a casa etc., a violência psicológica contra a mulher passa a fazer parte da própria cultura. As práticas sociais e culturais baseadas em conceitos de inferioridade e subordinação da mulher passam a ter um valor positivo. Fica claro que, nessas circunstâncias, metade da humanidade passa toda a sua vida vivendo sob uma arraigada tensão psicológica. De maneira geral, a violência psicológica está sempre presente na violência física e sexual contra a mulher, principalmente na violência doméstica ou intrafamiliar, quando o agressor é um membro da família. Neste contexto o agressor vai minando a auto-estima da mulher, anulando ou desclassificando suas emoções, desvalorizando suas realizações e ridicularizando-a em casa ou na rua. Falam-se muito em violência doméstica, murros, pontapés e coisas bem piores. Este tipo de violência é mais fácil de denunciar, uma vez que existem marcas físicas da agressão. Mas existe um outro tipo de agressão que por norma não se fala, até porque não existem provas. É a chamada agressão psicológica, que se poderá se tornar tão ou mais agressiva que a agressão física, porque destrói a pessoa por dentro deixando marcas psíquicas, paralisando-a tornando-a paranóica, doente por dentro, no que existe de mais intimo. É existe um perfil para este tipo de agressor, que gosta de atrair mulheres, bem sucedidas profissionalmente, com boa estabilidade emocional e financeira. São indivíduos quase sempre simpáticos, extrovertidos e educados, com enormes complexos de inferioridade. Daí terem como objetivo a destruição de pessoas bem sucedidas que lhe estão próximo. Começam com pequenos “conselhos”, do gênero: “Está mais gordinha! Tem de prestar atenção à sua alimentação!”. “Depois vão avançando para discretos comentários em público, que a paralisem e a façam sentir insegura, sem que os outros percebam: “Estás com mau hálito”, “Estão a gozar com você,” Ouvi comentar que está mal vestida “““… Perante isto, e com o passar do tempo à pessoa vai perdendo a auto-estima, enquanto que ele brilha cada vez mais. Aos poucos vai ganhando fama de tímida e lá se vai desculpando com o trabalho e o cansaço, recusando educadamente os convites dos seus amigos… E incrível como a vitima não consegue realmente perceber que está sendo manipulada, até que seja tarde demais. Porque a violência começa de uma forma tão sutil, tão como se fosse até um carinho, um gesto de boa vontade, e quando percebemos já caímos. Curioso é que a vítima acredita o outro é o seu único amigo e mesmo quando o abuso é insuportável, há uma tendência enorme para acreditar nas críticas e nos insultos que lhe são dirigidos. É de suma importância ter em mente que esse individuo é alguém com um enorme complexo de inferioridade, que não tem nenhuma segurança, e por isso vivi de tentar minar a auto-estima de outros, pois só assim ele se sentirá superior. Essa é a vontade de todo agressor, a de ser superior, é ele quem manda, ele que dá as cartas, ele é o senhor todo-poderoso, a quem todos devem respeito, e reverencias. Pessoas desse tipo vivem demarcando território, ele não quer mais não se interessa mais, mas o território é dele, ninguém pode se aproximar. E por isso tipos como esses cometem assassinatos, como o que aconteceu em Rondonópolis, onde um psicopata entrou em um restaurante e assassinou sua ex namorada e seu padrasto e sua mãe, justificativa do assassino (que alias se sente ofendido, quando é chamado assim: ela o estava desprezando). Homens desse tipo não conseguem viver se não estiver controlando todas as situações em volta deles. O medo tremendo que sentem em perder o controle da situação é tal ou mais do que o medo que eles nos causam. Nosso problema é que ficamos tão enredadas em suas tramas que não conseguimos ver o obvio. Em casa ele não liga, grita a toda a hora, manda-a calar, chama-lhe burra, diz-lhe que está com cara de velha e que nem vale a pena maquilar-se porque ainda fica pior… Em público, abraça-a, beija-a, elogia-a em voz alta, mas lá a vai humilhando em segredo, sempre à espera que tenha um ataque de fúria perante toda a gente que o acha o máximo, de forma a que todos concordem que endoideceu de vez, quando na verdade o doente é ele! Reconhece este quadro? Se a resposta for afirmativa, talvez esteja na altura de tomar uma atitude, mas não sem antes preparar um grande jantar de amigos, contarem umas histórias e anedotas, e lá uma vez por outra, aproxime-se dele com o sorriso mais convincente do mundo e segrede-lhe que, além de estar com um hálito de morte e um macaco na ponta do nariz, está mais mal vestido que um palhaço! Abrace-o e continue a distribuir sorrisos pelos seus convidados! Afinal, faz bem provar do próprio veneno! É tão avassalador porque é uma situação em que você fica realmente sem ter como provar o que está se passando. Não tem como as pessoas saberem que você está falando a verdade. Que a verdade é que você esta sendo psicologicamente violentada. Não existem formas materiais de se provar uma situação dessas. Vivemos isso por muitos anos, meus filhos e eu, mas parece que agora eu encontrei uma forma de dar ao malandro um pouquinho do seu remédio. Vamos ver se ele vai gostar... POSTADO POR UMA MULHER


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Quarta-feira, 12.05.10
As conseqüências das agressões sofridas no lar - se é se pode chamar assim uma casa onde há violência-requerem custos econômicos enormes, são despesas com médicos, apoio social e psicológico, abrigo, entre outros. Mas, o preço da violência ultrapassa o valor financeiro. Dinheiro não é o empecilho para que isso seja solucionado. Melhor se fosse. O custo a ser levado em consideração é o pessoal e o social do sofrimento das vítimas. Freqüentemente, a sociedade enxerga as agressões que acontecem dentro da casa do vizinho, por exemplo, como um problema localizado e, preferem não se interferir. Esse pensamento é bastante comum, já que não imaginam a ligação que há entre a violência daquela casa e a que ocorre na esquina. A agressão cometida num ambiente familiar não é menos grave, ou merece tão ou mais a atenção das pessoas. Além disso, as pessoas não costumam projetar as conseqüências da educação dada àquela criança agredida na casa do vizinho na sociedade. Pessoas que sofreram violência na infância, quando crescem, reproduzem essa atitude, tornando-se adultos violentos. A violência não é hereditária, mas sim aprendida. A família como base do desenvolvimento humano deveria ser o ponto de partida para uma criança receber orientação e amor. No entanto, diversas famílias proporcionam esse desenvolvimento moldado por agressões gratuitas ou ainda violência justificada supostamente pelo amor. A perpetuação da violência assegura e reforça as relações de poder historicamente desiguais e injustas entre os membros da família. Seja do homem sobre a mulher ou dos pais sobre os filhos. Reproduz, dessa maneira, uma atitude doente, de geração em geração, que se repete e se agrava através dos tempos. Esse comportamento está arraigado na cultura e, por conseqüência, na educação de todos; e, sem perceber, as pessoas encaram o problema como algo ‘aceitável’ e ‘comum’. É comum que não só as famílias que sofrem com a violência, mas também toda a sociedade fechem os olhos para as barbáries que estão por todos os lados gritando por socorro. As pessoas recusam-se a enfrentar tal realidade e, por conta dessa omissão - a qual pode ser chamada de cumplicidade -, permitem e até, por que não dizer, encorajam a violência. É importante ressaltar que a autoridade dos pais na família deve ser fundamentada no respeito e não nas relações de poder exercidas pelos mais fortes sobre os mais fracos. Os pais fazem uso da necessidade que os filhos têm de seus cuidados e, com esse poder, manipulam a relação. O pátrio poder em relação à criança cria uma dependência ainda mais cruel ao passo que o filho fica à espera de amor, mas os pais podem decidir por conceder ou retirar esse sentimento, ou ainda transformá-lo em algo bem perverso. Os pais são capazes de criar uma confusão imensa nos filhos quando maltratam e dizem que o fazem em nome do amor que sentem por eles. Nesse momento, as crianças chegam a relacionar a dor provocada pelos pais ao carinho que dizem sentir. A criança fica sem defesa pelo fato de tratar-se de alguém da família. Pois, se por um lado aprendeu a desconfiar de estranhos, por outro, disseram-lhe que ‘na família tudo é permitido’. O domínio sobre a criança pode ser exercido facilmente. Todos os caminhos que levam à discussão sobre como educar os filhos, num momento ou em outro, chegam à violência como ‘solução’. A punição é resultado de tolerância cultural, a sociedade já está acostumada ao castigo físico como procedimento educativo, dentro de uma estrutura de poder autoritária. Tal situação é mantida pela figura do pátrio-poder,que permanece intocável. Lamentavelmente, o que se ouve com grande freqüência é: ‘um tapinha não faz mal a ninguém’. Tal expressão não se justifica, já toda ação que causa dor física numa criança, varia desde um simples tapa até o espancamento fatal. Embora um tapa e um espancamento sejam diferentes, o princípio que rege os dois tipos de atitude é exatamente o mesmo: utilizar a força e o poder. Muitos pais dizem crer que uma ‘simples palmadinha’ não é violência e que pode ser um recurso eficiente. No entanto, bater não passa de uma atitude equivocada de descarregar a tensão e a raiva em alguém próximo e que não pode se defender. A mãe deixa sempre claro que o bebê que ela concebeu é ‘filho dela’ - o uso do indicativo de posse é inevitável e nem sempre traz uma conotação de orgulho e carinho. Muitas vezes, a expressão ‘o filho é meu’ carrega a intenção de mostrar a quem quer que seja que ‘faço o que quiser com ele, é meu’. Isso intimida a sociedade para que não haja interferência naquela relação de posse. A violência doméstica contra crianças assume contornos nem sempre brutais e evidentes, ou seja, nem sempre deixam marcas físicas. Muitas vezes, são constantes agressões ‘cuidadosas’ - para não marcar, atitudes que humilham, gestos de raiva, negligência e outras violências sutis que também deterioram, destroem, estraçalham, ou, no mínimo, atrapalham o desenvolvimento da criança e deixam conseqüências drásticas, não só no corpo, mas principalmente nas lembranças. POSTADO POR UMA MULHER


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Domingo, 18.04.10
As restrições impostas pelas condições econômicas e culturais ainda contribuem para que as mulheres identifiquem o casamento e a maternidade como seu principal meio de reconhecimento social. Apesar das modificações no âmbito familiar, provocadas, dentre outros aspectos, pela maior presença da mulher no mercado de trabalho, o espaço doméstico continua a ser considerado como predominantemente feminino. Em geral, espera-se que esta cuide dos filhos e da casa, sem questionar as dificuldades inerentes a essas funções. No próximo tópico, discute-se como a maternidade era muitas vezes sentida como um peso em função das responsabilidades que representa. Ao se tornarem mães, as mulheres podem ter dificuldade em reconhecer seus sentimentos ambivalentes em relação aos filhos e sua criação. Receiam ameaçar a imagem de "boa mãe", à qual esperam corresponder. Quando não cumprem tal expectativa, tendem a se culpar pelas dificuldades que os filhos apresentam durante seu desenvolvimento. Em geral, os sentimentos ambivalentes da mulher sobre a maternidade são considerados como problemáticas pessoais sem relação com o contexto social no qual ela está inserida. A pouca informação e a ausência de assistência podem ser percebidas pela mulher como uma realidade individual, com a qual precisa arcar sozinha. Na medida em que não se dá conta de que essa situação é comum a outras mulheres, que também carecem de suporte familiar e social, seu sofrimento tende a ser maior, o que pode contribuir para a ocorrência e agravamento de sentimentos categorizados na literatura médica como sintomas depressivos, a exemplo da culpa e da auto depreciação. Ao se casarem, diversas mulheres tinham de aprender por conta própria a criar os filhos. Sem assistência e inexperientes nessa tarefa, algumas se culpavam pela morte prematura deles. Noções culturais sobre a maternidade têm impacto sobre todas as mulheres, mesmo as que não tiveram filhos. Culturalmente consagrada na maternidade, à mulher vê-se impelida a realizar a maternagem de irmãos mais novos e sobrinhos. Assim, arca com as responsabilidades inerentes a esse papel, ainda que, muitas vezes, não haja um reconhecimento de seus esforços. É possível concluir que as funções que a mulher tradicionalmente desempenha não tendem a ser socialmente valorizadas. Entre as participantes, a aprendizagem de eventos relacionados ao feminino ocorreu sem o necessário esclarecimento e suporte às suas dúvidas. Na seção seguinte, as implicações desse quadro podem ser percebidas na relação conjugal. Um sentimento de fracasso por não conseguirem manter uma relação conjugal satisfatória. Atribui o término do casamento à sua exclusiva responsabilidade. A falta de êxito em atender às necessidades masculinas justificaria a traição e, conseqüentemente, a separação conjugal. Subjacente à auto depreciação descrita, encontra-se o que considera ser o papel de uma boa esposa: não questionar. Ao demonstrar seu incômodo face à traição, acreditava ter possibilitado a separação. Culpa-se por não ter sido o ideal de esposa que havia projetado ser durante sua infância. Após a separação, tem dificuldades em estabelecer outros projetos para si. Ressente por não ter conseguido manter o casamento e, portanto, fracassar como mulher. Acreditando que não tinha mais o que oferecer aos outros e, sobretudo, a si própria, não reconhece mais seu valor. Não sabe como buscar outros referenciais para si, além dos que recebeu como o de ser uma "esposa compreensiva". Há uma dificuldade concreta, imposta pela degeneração visual, e simbólica, de perceber outras possibilidades de significação de suas relações e projetos de vida. A autoridade masculina parece justificar que o marido utilizasse o que é denominado, segundo a OMS, como violência psicológica perpetrada por parceiro íntimo – intimidação, constante desvalorização, humilhação. Embora através de insultos e traições se veja depreciada como mulher, sente que não lhe resta outra opção a não ser submeter-se. Terminar o casamento implica que ela falhou em se conformar às exigências conjugais. A influência do modelo patriarcal sobre a família contribui para que as mulheres continuem a ser subjugadas pela dominação masculina, que é sentida sobre seu corpo. É na materialidade do corpo das mulheres que todos os poderes e desprazeres se cruzam. A dominação sobre o corpo tende a ser percebida como uma expropriação pelas vítimas da violência conjugal. Com a expropriação do corpo, a ocorrência de sentimentos como a humilhação tende a contribuir para que a mulher apresente uma baixa auto-estima. Isto favorece a constituição de sintomas depressivos em etapas posteriores da vida. Uma das formas mais comuns de violência contra as mulheres é a praticada por parceiro íntimo (OMS, 2002). O fato de as mulheres, em geral, encontrarem-se emocionalmente envolvidas com os parceiros que as vitimizam e dos quais dependem economicamente, tem grandes implicações sobre a dinâmica do abuso, o qual pode ser: físico, sexual e psicológico. A OMS indicou que, apesar dos estudos sobre a violência de gênero se concentrar no abuso físico, para muitas mulheres o abuso psicológico é ainda mais intolerável. As justificativas culturais para a violência conjugal geralmente decorrem de noções tradicionais sobre os papéis característicos de homens e mulheres. Estas noções estabelecem que as mulheres devam cuidar dos filhos e de seus lares, mostrando obediência aos maridos. Se um homem considerar que a mulher não cumpriu seu papel ou ultrapassou os limites, pode utilizar a violência como resposta (OMS, 2002). A mulher fica, assim, exposta a uma situação de violência perpetrada por uma das pessoas que lhe é mais cara em seu ambiente familiar e em sua vida. A ambigüidade é configurada quando o parceiro, que supostamente deveria zelar pelo seu bem-estar, é quem a mantém subjugada física, psicológica e sexualmente. A violência conjugal, fato presente na vida de muitas mulheres retira não só seu direito enquanto cidadãs – como o direito de ir e vir – mas o domínio sobre o seu próprio corpo. Com a expropriação do corpo, muitas se calam face à violência sofrida pelo receio de que a denúncia abale o equilíbrio familiar, o que contribui para a manutenção das agressões. Este silêncio pode perdurar por vários anos, trazendo graves prejuízos à saúde física e mental da mulher. A raiva, a mágoa, a frustração são muitas vezes silenciadas pela mulher para a manutenção dos vínculos familiares. Considerando que o momento de "largar" o marido em função da violência sofrida havia passado porque o seu próprio tempo já passara. Já "velha", não tem condição de separar-se. Sente que deve deixar a agressão sexual no passado, mantendo em segredo a violência sofrida. O sentimento de fracasso conjugal e a situação de violência perpetrada por parceiro íntimo são aspectos que denotam como algumas mulheres tendem a se perceber de um modo pouco favorável. As freqüentes auto-recriminações tornam difícil a tarefa de identificar um saldo positivo em suas escolhas e realizações ao longo das etapas que antecederam à maturidade. Neste período, esta dificuldade vai ser configurada na queixa depressiva que as motivou a procurar tratamento. Conforme se pôde perceber, cada sentido relacionado à depressão fundamenta-se na construção de papéis sociais. Como propor alternativas às implicações desses papéis sem negligenciar a importância que representam em suas vidas? Este desafio aumenta, conforme os depoimentos, quando se considera que as mulheres aprenderam a atrelar seu valor pessoal à maternidade e ao casamento. Se a depressão está – ao menos em parte – relacionada às perdas e dificuldades enfrentadas, é preciso conferir crédito ao que vivenciaram em sua trajetória. Sem esse cuidado, o psicólogo no atendimento a mulheres na maturidade com diagnóstico de depressão tende a contribuir para a manutenção de estereótipos e preconceitos relacionados às dificuldades que enfrentam ao longo de seu ciclo de vida, marcadas, não raro, pela ausência de suporte social. Caso favoreça uma necessária acolhida à expressão dessas dificuldades, é possível que se depare com relatos de sofrimentos partilhados após anos ou décadas de segredo. POSTADO POR UMA MULHER


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Domingo, 04.04.10

As raízes da violência, de natureza social, cultural e psicológica, são numerosas, tais como: os estereótipos sexuais, o desequilíbrio de poder entre mulheres e homens, a socialização e os comportamentos aprendidos, a violência como forma socialmente aprovada de solução de conflitos, os desequilíbrios socioeconômicos, as lacunas na lei e no sistema de justiça penal.
A violência contra as mulheres é uma manifestação do desequilíbrio histórico das relações de poder entre mulheres e homens. A violência faz parte de um processo, não é natural nem resulta de um determinismo biológico: a violência aprende-se. O sistema de domínio masculino tem raízes históricas e a sua função e suas manifestações tem variado ao longo dos tempos.
O estado é o primeiro responsável, no sentido não só de sensibilizar para a não violência, como de prevenir a sua efetivação e punir os infratores. É igualmente o principal instrumento na mudança de práticas legais, administrativas e judiciais que dão possibilidade às mulheres de reivindicar os seus direitos. A negligência do estado em agir pode ser a causa de aumento de violência contra as mulheres; por outro lado, a sua intervenção ativa pode ser o catalisador na reforma das relações de poder na sociedade.
A sexualidade feminina é outra fonte de grande violência contra as mulheres.
Para a controlarem, os homens, que detêm, tradicionalmente, o poder, têm criado todo o tipo de disposições - legais, religiosas, na área da saúde ou pseudo científicas – que retiram às mulheres o direito ao gozo da sua sexualidade, e a tentam controlar, colocando-a ao serviço dos seus interesses, quer individuais quer da sociedade: mulher esposa, mulher mãe ou mulher prostituta.
A existência de ideologias, nomeadamente filosóficas e religiosas, que tentam justificar a posição subordinada das mulheres é outra causa de violência.
O que caracteriza e distingue este fenômeno de outros comportamentos violentos, é o fato de ser perpetrado majoritariamente por homens contra mulheres, homens esses que mantêm muitas vezes uma relação de grande proximidade com a agredida. Com efeito, a maior parte dos atos de violência cometidos contra as mulheres, são praticados no seio da família e quase sempre pelo marido ou companheiro da mulher.
Existem várias formas de violência não física, tantas quantas a imaginação humana consiga inventar para fazer mal a alguém que, em princípio, não se pode defender.
A violência não física aparece com, pelo menos, três objetivos: assustar, isolar e ofender.
- Na primeira forma (assustar) o agressor recorre de: ameaças (de morte, com armas de fogo e armas brancas, de futuras sevícias, de desaparecer com os filhos); de comportamentos violentos, que podem envolver destruição da propriedade doméstica (móveis, portas, louças, alimentos confeccionados) de bens próprios da mulher (roupa, documentos, recordações, livros);
- Na segunda forma (isolar) o agressor atua de forma a dificultar ou impedir a mulher de conviver com amiga (o)s ou familiares, de ter vida social, dentro e fora de casa, de ter emprego, estudar, sair de casa ou, até, de falar ao telefone.
Em alguns casos o agressor prende a mulher em casa durante períodos mais ou menos longos, não permitindo que ela saia ou comunique com o exterior, sob pena de exercer represálias. Com este isolamento, o agressor, esta exercendo a violência, e está igualmente a tentando que o seu comportamento não seja conhecido de terceiros, para não afetar a sua «imagem», ou para poder continuar a maltratar impunemente. Em determinados meios sociais, são freqüentes os maus tratos cessarem quando passam a ser do domínio público.
- Na terceira forma (ofender), que costumo chamar de violência moral, o agressor utiliza insultos e expressões obscenas e ofensivas dirigindo-se à mulher,impondo comportamentos que a ofendem, compara-a, de forma negativa, com outras mulheres (a aparência física, a competência profissional ou como dona de casa, a sexualidade, o trato em sociedade, a cultura geral), relata encontros sexuais (verdadeiros ou inventados) para humilhar e magoar a mulher.
· violência econômica esta designação é relativamente atual, apesar da sua prática ser antiga: o homem não contribui para a economia do lar ou contribui muito deficientemente, e/ou controla todo o dinheiro do agregado, mantendo escondidas e inacessíveis à mulher, as finanças do casal. A mulher tem que se sujeitar a pedir-lhe constantemente dinheiro, não dispondo de qualquer direito sobre os bens.
Em numerosos casos, a imagem pública do indivíduo que maltrata a família aparece como sendo a de um «cidadão exemplar», uma vez que o terror permanente em que os elementos da família vivem o receio de novas agressões e o isolamento a que são sujeitos os impede de denunciar a violência.
• violência sexual esta forma de violência integra elementos de violência física e não física. Para lá de constituir uma violação da integridade física da vítima, constitui igualmente uma violação da sua integridade moral. A violência sexual, incluindo a violação, existe também dentro do casamento, na união de fato e entre namorados.
A violência sexual pode consistir também na exploração sexual da mulher, obrigada a prostitui-se pelo marido, companheiro ou outra pessoa de família, mediante ameaças ou atos de violência física.
As deficiências de uma lei, comprovadamente inadequada, e as dificuldades de prova, são acrescidas quando a violência sexual se verifica na família, por parte do pai, outro familiar, marido ou companheiro, o que faz que este crime fique largamente impune.
As conseqüências negativas para a saúde física e mental das vítimas, são, por vezes, irreversíveis.
A violência contra as mulheres é um crime grave com conseqüências graves. Mais de metade da população feminina portuguesa experimentou a violência. Milhares de crianças vivem aterradas na sua própria casa, testemunhando ou sofrendo violência.
Apesar da existência de leis e planos oficiais  para combater a violência contra as mulheres, esta continua a ser uma constante na vida das mulheres.
Muitas mulheres tem que bater a numerosas portas antes de conseguirem alguma ajuda - quando conseguem. A maneira como são encaminhadas ou apoiadas depende muitas vezes do local onde moram e das pessoas que conhecem: se em alguns locais conseguem obter ajuda ou informação, noutros estão totalmente desamparadas. Esta situação é inaceitável, porque, quando decidem pedir ajuda, quase sempre as mulheres já estão desesperadas.
As mulheres vítimas de violência têm direito a proteção rápida e adequada e a um sistema legal que as proteja e apóie.
A violência contra as mulheres tem que ser vista na perspectiva dos direitos humanos, da igualdade para homens e mulheres e da democracia. Nenhum estado se poderá considerar verdadeiramente democrático enquanto permitir, por ações ou omissões, que a violência, atual ou potencial, seja uma constante na vida das mulheres.
A negação da existência da violência doméstica contra as mulheres foi durante muito tempo à maneira de tratar o assunto.
Desde os tempos em que aos maridos era permitido maltratar, violar e mesmo matar as esposas, passando pelas diversas épocas em que a autorização para tais crimes foi sendo progressivamente limitada, até à época atual em que estes atos são punidos nos termos da lei penal, mulheres têm sido maltratadas por maridos e companheiros, em todos os quadrantes da sociedade. E, malgrado a lei, continuam a ser: espancadas, torturadas, permanentemente aleijadas ou mortas. Várias questões se levantam: porque violenta os homens a mulher que escolheram para partilhar a sua vida?
Porque permanecem as mulheres junto do seu carrasco? Porque se calam tantos dos que assistem, recusando-se a intervir contra um crime tão comum?
Este silêncio generalizado e denso que rodeia a violência doméstica faz-se sentir a diversos níveis: do indivíduo, da comunidade e das instituições.
nível individual torna-se extremamente visível quando a vítima de violência pretende defender-se: não aparece ninguém disposto a ajudá-la, a servir de testemunha: ninguém viu, ninguém ouviu, ninguém fala.
É o silêncio social, de todos, amigos, familiares, vizinhos, que sabem, mas calam e com o seu silêncio consentem.
A outra vertente não é menos grave, e é simultaneamente causa e efeito do silêncio individual: é o silêncio da comunidade e das instituições.
A violência contra as mulheres tem uma história à qual é deliberadamente negada documentação.
Através das consultas a estatísticas, nomeadamente da justiça, fica-se na total ignorância da incidência de maus tratos a cônjuge ou companheira.
As vítimas pouco falam. Logo, é fácil e cômodo deduzir que o assunto não deve ter importância especial - o que está profundamente errado
E porque não falam as mulheres espancadas?
Apesar de algumas mudanças importantes operadas nos últimos anos, as mulheres são ainda frequentemente educadas com a idéia que o casamento é o seu destino natural: cuidar da casa, ter filhos, criá-los, cuidar do marido, ser mãe e esposa modelo são as suas “funções naturais”. E quando esta ficção idílica não acontece à mulher é levada a sentir que falhou que errou.
A violência de que é alvo é muitas vezes vista como culpa dela: algo fez para merecer, não cumpriu como devia. Em vez de ser vítima passa a ser acusada e culpabilizada. E a reação da mulher, como defesa, é calar-se; ela sabe que a sociedade a julgará e condenará não lhe perdoará ter “falhado”.
Para lá do estigma social, da vergonha, existem outros motivos que levam a calar as agressões:
a) O receio do agressor
Os homens são habitualmente mais fortes que as mulheres e não hesitam em brutalizá-las ainda mais para que não apresentem queixa ou para que retirem a que já interpuseram.
b) A dependência econômica
Os homens têm quase sempre maiores possibilidades materiais e sociais, numa sociedade fortemente marcada pela não igualdade de oportunidades. As mulheres ainda têm menos escolaridade ou formação profissional, têm empregos inferiores, ganham menos, além de que assumem muito mais que os homens, as responsabilidades na criação dos filhos. Assim, num confronto violento em que a sua normal reacção seria fugir, as mulheres constatam que não têm para onde ir nem dispõem de recursos que as ajudem a afastar-se e aos filhos pois raramente as mulheres deixam os filhos para trás. E, sem apoios e com leis que não funcionam, são frequentemente obrigadas a regressar para junto do agressor.
c) 0 alheamento dos que a rodeiam
Um dos grandes obstáculos na abordagem do problema da violência doméstica é a sua aceitação tácita, o esconder deste crime por parte dos que o observam.
Há sempre alguém que ativamente ou pela passiva indiferença, tenta correr uma cortina sobre o caso, escondê-lo do público, decidindo “não lavar roupa suja” – para usar uma expressão corrente - como forma de não ter que se envolver.
E se a vítima não consegue suscitar-nos que com ela convive de perto o impulso cívico de ajudá-la servindo de testemunhas, fica sem possibilidade de apresentar queixa, de procurar defesa e proteção legal.
E, nunca é demais repeti-lo, a impunidade do agressor é o melhor argumento que ele tem para continuar a violência.
d) O silêncio da comunidade e das instituições
«Ninguém faz nada». E, na realidade, a forma como o problema da violência doméstica é abordado, mostra tendencialmente não só uma certa indiferença no tratamento deste crime, como uma tentativa de silenciar a sua existência.
Pode dizer-se que, de uma maneira geral, as comunidades ignoram a extensão do problema, com todas as graves conseqüências que ele traz.
Os meios de comunicação social não se interessam ou usam o tema de forma sensacionalista; os serviços públicos que são colocados em contato com o problema. (como é o caso de hospitais, polícias e serviços de assistência social) têm limitados poderes para abordar publicamente o assunto e, por vezes, não fazem uso do pouco que tem.
Os hospitais por onde passam mulheres espancadas, não dispõem de estruturas que permitam a identificação e encaminhamento destes casos;
No que respeita às polícias, o seu âmbito de intervenção está tão limitado que nem sempre é eficaz.
Os tribunais, extremamente morosos, não oferecem a ajuda rápida de que a vítima precisa e quase nunca fazem justiça. As disposições legais nesta área ou são inadequadas, ou são ineficazes ou, simplesmente, não são aplicadas.
Os meios de comunicação social são um elo importante que une as centenas de mulheres que os vêem, escutam ou lêem e que estão demasiado assustadas para procurar ajuda. Pode prestar um tremendo serviço público difundido informação correta, sensibilizando a opinião pública e encorajando as mulheres maltratadas a procurar ajuda, a divulgar o seu problema, a sair do seu isolamento sem sentir vergonha ou culpa.
Perante este esmagador silêncio do indivíduo, da comunidade, das instituições – este total alheamento, este conformismo egoísta, é de espantar que as mulheres se fechem sobre o seu sofrimento?
Que ajuda podem esperar? Que apoios para poderem mudar a sua vida e dos seus filhos?
A falta de alternativas leva-as muitas vezes, em desespero de causa, a auto convencerem- se que o problema não é assim tão mau, que devem é esforçar-se e agüentar - tudo isto servindo apenas para manter uma situação violenta que, sendo,na aparência, consentida pela vítima, passa a ser tolerada pela comunidade e ignorada pelas instituições.
Através deste pequeno roteiro de silêncios, consegue-se perceber que existe uma cadeia de causa efeito entre os diversos elos: as mulheres não tornam pública a violência de que são alvo, porque não existem apoios que as ajudem a sair da situação violenta; as instituições não criam apoios porque o problema, sendo escondido e calado, é desvalorizado e torna-se oficialmente como que não-existente; a comunidade perante uma vítima que não fala e um conjunto de instituições que não age, fecha-se num silêncio, que não direi indiferente, mas meramente egoísta e não cooperativo. E a mulher agredida, que observa toda esta conspiração de silêncio deliberado, sente-se muito justificadamente só, sem ajuda e continua calada.
Esta negação, este silêncio e aceitação do fato não são uma forma de transmitir às crianças a violência como um valor aceitável? Como uma forma aceitável de resolução de conflitos? Elas, não só, vêem este crime passar impune nos seus lares, como tomam o silêncio geral como forma de aprovação e autorização para repetir e perpetuar.
Que preço estamos todos pagando com o nosso silêncio?
E que preço continuaremos a pagar quando os filhos e filhas de agressores e agredidas forem repetir os padrões de vida familiar que lhes foram ensinados, sem alternativas, na infância e juventude?



publicado por araretamaumamulher às 19:48 | link do post | comentar | favorito

Quarta-feira, 10.03.10







Muitas famílias têm a violência como forma de estabelecerem vínculos. No ponto de vista destas famílias, não existiria outra forma de se comunicarem, e, em decorrência desta forma de comunicação, muitas vezes  nos re-contextualizarmos e ao resumirmos, nos surpreendemos com a  raiva que demonstramos ter do  nosso agressor.
Isto normalmente acontece porque todo sistema tende à um equilíbrio como forma de manter sua existência. Há uma resistência à mudança.
A mudança é ameaçadora, geradora de insegurança e desconforto, visto que o sistema funciona daquela forma a muito tempo, independentemente de ser uma mudança positiva ou não.Em nossos  discursos nos, surpreendemos falando com freqüência frases como “eu vivia bem com ele, apesar disto”(sic), ”pensando bem, ele tem o lado bom”(sic). E quando ouvimos de nós mesmos, esse tipo de frase, percebemos claramente o temor à mudança, às conseqüências que ocorreriam para este sistema que já estava organizado desta forma, que, sendo nociva ou não, era o jeito que  tínhamos de  nos organizar para viver, pois era esse o nosso  estilo de interação familiar que esta sendo ameaçado. Se  um membro de nossa família participante deste ciclo (levando-se em consideração o conceito de circularidade que a teoria sistêmica propõe) resolvesse mudar o comportamento e os outros não concordassem, a tendência é de que desistíssemos de mudar e permanecêssemos  no circulo vicioso, porque precisaria existir um compromisso de mudança do conjunto dos elementos, de todos os participantes do ciclo, e não só de uma pessoa.
Percebo claramente as resistências nas falas dos meus filhos,que me dizem em tom de voz amargurado, como era difícil pensar em qualquer mudança. Outro fato que percebo  é que não compreendem como nossas relações estão desgastadas já há bastante tempo. Eles   refletem a respeito de a quanto tempo estamos vivenciando este contexto de violência, a partir de minhas colocações.
A partir daí consigo fazer com que organizem  melhor suas idéias a respeito de suas próprias relações com a família  a ver  o quanto estas relações originavam a violência.  No meu caso , verifiquei o quanto a minha história de vida pregressa contribuiu para o surgimento da violência como forma de comunicação  na minha  família e então, com essa  descoberta feita ,foi  possível mobilizar meus  recursos internos, identificando minhas reações e sentimentos que surgiram ao longo da história e também explorar qual seria as minhas expectativa diante destas novas descobertas e diante de toda a situação.
 Entendi que não sabíamos escutar uns aos outros, eu não escutava meus filhos, e eles não me escutavam, ficávamos presos ao medo terrível de não saber a reação do agressor, sempre que entrava em casa, ou mesmo em quando isso ia acontecer, vivíamos em suspense constante, e portanto em estado de total estresse que o suspense e o medo acarreta a uma pessoa. As nossas  novas conclusões, tem feito com que nos reposicione, ou pelo menos, a que entendamos as razões de estarmos  com sentimentos confusos e contraditórios .


publicado por araretamaumamulher às 14:25 | link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

Quinta-feira, 04.03.10

 Somos todos curadores feridos. Todos relutamos muito em nos tornar vulneráveis, em levantar o véu que nos recobre e mostrar o que temos dentro de nós, sejam coisas positivas ou negativas. Hesitamos em revelar a dor ou o ferimento que cada um de nós, á sua maneira, traz em si. Sentimos vergonha e nos escondemos. Achamos que somos os únicos ou que a nossa dor é mais desprezível que a de qualquer outra pessoa. Isso é muito difícil para nós, a não ser que nos sintamos seguros. Essa é a nossa condição humana. Cada um de nós precisará de algum tempo e de muito amor para se mostrar. Devemos dar uns aos outros bastante tempo, espaço e apoio com amor. É ´por meio desse ferimento que todos estamos aprendendo a amar. Esse ferimento interno que todos temos é o nosso maior mestre. Devemos reconhecer quem realmente somos por dentro.Somos a bela essência do nosso Eu Superior, apesar das camadas de dor e de raiva que nos encobrem. Cada um de nós é único na sua individualidade, e é muito bom que seja assim. Devemos nos tornar curadores feridos, ajudando-nos mutuamente a compartilhar a verdade de nosso ser interior.

Podemos descobrir que estamos num universo benigno, rico, propicio á vida e sagrado. Somos carregados nos braços do universo. Sonos rodeados por um campo de saúde universal que garante e mantém a vida, e ao qual podemos nos ligar. Podemos ser e, de fato, sempre somos, nutridos por ele. Fazemos parte dele e ele faz parte de nós. O mistério divino da vida está dentro de nós e em toda a nossa volta.
As vezes, quando não estamos alertas, nós nos soltamos, e surge a força criativa!
Um súbito gesto de bondade, ou uma expressão de amor ou de amizade que se manifestam antes que possamos pensar nisso é uma expressão do eu Superior. Cria-se um momento d estreita ligação, e o amor é liberado.
Então, não podemos tolerar a luz e o amor, nós nos tornamos tímidos e nos afastamos. Basta alguns segundos para ficarmos constrangidos e nos "fecharmos" um pouco. Um medo súbito surge aparentemente do nada, e diz: "Oh, talvez eu tenha agido mal". Essa é a voz dos nossos pais falando, substituindo o Eu Superior. Sob ela, está a defesa. Ela na verdade quer dizer: "Se não detiver esse fluxo d energia, provavelmente vai sentir tudo, incluindo a dor que estou escondendo de você ". Assim interrompemos e refreamos o fluxo de nossa força vital. Nós nos conduzimos de volta ao nível "normal" de "segurança", em que não colocaremos em risco a boa ordem da nossa vida.
Essa é a condição humana.Vivemos a dualidade da escolha, não importando quais sejam as circunstância de nossa vida. A cada momento, escolhemos entre dizer sim a uma vulnerabilidade natural, rica e sem riscos, que dá origem á nossa plena experiência de vida, ou dizer não a tudo isso. quando optamos pelo não, nós nos defendemos da experiência de uma vida verdadeiramente equilibrada e bloqueamos a nossa vitalidade.
A maioria de nós prefere matar um pouco da nossa vitalidade durante a maior parte do tempo. Por quê? Porque, inconscientemente, sabemos que deixar a força vital fluir irá liberar a antiga dor, e temos medo dela. Não sabemos como lidar com isso. Por esse motivo, adotamos uma atitude defensiva e voltamos para as velhas e aparentemente apropriadas definições falsas a respeito de quem realmente somos. As vozes de nossos pais ficam mais forte e continuamos a nos afastar. "Quem você pensa que é? Deus?" "Você realmente acha que pode mudar as coisas?"Hora seja realista! As pessoas não mudam. Aceite aquilo que você tem." "Você é ganancioso." "Você não dá valor ao que tem." Ou então: "Se você tivesse nascido mais bonita." "Se os seus pais tivessem tratado melhor você..." "Se o seu marido não tivesse feito isso...". E assim por diante! Existem milhões de maneira por meio das quais a máscara pode falar para conserva-lo no seu lugar. Em certa medida ela impede que você sinta a sua dor. A longo prazo porém ela gera mais, dor e, posteriormente, doença.
Cabe a cada um de nós retornar o contato com o nosso Eu Superior e curar a nós mesmo.

Veja mais em  http://araretamaumamulher.blogspot.com/


sinto-me

publicado por araretamaumamulher às 12:33 | link do post | comentar | favorito

Sexta-feira, 27.11.09
Essa postagem foi feita em 23/08/09.
Foi corrigida agora e postada novamente.

Essas semanas tenho vivido num estado doentio, uma espécie de morte interior. Dores pelo corpo, nauseas constantes e gases, tenho vivido numa desolação de um cinza-escuro absoluto, parece que eu também quero morrer. Eu estou com raiva, raiva de Deus, da morte, do Vi por ter morrido, (não consigo assimilar o porquê dele não ter me ouvido,) e de todos que já morreram e de todos que vão morrer. Nada tem importância, eu vivo na mais profunda solidão, pensando na morte e com medo do nada. A morte é. Está é a verdade espiritual mais profunda que eu já conheci, mais é um passo que eu omiti do meu caminho, até aqui. Dar a luz ao Vi não me poupou de vê-lo morto. A morte é. E Deus não me pourará da morte. Não poupará a minha mãe, não poupará os meus irmãos e com certeza não poupará a Amanda e o Neto. É minha raiva e revolta a esse respeito não altera a veracidade desse fato.
Sinto um ceticismo tão grande como raramente senti. Uma profunda falta de confiança no eu e na vida. O que me faz pensar que estou ligada a Deus? Será que a espiritualidade não passa de ilusão ou superstição e da minha vontade de que as coisas sejam como eu quero?
Sinto ondas de amargura e duvidas sobre tudo o que vivi sobre tudo o que acreditei até aqui. O que é? O que é? O que estou fazendo aqui? Talvez eu nunca venha á saber. O que me faz pensar que sei o que estou fazendo aqui? Não sei.
E, além disso, não preciso saber. Tudo o que posso fazer é seguir os meus instintos mais profundos, o mais profundo senso de orientação que tenho sobre o que devo fazer neste período de minha vida. Nada mais posso fazer.
Só agora compreendo os poetas e suas palavras sobre o vazio. Não um vazio qualquer, vazio, pedaço arrancado de mim, mutilação do meu corpo. Exercício de saudade, tornar de novo presente o passado que já se foi. Saudade é o revés de um parto, é a vontade de arrumar um quarto para o filho que já morreu. Acontece que depois da partida só fica a ferida, ferida que não se deseja curar. Pois ela traz de novo a memória, o belo que uma vez foi. Saber que cedo ou tarde tudo o que está presente ficará ausente. A tristeza testemunha que o mistério da despedida está gravado em nossa própria carne.
Como Cecília Meirelles disse de sua avó morta e eu nunca esqueci: Tudo em ti era uma ausência que se demorava uma despedida pronta a cumprir-se “
Que verdade! Você sempre viveu tão intensamente, tão apressadamente, tão sem tempo para o planejamento que eu devia ter adivinhado...
Pra que estudar mãe? Porque não posso fazer dois esportes ao mesmo tempo mãe? Eu quero aprender tudo agora! Como eu não adivinhei? Por que Deus não me deixou saber? Ele me mostra tanta coisa, não me mostrou que você ia longo? Quantos abraços eu deixei de te dar? Quantos beijos? Quantas vezes tive vontade de dizer eu te amo e não disse. Parece que as vezes que te beijei, que te abracei e te coloquei no colo e disse que te amo eu esqueci todas elas, só ficou a vontade desesperadora de fazê-lo mais e o enorme vazio de não ter feito.
O que eu vou fazer agora? Dá pra me dizer? Você sempre tinha uma resposta para tudo, meu Vi, me responde como nós, a Amanda o Neto e eu vamos continuar.
Já faz dez meses e nós ainda não sabemos a resposta...
Será que um dia vamos conseguir saber? Sentimos como se a vida nos tivesse levado um pedaço nosso sem nem ao menos pedir licença para isso. É desesperador...


publicado por araretamaumamulher às 04:34 | link do post | comentar | ver comentários (2) | favorito

Quarta-feira, 07.10.09
É óbvio que livrar-e dos bloqueios interiores é o segredo que falta para você atrair tudo o que quiser. Como saber se você precisa se livrar de alguma coisa agora? Se você esta fazendo essa pergunta, provavelmente é porque precisa. Mas apenas responda com sinceridade:
-Você tem um problema recorrente na sua vida?
-Você já tomou uma decisão na noite de Ano-Novo e deixou de cumpri-la?
-Você está se sentindo frustrado com métodos de auto-ajuda que não deram certo?
-Você está com dificuldades de agir para conseguir o que deseja?
-Você tem a impressão de que alguma coisa está sabotando o seu sucesso?
Se for totalmente sincero, saberá que existe pelo menos uma esfera em sua vida que parece praticamente impossível de ser corrigida.
Pode ser a esfera da perda de peso. Você já experimentou dietas e se exercitou, mas o seu peso não diminuiu ou você voltou a engordar rapidamente. Está se sentindo um amaldiçoado.
Pode ser os relacionamentos. Você já tentou namorar, experimentou sites de encontros on-line, quem sabe já teve relacionamentos ou talvez até tenha se casado, mas o amor não perdura. Sempre acontece alguma coisa que acaba com o romance.
Ou então as finanças. Você teve vários empregos, mas nenhum deles o deixou realizado. Você não consegue encontrar a sua vocação, por mais orientadores vocacionais que procure ou currículos que redija. Você tem a impressão de que o mundo não está ajudando a realizar seus sonhos. Você está sempre sem dinheiro, e luta para ficar em dia com as contas.
Pode ser a saúde. Talvez você sofra de uma dor de cabeça constante, ou de algo mais complicado, como câncer ou problemas musculares. Quem sabe uma alergia, uma tosse persistente ou asma. Independentemente do que seja você tem a impressão de que não consegue se curar porque parece destinado a ter essa doença.
Por trás de todos esses problemas de obstrução está o sentimento de ser uma vitima. Você acha que o problema é seu, mas a causa está em outro lugar. A culpa é do seu chefe, dos vizinhos, do presidente, do governo dos terroristas, da poluição, do aquecimento global, do seu DNA, da Receita Federal ou até mesmo de Deus.
Conheci muito bem esse sentimento de obstrução na minha vida quando estava casada, e era espancada, humilhada, traída, e explorada diariamente. Eu achava que o mundo estava querendo me pegar. Estava com raiva de todos – dos meus pais, do sistema, da sociedade, da minha família, e até de Deus. Eu não merecia a vida que levava. Lutar para sair de onde estava, foi uma experiência angustiante, frustrante, por muitas vezes. Certamente nada disso era culpa minha. Eu era uma ótima esposa, ótima mãe, fazia tudo direitinho. Eu merecia outra vida.
Eu tinha um problema recorrente e não achava que eu fosse a causa. Eu culpava as circunstâncias externas. É o que quase todos nós fazemos quando chegamos a um muro e não conseguimos contorná-lo. O problema não somos nós mesmos; é o muro. Podemos ser bem-sucedidos em todas as outras esferas da vida, mas quando nos aproximamos dessa área especifica, estamos presos e não conseguimos enxergar uma saída.
Quando eu era espancada, diariamente, precisei examinar as minhas convicções. Compreendi que a principal razão pela qual eu era infeliz e enfrentava tantas humilhações era o fato de que eu esperava que as coisas fossem assim. Percebi que eu estava moldando a minha vida pela de pessoas que sofreram muito, e que na minha infância eu achava isso lindo, sofrer! Para mim era tão romântico.
As suas crenças conscientes são o que você pensa que acredita. As suas crenças subconscientes e convicções mais profundas são o que você realmente acredita.
Vou explicar como isso funciona na pratica:
Durante nossos primeiros anos, instintivamente rechaçamos o lado negativo das inevitáveis dualidades da vida. Recuamos diante das dores e decepções da infância, e concluímos que determinadas partes de nós mesmos e/ou determinados tipos de sentimentos são inaceitáveis. Dessa forma, negamos partes da nossa experiência, limitando assim a idéia de quem somos e do que podemos manejar.
Depois de sofrer algumas decepções, tentamos afastar a dor futura, fazendo determinadas generalizações sobre a vida, extraindo conclusões baseadas na nossa experiência particular e em nossas interações com nossos pais.
Todos nós, inconscientemente impomos ao mundo exterior nossas idéias limitadas a respeito da maneira como achamos que a vida funciona e como esperamos ser tratados, em grande parte com base na maneira como fomos tratados pelos nossos pais na primeira infância. Na maioria das vezes, nossas expectativas são confirmadas pela experiência, pois a realidade criada interiormente é muito persuasiva. Tendemos a ignorar o que não se enquadra, e somos atraídos por tudo aquilo que se enquadra nas nossas pré-concepções. Além disso, nossas reações e comportamentos defensivos, criados para respaldar as expectativas, normalmente garantem o resultado esperado. Assim, nossa realidade limitada se torna auto-reforçadora, um circulo vicioso. Esperamos uma determinada resposta negativa da vida e nos comportamos de acordo com essa expectativa. Quando a resposta esperada se concretiza, ela reforça a nossa conclusão errada inicial.
Como nossa autolimitação foi criada por nós, normalmente como reação á dor e as limitações infantis impostas pelos pais e pela família, o processo de resgate de todos os nossos eus precisa passar pela volta á infância. Ao sentir as mágoas da infância, fortalecemos a capacidade adulta de acolher os opostos.
Amanhã tem mais.
Fiquem na luz e na paz.
Fátima Jacinto
Uma Mulher.


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