Terça-feira, 27.10.09
Sendo bem realista a minha vida sempre foi um rastejar e um encolhimento, no intuito de receber amor e aprovação dos outros.
Rastejei na minha infância para meus pais, irmãos, primos e tios e tias, não funcionou. Rastejei na minha adolescência, na casa da minha tia onde fui morar, rastejei para toda a minha família não funcionou.
Rastejei para o pai do meu primeiro filho, na verdade eu aceite toda a humilhação e calunia que me foi imposta em nome “do amor” também não funcionou. Voltei a rastejar para minha família e voltou a não funcionar. No meu relacionamento com meu ex-marido cheguei à apoteose: rastejei, me humilhei, me anulei, me tornei um nada. Queria que ele ao menos reconhecesse que eu era uma pessoa muito “boa”. Só consegui ouvi-lo dizer que eu o envergonhava que ele não tinha coragem de me levar em lugar nenhum porque eu era feia, gorda, e havia parado no tempo. Deixei de ir a te nas festas de escola dos meus filhos, eu não saia a não ser para trabalhar. Aceitei ele tendo relações sexuais dentro da minha casa com as empregadas. Na realidade eu nunca me senti dona da casa, nunca me senti digna de ter alguma coisa, de ser proprietária de algo, eu me sentia tão nada que era impossível nada ter algo.
Hoje quando olho para esse quadro com certo distanciamento, fico pensando como pude deixar as coisas chegarem nesse ponto. Eu não me senti digna de entrar na justiça para exigir os meus direitos, de pedir uma pensão digna para os meus filhos, eu não me senti digna de lutar para que ele não levasse os meus filhos. Eu jamais em tempo algum ousei dizer que tudo o que era dito sobre mim, era calunia. Eu simplesmente fiquei calada e aceitei, esperando que alguém viesse me salvar. “A justiça de Deus tarda mais não falha” Dizia minha mãe quando eu era pequena. Será que eu estava esperando essa justiça para me salvar.
Meu “altruísmo” não me deixava ver o quanto eu estava prejudicando os meus filhos. Hoje olhar para trás dói, dói muito mais sei que é preciso fazer, para limpar, ferida suja não cicatriza e eu quero que todas as minhas feridas sejam cicatrizadas, curadas.
Só hoje tenho consciência do tamanho do estrago que a minha apatia, causou em meus filhos. Naquela época eu não conseguia enxergá-los, nunca parei para ver o lado deles, os problemas que eu os estava causando, só conseguia ver o problema que eles estavam me causando. Eu achava que estava me sacrificando para eles, não levando o pai deles até a justiça, era um bem que eu estava fazendo a eles, afinal eu pensava, “é muito triste ver a mãe da gente levando o nosso pai para a cadeia”. Eu achava que um dia eles iam me agradecer porque eu estava me sacrificando para dar o melhor para eles.
Meu dente doía eu ia ao dentista e mandava arrancar, porque eu não tinha dinheiro para cuidar de mim.
Hoje vejo o quanto o meu “melhor” era terrível, para eles. Mesmo porque o meu melhor era uma fila de cobradores em nossa porta, era eu mentindo para conseguir dinheiro, eu deixando o pai levá-los para morar com ele, sem nunca lutar para que eles ficassem mesmo sabendo que nenhum deles gostava de ir morar com o pai, iam por pressão dele. Mas eu achava que estava fazendo o “melhor. Eu sendo humilhada na frente deles, nós sendo despejados, ficando sem luz ou sem água por falta de pagamento. Isso era o “meu melhor” para os meus filhos. Isso era a “minha bondade para com eles.”
Eu os deixando com um sentimento de culpa por que eu fazia tudo o que podia por eles, mais nada dava certo para mim. Eu me “sacrificava”
Não entendia porque as pessoas mesmo vendo eu com três filhos sozinha, dando o maior duro, não tinham pena de mim. Será que elas não viam o meu sacrifício?
Eu viva para os meus filhos, não namorava, não saia de casa a não ser para trabalhar, eu vivia para os meus filhos, não tinha vida social. Com esse comportamento insano destruí amizades, destruí a minha vida e á vida dos meus filhos.
A dor que sinto em saber que o meu egoísmo, a minha cegueira emocional, destruiu a minha vida e a vida das pessoas que mais amo, principalmente em saber que no caso do Vi não terei mais como consertar, mesmo sabendo que não agi em minha consciência, que não fiz nada sabendo o que realmente estava fazendo, é desesperador, saber que eu fiz.
Sempre fui tão “bondosa” que as pessoas se aproveitavam de mim, nunca cobrei o que valia pelo meu trabalho, mas devido a isso eu achava que todo mundo tinha obrigação de me “ajudar” quando eu precisava, e vamos ser sinceros, alguém que vivia como eu sempre estou precisando de “ajuda”. Sempre pensei que os meus erros não podiam ser contados, que os outros não podiam contar os meus erros e fracassos, porque não era culpa minha, eu era tão “boa”, tão “trabalhadeira” tão “indefesa”, não conseguia entender porque os outros não tinham pena de mim. Porque eu tinha pena dos outros, eu fazia tudo o que estava ao meu alcance para “ajudar”, ou melhor, eu prometia, mesmo sabendo que não tinha a menor condição de cumprir. Não podia ver alguém com algum problema, que lá ia eu, “ajudar”...
Descobrir que eu só criava dor e desilusão foi um passo enorme na minha cura, mas tenho que confessar que talvez tenha sido o mais difícil de todos eles.
Sempre achei que me anulando eu estava deixando as pessoas livres, só agora consigo ver que na verdade eu as estava rejeitando e as ferindo. Na verdade eu não achava que alguém além de mim mesma pudesse ser ferida neste mundo. Que alguém além de mim, pudesse ser vulnerável, pudesse sofrer. Sempre me senti como sendo a mais sofredora, a mais injustiçada, nunca entendi porque as pessoas me evitavam, já que eu era uma pessoa tão boa, tão calma, tão amável, tão desprendida, porque não tinha amigos, porque todos me rejeitavam?
Tudo isso eu fiz, e agora me permito desfazer, eu vi tudo isso e agora me permito limpar, tudo isso da minha vida.
Permito-me honrar, e cuidar de mim, em primeiro lugar, e dos meus filhos. E isso que quero com todo o meu coração.
Permito-me olhar para o outro e me ver nele, saber que existe pessoas que como eu, se encontram em situações absurdas, e que existe milhares e centenas de milhares que ainda estão nessa situação, e que precisam de uma mão para sair dela. Eu ofereço a minha mão, estou pronta para servir, de apoio ao outro.
Fique na paz e na luz.
Fátima Jacinto
Uma Mulher.


publicado por araretamaumamulher às 10:48 | link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

Sexta-feira, 23.10.09
Sinto que tenho um caminho a seguir, o de descobrir o porquê de tudo isso. O fato de sempre me sentir, por baixo, de nunca ter tido nenhuma auto-estima, de sentir uma vergonha enorme de quem eu realmente sou, de me achar sempre uma fraude, me levou a ter uma máscara de orgulho exarcebada, e a me esconder de tudo e de todos. Na realidade hoje sei que eu tinha medo das pessoas. Por isso sempre me escondi, não podia contar com ninguém, e foi isso que me levou a andar em círculos obstinadamente, cometendo os mesmos erros, porque assim eu pensava que ninguém nunca saberia quem eu realmente era. Quem será que eu realmente era? Eu hoje não sei quem eu sou então como explicar o medo que eu tinha de quem eu era?
Tenho pensado muito e me recordado da minha infância. O meu maior problema sempre foi o dinheiro. Meu pai era uma pessoa compulsiva e nunca soube lidar com dinheiro, ele e minha mãe iam gastando e quando acabava eles vendiam mais alguma coisa, quando acabou tudo o que tínhamos , eles começaram a pedir dinheiro emprestado, para a família. Meu pai chegou a vender uma parte da herança da minha tia.
Quando a situação ficou insustentável fomos morar na casa da minha avó, ela acabou tendo que comprar outra casa para ela, porque não conseguia conviver com o sadismo do meu pai. Meus tios sempre tiveram que nos ajudar, mas era uma ajuda que vinha sempre com muita humilhação, com ironia, e que aumentava ainda mais o nosso complexo de inferioridade, e nosso sentimento de culpa.
Mas isso nunca preocupou os meus pais, tanto não os preocupou, que até hoje minha mãe mora na casa que era da minha avó, hoje ela mora lá por opção, e nunca teve a menor preocupação em preservar a casa.
Agora que consigo ver melhor toda a situação, vejo que tenho repetido esse padrão, em minha vida. Talvez os cenários sejam outros, mas o padrão de nunca ter dinheiro, de está sempre precisando da “ajuda” de outros, de não saber lidar com o lado financeiro da minha vida. E principalmente de ficar sempre em situação de exposição, para receber uma humilhação por causa disso. Parece que procuro uma forma de ser humilhada.
E sempre dentro de mim ficava a certeza de que se as pessoas quisessem podiam me perdoar, ou esquecer a minha divida. Ou seja, eu queria que cuidassem de mim, que alguém tomasse em suas mãos a responsabilidade por minhas finanças.
Mas ao mesmo tempo tinha um sentimento de culpa, um medo, de ser cobrada, de ser humilhada. Do que as pessoas iam falar quando soubessem que eu não tinha o dinheiro. Esse era um padrão que eu tinha, então fica obvio que eu já sabia, ou melhor, estava procurando, uma forma de ser humilhada, de ouvir algumas poucas e boas. Eu levava isso até a situação se tornar insustentável.
Hoje sei que essa era uma das formas que tinha de ser filha dos meus pais, de está próxima a eles.
Meus pais nunca assumiram nenhuma responsabilidade, e eu também não, eles nunca se permitiram nenhum tipo de prazer a não ser a comida, e eu também agia assim.
Nunca me permiti ser feliz, nunca me achei digna de ser amada, de ser respeitada. O dinheiro sempre foi algo muito desejado em minha vida, e ao mesmo tempo tinha um sentimento de culpa, uma urgência em deixá-lo, porque o dinheiro é “sujo” e “só os pobres herdaram o céu”.
Sempre apanhei muito, da minha mãe, e meu pai nos colocava de joelhos para rezar o terço, em cima de grãos de milho e de braços abertos. Carreguei comigo o padrão de que eu merecia ser espancada, que eu não era boa, era porca relaxada, preguiçosa, vagabunda e merecia todo o tipo de “castigo”. Tudo o que acontecia ao meu redor, eu me sentia culpada, e isso me levava a sempre tentar “consertar as coisas”, quando não conseguia, eu mentia porque não suportava a culpa de ver os outros sofrendo “por minha causa”.
Não conseguia entender que era eu que causava o sofrimento dos “outros” com minha mentira. Tentado ser “boazinha”, na verdade tentando desesperadamente ser vista, ser ouvida, que alguém no mundo me enxergasse. Eu queria ser necessária para alguém.
Não me sentia necessária nem para os meus filhos.
Conclui daí que toda a minha vida havia sido até aquele momento um constante recriar da minha infância. Tudo o que eu fazia tudo o que eu falava, tudo o que eu viva, era com o intuito de reviver a dor que sofri na minha infância, e talvez assim entender o motivo de tanta dor ser imposta a uma criança.

Fique na luz e na paz
Fátima Jacinto
Uma Mulher.


publicado por araretamaumamulher às 18:53 | link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

Domingo, 18.10.09
Já falei um bocado sobre o modo como a mente se apega por meio de crenças, expectativas, e interpretações. E preciso toda uma vida para construir essas respostas condicionadas, mas desmantelá-las ocorre passo a passo. O presente é o momento certo para começar. Quando você se encontra em uma situação que está certa do desastre, perda magoa ou qualquer outro resultado negativo, lembre-se que para construir uma nova realidade, você precisa de novas estruturas mentais. As situações a que seu ego resiste com toda a força são precisamente aquelas que precisam ser abraçadas porque do ponto de vista espiritual, qualquer coisa que desmantele suas construções mentais limitadoras é benéfica. Você precisa romper com conhecido para permitir que o desconhecido entre.
As emoções são mais teimosas do que os pensamentos. A cola que apega você as suas velhas crenças e expectativas é a emoção. Sempre que você diz a si mesmo que não pode renunciar, está fazendo uma afirmação emocional. Na verdade você pode renunciar a qualquer situação em qualquer momento. “Eu não posso”, na verdade significa: “eu temo as conseqüências emocionais se o fizer” seu ego traça uma linha na areia e insiste em que você não vai sobreviver aos sofrimentos internos que surgirão caso a linha seja cruzada.
Vou dar um exemplo bem pratico: Meu casamento começou a ficar violento no terceiro ano, mais eu ainda persisti nele, durante mais nove anos, tive mais dois filhos nesse meio tempo. E fiz todo o possível, para jamais ter que sair dele. Eu temia o julgamento da sociedade, da minha família, e até do meu ex marido. Eu temia que o sofrimento que eu iria enfrentar fosse ainda maior do que o que estava vivendo. Eu não me imaginava vivendo de outra forma, que não fosse aquela. Eu me sentia merecedora, de tudo o que estava passando. É obvio que grande parte desse processo não é normalmente consciente. Mas a parte que você fica pensando no que vão dizer sobre a atitude que você vai tomar, é um processo bem consciente em todos nós, com certeza. Agora me diz: quem vai apanhar para você? Quem vai levar um prato de comida para os seus filhos? Quem vai limpar suas feridas tanto físicas como emocionais? Eu não encontrei ninguém, ao menos ninguém dos que eu me preocupava de como iriam me julgar.
Então tenho que reconhecer que uma poderosa limitação esta sendo auto-imposta por mim, nessa situação, e no fundo não é verdadeira.
Você vai sobreviver a qualquer emoção, seja ela o que quer que você acredite que seja medo demais, perda demais, humilhação demais, desaprovação demais, rejeição demais, já aconteceu. Você cruzou a linha muitas vezes, senão não saberia onde traçá-la. O seu ego está realmente dizendo é que você não quer cruzar a linha novamente. Do ponto de vista do espírito, porém, você não precisa fazê-lo.
Existe uma lei no inconsciente que faz com que o que você evita sempre volte, e quanto mais você o evita, mais forte é o retorno. As pessoas que juram que nunca mais vão sentir tanto medo, tanta raiva, tão arrasadas novamente, estão apenas se preparando para o retorno do medo, da raiva e da tristeza. A recusa de encarar esse fato cria muito sofrimento desnecessário.
Em vez de resistir a qualquer emoção, a melhor maneira de dispersa-la é entrar nela completamente, abraçá-la, e ver através de sua resistência.
Emoções dolorosas não retornam por motivos externos. Retornam porque fazem parte de você, você as criou antes de afastá-las. Cada emoção que você experimenta é sua.
Todos nós cometemos o erro de acreditar que alguma coisa “lá fora” nos deixa com medo, zangados, deprimidos, ansiosos e assim por diante. Na verdade os eventos “lá fora” são apenas estopins. A causa de toda emoção esta “aqui dentro”, o que significa que o trabalho interior pode curá-la.
Decidir á realizar o trabalho interior é o primeiro e mais importante passo. Mesmo depois de anos de cura emocional, haverá momentos em que você estará certo de que alguém é responsável por fazer com que você se sinta de uma determinada maneira.
A dedicação ao trabalho interior significa recusar-se a aceitar essa perspectiva, por maior que seja sua intensidade e freqüência.
Espiritualmente, você é o criador da sua realidade. Você e o interprete, o vidente, aquele que toma as decisões, aquele que escolhe o cenário e o enredo. Quando você descobrir que está sendo dominado por uma emoção negativa, tente em primeiro lugar liberá-la fisicamente, já que os efeitos corporais são metade ou mais daquilo que você está sentindo. Sempre que você vir que está traçando uma linha na areia pare de fazê-lo. Resistir só torna as coisas piores. Deixe a emoção aumentar. Libere-a através do choro, soltando gritos, perdendo as estribeiras, tremendo de medo, faça o que for necessário. As emoções vêm e vão.
Perceba que cada uma delas possui seu próprio ritmo, e permita-se fazer parte desse ritmo. A melhor maneira de não morrer afogado, é flutuar junto à onda.
À medida que você for dominando a arte da renuncia, com paciência, dedicação e amor, a sua realidade vai mudar. Ela não tem escolha.
As coisas “lá fora” sempre são espelhos do que está acontecendo “aqui dentro”. Vivendo o processo da renuncia, você perde muitas coisas do passado, mas encontra a si mesmo.
Não vai ser uma personalidade feita de crenças, expectativas e interpretações, pois essas coisas vêm e vão. Será uma personalidade permanente, enraizada na consciência e na criatividade. Uma vez que você tenha captado isso terá captado o mundo.
Não existem milagres em transformações humanas, é tudo muito lento, tudo no mesmo ritmo da vida, do pulsar do universo. Temos que aprender que transformações milagrosas, normalmente terminam milagrosamente também. O mais sábio é darmos tempo ao tempo, é sermos gentis e pacientes para conosco. E não desistirmos, se eu tivesse desistido, hoje não tenho duvidas já teria sido assassinada, ou estaria em um manicômio, apesar de existir tão pouco deles ultimamente.
Outra coisa que temos que ter em mente, é que quando assumimos nossa responsabilidade, não estamos nos fazendo culpados de nada. Não existe culpa, apenas responsável com certeza dá um medo danado sermos responsáveis, mais dá mais medo ainda entregar a responsabilidade nossas vidas a outro... Pense nisso...
Fique na Luz e na Paz
Fátima Jacinto
Uma Mulher.


publicado por araretamaumamulher às 14:44 | link do post | comentar | favorito

Sábado, 17.10.09
“A doença emocional de uma pessoa significa sempre, de uma forma ou outra, que foi criado um eu - máscara. A pessoa não percebe que está vivendo uma mentira. Ela construiu uma camada de irrealidade que nada tem a ver com eu ser real; assim, ela não é fiel á sua verdadeira personalidade. Ser fiel a si mesmo não quer dizer que você deva ceder ao seu inferior, e sim que deve estar ciente dele... Por baixo das camadas do eu inferior vive o Eu Superior, a realidade última e absoluta que você algum dia alcançará.
E para alcançá-la, é preciso em primeiro lugar encarar o eu inferior, a sua realidade temporária, em vez de encobri-la, porque isso resulta em impor uma distância ainda maior entre você e a realidade absoluta, ou Eu superior. “Para encarar o Eu superior, você precisa destruir as falsas aparências do eu - máscara.” Palestra do Guia Patchwork n14
O eu - máscara é a camada exterior da personalidade, o eu com o qual nos identificamos superficialmente, a face que mostramos ao mundo. É o eu que achamos que deveríamos ser, ou que gostaríamos de ser, com base em imagens mentais idealizadas. É uma identidade forçada que reprime enormes partes da personalidade. A falsa aparência da máscara nos aparta da realidade de tudo o que somos o tempo todo.
Todos nós somos fisicamente feridos na infância; fomos vistos e amados imperfeitamente. A máscara é o eu que construímos para esconder a criança vulnerável e ferida que fomos um dia. Ao colocar um falso eu entre os outros e a nossa vulnerabilidade interior, procuramos impedir o contato próximo demais com os outros, que poderia nos expor outra vez á possibilidade de sermos feridos, como na infância. É o nosso modo de tentar controlar a vida.
Criada como reação à dor e á rejeição, a máscara se destina a tentar agradar, afastar ou controlar outras pessoas. Quando estamos no eu-máscara, nossa atenção se volta para a forma como vamos reagir aos outros, e assim cortamos a ligação com a fonte interior. O eu - máscara nos separa da energia do eu real e espontâneo, tanto negativo como positivo. Quando estamos no eu - mascara, culpamos os outros pelas nossas desgraças, em vez de assumirmos a responsabilidade pelo que sentimos. Assim a máscara produz a crença na nossa vitimização, o falso conceito de que outra pessoas é responsável pela nossa felicidade ou infelicidade.
Por baixo da máscara está o eu - inferior – a fonte de negatividade e destrutividade dentro de nós. Nossa negatividade é a verdadeira causa da nossa infelicidade. O eu inferior normalmente é inconsciente, no todo ou em parte, porque é difícil admitir a negatividade. Na infância, fizeram-nos sentir vergonha do eu inferior, e tínhamos medo de que a honestidade sobre os sentimentos negativos provocasse a rejeição por parte dos nossos pais. Dessa forma, encobrimos esses sentimentos com uma máscara que, conforme esperávamos, seria a garantia de receber amor.
A máscara tem certa semelhança com o fariseu da época de Cristo - uma exibição de falsa bondade, poder ou respeitabilidade. Cristo sentia uma atração muito melhor pelos pecadores, em quem percebia a autenticidade. As imperfeições deles não eram nem negadas nem justificadas; seus defeitos e sua dor eram muito mais visíveis e, assim seu coração era mais acessível. Cristo sabia que é preciso reconhecer o eu inferior, ou o pecador, antes de ser possível transformar seu potencial criativo. Nosso Eu - superior, nossa consciência de Cristo, também aprenderá a acolher o “pecador” interior, depois de tirar a máscara hipócrita do fariseu.
A máscara tem raízes no dilema da dualidade humana. Toda vida humana contém dor e prazer, decepção e satisfação, infelicidade e felicidade. Como bebês e crianças, éramos extremamente vulneráveis á experiência da decepção, da rejeição e da incompreensão – verdadeira ou imaginária. Procurar meios de escapar dessas dores e proteger-se contra futuras mágoas é uma reação humana instintiva.
A experiência mais dolorosa para a criança é ser rejeitada pelos pais ou ser invisível para eles. Pode ser uma rejeição especifica e dura, ou uma atitude prolongada e persistente de não amar e não ver os filhos. Também pode ser apenas um castigo, um distanciamento temporário. Pode ainda ser uma situação que, na realidade, pouco ou nada tem a ver com a criança como o divorcio, por exemplo. Mas a criança sempre se culpa pela rejeição, punição ou retraimento dos pais. Ela presume que o genitor “vai embora” devido á “maldade” dela. A criança, então, tenta desesperadamente negar ou reprimir qualquer coisa nela que pareça ter contribuído para a recusa do amor ou da preocupação dos pais.
A criança leva mais longe essa falsa concepção de que a aprovação dos pais é crucial para a sua sobrevivência. Assim, ela acaba acreditando que é mais seguro negar tudo aquilo que existe nela e que pareça provocar a rejeição e desaprovação dos pais. A criança, então assume o papel que, segundo espera, lhe trará a desejada aprovação ou, pelo menos, a invulnerabilidade. “A auto-imagem idealizada passa dessa forma a ser a pseudo-solução do problema da suposta ‘maldade”.
Nenhum adulto, e, por conseguinte nenhum pai é capaz de amor perfeito. Portanto, sempre existe um fundo de verdade no sentimento de rejeição da criança. Mas a infelicidade e a falta de segurança e auto-estima que a criança sente nunca pode ser medida objetivamente. O que uma personalidade pode agüentar muito bem na relação com os pais pode ser arrasador para outro temperamento.
A imagem é uma falsa conclusão ou generalização sobre a vida. A auto-imagem idealizada (ou mascara) é uma falsa fachada ou tentativa de mostrar um quadro genérico perfeito do que achamos que deveríamos ser. Tanto a mascara como as imagens são decorrentes da tentativa de evitar, no futuro, determinadas mágoas reais e especificas do passado. Assim os sentimentos do presente, e as pessoas e circunstancias reais do presente, são substituídas por um retrato genérico e irreal da realidade, derivado das conclusões ou generalizações baseadas no passado Quando estamos presos as imagens vivemos as idéias sobre o passado, e não a realidade do presente.


publicado por araretamaumamulher às 17:31 | link do post | comentar | ver comentários (4) | favorito

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