Domingo, 03.01.10
Ontem fizemos um perfil do agressor, hoje faremos um perfil da vitima de violência doméstica e familiar.
Os diferentes estudos sobre as mulheres vítimas de maus-tratos afirmam que não existe um perfil determinado de vítima e de agressor. Porém, as conclusões extraídas das diversas pesquisas analisadas mostram alguns padrões comportamentais que se exteriorizam freqüentemente nos casos de violência doméstica.
São eles: violência se manifesta de maneira reiterada, sendo um padrão de conduta continuado; os agressores são geralmente homens, maridos, ex-maridos, companheiros ou ex-companheiros das vítimas; os indivíduos que foram vítimas de maus-tratos na infância reproduzem estas condutas, e, por isso, têm mais possibilidades de serem agressores, agredindo sua própria companheira; as agressões sofridas não são conhecidas até transcorrer um longo período de tempo; o crime doméstico se manifesta como violência física,psicológica, sexual, patrimonial ou moral; às vítimas possuem baixa auto-estima e vários problemas de saúde, na maioria dos casos, as mulheres são chantageadas por seus maridos e freqüentemente cedem às pressões, sentindo-se incapaz de agir; às vítimas vivem em estado de pânico e temor. Precisam de ajuda externa para assumir seu problema e encontrar soluções alternativas .
A violência traz conseqüências gravíssimas para as vítimas, que vão muito além de traumas óbvios das agressões físicas. A violência conjugal tem sido associada com o aumento de diversos problemas de saúde como baixo peso dos filhos ao nascer, queixas ginecológicas, depressão, suicídio, entre outras .
No Brasil, como em vários outros países, a delimitação dos prejuízos psicológicos decorrentes de situações traumáticas é a matéria recente, e, portanto, não está claramente especificada na legislação. O que gera o dano psíquico é a ameaça à própria vida ou à integridade psicológica, uma lesão física grave, a percepção do dano com internacional, a perda violenta de um ente querido e a exposição ao sofrimento de outros, ainda que não seja próxima afetivamente .
Dentre as mais diversas pesquisas sobre as vítimas da violência doméstica e familiar quanto à caracterização da vítima percebe-se que:
a) a maioria das mulheres tem uma união consensual (57%);
b) 65% delas tem filhos com este parceiro;
c) cerca de 40% são do lar e 60% trabalham fora;
d) sua idade varia de 15 a 60 anos, mas a maioria é jovem (21 e 35 anos – 65%);
e)são brancas.
Em 88% dos casos em que essas agressões foram presenciadas pelos filhos, em 6% não presenciaram e 6% não souberam responder .
Estudos Brasileiros salientam, com maior ênfase, a baixa renda das mulheres vítimas de violência doméstica. Relatam que a renda familiar predominante é entre um a três salários – mínimos (42,6%), seguida pela faixa dos quatro a seis salários (36,1%) e uma categoria de 39,3% que não exercia atividades remuneradas .
As pesquisas também demonstraram que a mulher que trabalha fora de casa é mais consciente da situação. Isto porque o exercício de atividade profissional assegura-lhe independência econômica, encorajando-a a reagir e buscar soluções para o seu problema. As estatísticas da violência doméstica nas grandes cidades coincidem com as do interior do país. Está provado que a violência doméstica é um fenômeno global, presente tanto nos países desenvolvidos, como nos subdesenvolvidos e nos que estão em desenvolvimento. O caso brasileiro está correlacionado à pobreza, baixa escolaridade e dependência econômica das mulheres. Os homens aparecem como maiores agressores. Além disso, o preconceito e a discriminação estão na origem da violência contra a mulher. Muitas mulheres sentem-se envergonhadas de admitir, mesmo para amigos, que um membro de sua família (na maioria dos casos o companheiro) pratica violência, e em assim sendo, não o denunciam.
Os direitos humanos são os direitos e liberdades básicos de todos os seres humanos. Normalmente o conceito de direitos humanos tem a idéia também de pensamento e de expressão, e a igualdade perante a lei.
A expressão Direitos Humanos já diz, claramente, o que isto significa. Direitos Humanos são os direitos do homem, ou seja, são direitos que visam resguardar os valores mais preciosos da pessoa humana, direitos que visam resguardar a solidariedade, a igualdade, a fraternidade, a liberdade, e a dignidade da pessoa humana. No entanto, apesar de facilmente identificado, a construção de um conceito que o defina, não é uma tarefa fácil, em razão da amplitude do tema. Segundo alguns autores, os direitos humanos seriam como uma das previsões absolutamente necessárias a todas as Constituições, no sentido de consagrar o respeito à dignidade humana, garantir a limitação de poder e visar o pleno desenvolvimento da personalidade humana", ou ainda, direitos humanos seriam uma idéia política com base moral e estão intimamente relacionados com os conceitos de justiça, igualdade e democracia. Eles são uma expressão do relacionamento que deveria prevalecer entre os membros de uma sociedade e entre indivíduos e Estados. Os Direitos Humanos devem ser reconhecidos em qualquer Estado, grande ou pequeno, pobre ou rico, independentemente do sistema social e econômico que essa nação adota. "
Assim como no Direito Brasileiro existe a proteção dos direitos humanos, há também no Direito Internacional esta proteção, sendo recente na história contemporânea. Surgiu no Pós – Guerra como resposta às atrocidades cometidas durante o nazismo . É naquele cenário que se desenvolve o esforço de reconstrução dos direitos humanos como paradigma e referencial ético a orientar a ordem internacional contemporânea.
Os direitos humanos fundamentais visam a resguardar os valores mais preciosos da pessoa humana, ou seja, a vida, a igualdade, a liberdade e a dignidade humana.
A atual Constituição da República Federativa do Brasil conferiu dignidade e proteção especiais aos direitos fundamentais, sendo considerada um verdadeiro marco histórico nesta seara. As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata, conforme o artigo 5º, § 1º , permitindo inclusive a conclusão de que os direitos fundamentais estão protegidos não apenas diante do legislador ordinário, mas também contra o poder constituinte reformador, por integrarem o rol das denominadas cláusulas de irredutibilidade ou mínimas.
O artigo 5º, § 2º, estabelece que os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ele adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. Essa norma possibilita que outros direitos, ainda não expressamente previstos na Constituição, sejam considerados direitos fundamentais, este que pode ser entendido como o conjunto de direitos e garantias do ser humano que tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio de proteção contra o arbítrio do poder estatal e o estabelecimento de condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade humana .
Dignidade da Pessoa Humana e Violência Doméstica.
Os Direitos Fundamentais e a dignidade da pessoa humana são conceitos correlativos e interdependentes, seja no âmbito do direito público, seja no âmbito do direito privado, onde o ser humano é o grande protagonista das sociedades organizadas e o reconhecimento e proteção a sua dignidade são considerados a grande meta das nações democráticas. A idéia de dignidade está na origem de todos os direitos fundamentais que se sucederam a partir da Revolução Francesa. Mesmo hoje em dia é ela que dá o substrato necessário à concretização dos direitos de liberdade, igualdade e solidariedade, pois está subjacente a todas as normas que integram o catálogo de direitos fundamentais da Constituição Brasileira .
Atualmente, coexistem dois sistemas internacionais de proteção dos direitos humanos, o sistema universal, de que fazem parte os Estados integrantes das Nações Unidas - ONU e o sistema regional em que são associados vários países. São eles: o sistema Europeu (No Conselho da Europa), o sistema americano ( na Organização dos Estados Americanos – OEA), o sistema africano ( na Organização para a Unidade Africana) e o sistema árabe ( na Liga dos Estados Árabes). Somente os países asiáticos encontram-se desprovidos de uma convenção regional de direitos humanos. Tais sistemas agrupam países que se relacionam entre si política, econômica e culturalmente ou que compartilham uma mesma declaração de princípios. Cada sistema é autônomo em relação aos demais, embora se estruturem, com base nos princípios instituídos pela Declaração Universal e pelos Pactos Internacionais das Nações Unidas.
A violência doméstica praticada contra a mulher é um concreto exemplo de violação da dignidade da pessoa humana e dos direitos fundamentais. Tão verdade é, que a recente lei 11.340 de 07/08/2006 (Lei Maria da Penha), teve de se adequar aos documentos internacionais de proteção aos direitos das mulheres, em seu artigo 6º, onde afirma taxativamente que “a violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos humanos”.
Provadas empiricamente a situação de hipossuficiência e discriminação sofrida pelas mulheres em vários países do mundo, foi necessário a elaboração de um sistema especial de proteção dos seus direitos humanos, através de convenções e pactos internacionais. São eles: A Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a mulher; a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, a chamada “Convenção de Belém do Pará”; a Declaração e Plataforma de Ação da IV Conferência Mundial da Mulher “Beijing”, que constituem alguns dos mais relevantes instrumentos voltados à proteção dos direitos humanos da mulher na ordem jurídica internacional.
Sexta-feira, 01.01.10
A violência doméstica é um tema bastante atualizado e instigante que atinge milhares de mulheres e crianças, adolescentes e idosos em todo o mundo, decorrente da desigualdade nas relações de poder entre homens e mulheres, assim como, a discriminação de gênero ainda presente tanto na sociedade como na família; Porém, sabe-se que esta questão não é recente, estando presente em todas as fases da história, mas apenas recentemente no século XIX, com a constitucionalização dos direitos humanos a violência passou a ser estudada com maior profundidade e apontada por diversos setores representativos da sociedade, tornando-se assim, um problema central para a humanidade, bem como, um grande desafio discutido e estudado por várias áreas do conhecimento enfrentado pela sociedade contemporânea. No Brasil, este tema ganhou maior relevância com a entrada em vigor da Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006, também conhecida como “Lei Maria da Penha”, uma merecida homenagem a mulher que se tornou símbolo de resistência a sucessivas agressões de seu ex- esposo.
Diante de toda repercussão alcançada, principalmente pela mídia, surgiram muitos comentários equívocos, criando-se, algumas vezes, falsas expectativas, como se, a partir da criação de uma lei exclusiva para tratar do tema, fosse inverter, de uma hora para a outra, uma rota histórica da violência. Basicamente por ser a violência resultante de uma arraigada cultura machista e discriminatória, que subjuga as mulheres, este problema não se resolve de imediato, num simples passe de mágica pelo poder da lei.
Com base no importante peso do instrumento legal, ainda assim, dentro do ponto de vista técnico, é preciso averiguar e analisar a lei à luz dos princípios constitucionais, penais e processuais penais, para se apurar até que ponto o Estado tem legitimidade para intervir coercitivamente na liberdade dos cidadãos.
Fato é que a violência doméstica e familiar é uma questão histórica e cultural anunciada, que ainda hoje infelizmente faz parte da realidade de muitas mulheres nos lares brasileiros. Com a entrada em vigor da Lei Maria da Penha, que cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra as mulheres almeja-se que essa realidade mude e a mulher passe a ter instrumentos legais inibitórios, para que não mais seja vítima de discriminação, violência e ofensas dos mais variados tipos.
Vale ressaltar que para chegar ao ponto principal (violência doméstica) é necessário abordar a chamada “violência de gênero”, examinando sua origem, características, formas de manifestação e os possíveis fatores causadores dessa violência. Segundo Edison Miguel:
A violência baseada no gênero é aquela decorrente das relações entre mulheres e homens, e geralmente é praticada pelo homem contra a mulher, mas pode ser também da mulher contra mulher ou do homem contra homem. Sua característica fundamental está nas relações de gênero onde o masculino e o feminino, são culturalmente construídos e determinam genericamente a violência .
A violência doméstica não é marcada apenas pela violência física, mas também pela violência psicológica, sexual, patrimonial, moral dentre outras, que em nosso país atinge grande número de mulheres, as quais vivem estes tipos de agressões no âmbito familiar, ou seja, a casa, espaço da família, onde deveria ser “o porto seguro” considerado como lugar de proteção, passa a ser um local de risco para mulheres e crianças.
O alto índice de conflitos domésticos já detonou o mito de “lar doce lar”. As expressões mais terríveis da violência contra mulher estão localizadas em suas próprias casas onde já foi um espaço seguro com proteção e abrigo.
A cada ano que passa, a violência reduz a vida de milhares de pessoas em todo o mundo e com isso, prejudica a vida de muitas outras. Ela não tem noção de fronteiras geográficas, raça, idade ou renda, atingindo assim, crianças, jovens, mulheres e idosos. A cada ano é responsável pela morte de milhares de pessoas em todo o mundo. Para cada pessoa que morre devido à violência, muitas outras são feridas ou sofrem devido a vários problemas físicos, sexuais, reprodutivos e mentais.
Neste primeiro item tem-se como ponto de partida a controvérsia, a complexidade da locução violência. Essa polêmica tem dado causa a muitas teorias sociológicas, antropológicas, psicológicas e jurídicas, por isso, a imensa dificuldade de um tratamento científico do tema.
O vocábulo violência é composto pelo prefixo vis, que significa força em latim. Lembra idéias de vigor, potência e impulso. A etimologia da palavra violência, porém, mais do que uma simples força, a violência pode ser compreendida como o próprio abuso da força. Violência vem do latim violentia, que significa caráter violento ou bravio. O verbo violare, significa tratar com violência, profanar, transgredir. Segundo Stela Valéria:
Estes termos devem ser referidos a vis, que mais profundamente, significa dizer a força em ação, o recurso de um corpo para exercer a sua força e, portanto, a potência, valor, a força vital .
É um ato de brutalidade, abuso, constrangimento, desrespeito, discriminação, impedimento, imposição, invasão, ofensa, proibição, sevícia, agressão física, psíquica, moral ou patrimonial contra alguém e caracteriza relações intersubjetivas e sociais definidas pela ofensa e intimidação pelo medo e terror. Segundo o dicionário Aurélio violência seria ato violento, qualidade de violento ou até mesmo ato de violentar. Do ponto de vista pragmático pode-se afirmar que a violência consiste em ações de indivíduos, grupos, classes, nações que ocasionam a morte de outros seres humanos ou que afetam sua integridade moral, física, mental ou espiritual. Em assim sendo, é mais interessante falar de violências, pois se trata de uma realidade plural, diferenciada, cujas especificidades necessitam ser conhecidas.
Vale ressaltar que a violência ocorre em vários contextos e áreas, como por exemplo, tanto no âmbito público quanto no âmbito privado. Segundo a OMS - Organização Mundial de Saúde -, a violência pode ser classificada em três modalidades:
-Violência inter-pessoal – este tipo de violência pode ser física ou psicológica, ocorrer tanto no espaço público como no privado. São vítimas crianças, jovens, adultos e idosos. Neste tipo de violência destaca-se a violência entre os jovens e a violência doméstica; violência contra si mesmo - é aquela em que a própria pessoa se violenta, causando a si mesmo lesões; violência coletiva - em suas diversas formas, recebe uma grande atenção pública, pois, há conflitos violentos entre nações e grupos, terrorismo de Estado ou de grupos, estupro como arma de guerra, guerras de gangues, em que ocorre em toda a parte do mundo; violência urbana - é aquela cometida nas cidades, seja em razão da prática de crimes eventuais, seja pelo crime organizado. É um problema que aflige vários países mundo afora.
Alguns cientistas sociais acreditam que a violência é própria da essência humana (do estado de natureza). Enquanto fenômeno estritamente humano, a violência não pode ser percebida fora de um determinado quadro histórico - cultural. Assim como as normas de conduta variam do ponto de vista cultural e histórico a depender do grupo que está sendo analisado, atos considerados violentos por determinadas culturas não são assim percebidos por outras, como por exemplo, as ablações do clitóris das crianças ocorrem diariamente em alguns países de religião islâmica, e são consideradas práticas normais pela maioria da população mulçumana, além de não serem criminalizadas, diferentemente da população ocidental, em que tem - se atos de violência e graves violações aos direitos humanos. Durante muito tempo, os castigos físicos infligidos a crianças e negros foram considerados normais. Assim, também ocorria a violência contra a mulher, que era considerada, até recentemente, como corriqueira e natural nas relações familiares em virtude do poder que o homem detinha sobre a mulher em face do pátrio poder e do casamento.
Pode-se afirmar que a conseqüência imediata disto, é que a violência é percebida de forma heterogênea e multifacetada, a partir da própria estrutura simbólica vigente na sociedade. Pode-se verificar também que a percepção contemporânea da violência foi ampliada não apenas do ponto de vista de sua intensidade, mas igualmente na perspectiva de sua própria extensão conceitual.
Convém então, dizer que as noções de violento e violência estão relacionadas à maldade humana, ou ao uso da força contra o fraco, o pobre ou o destituído. Nesse âmbito, o pobre, o fraco e o destituído surgem quase como que inocentes (como por exemplo, a criança que é espancada ou a mulher que é violentada), sendo uma questão de categorização moral do que de pertinente classificação econômica ou política. Segundo alguns autores pode-se afirmar que a violência, assim como a dor, a doença, a inveja, tem uma distribuição desigual na sociedade. Tem uma distribuição apenas associativa com certas categorias sociais. Elas sorriem para os pobres, muito mais do que para os ricos. A violência seria resultante de um desequilíbrio entre fortes e fracos. Isso envia um traço essencial do discurso de senso comum sobre a violência. A violência em suas mais variadas formas de manifestação afeta a saúde por que representa um risco maior para a realização do processo vital humano: ameaça a vida, produz enfermidade, danos psicológicos e pode provocar a morte.
Assim como em qualquer País ou em qualquer outra sociedade colonial, foram praticadas diversas modalidades de violência no Brasil. Fato é que, as várias culturas e sociedades não definiram e não definem a violência da mesma maneira, mas ao contrário, dão-lhe conteúdos diferentes, segundos os tempos e os lugares. De acordo com o estudo de Renata Álvares:
Certos aspectos da violência são percebidos da mesma maneira, porém, nas várias culturas e sociedades, formando o fundo comum contra o qual os valores éticos são erguidos .
O estudo da violência e dos mecanismos desenvolvidos por uma dada sociedade para combatê-la, constitui um campo aberto e fecundo para a investigação histórica e sociológica do Brasil. Pode-se considerar como ponto de partida a observação de que a violência não é um fenômeno recente na sociedade brasileira, estando presente em seu processo histórico, desde a colonização, desde a antiguidade clássica (greco- romana) até nossos dias atuais. Podemos perceber que, em seu centro, encontra-se o problema da violência e dos meios para evitá-la, diminuí-la e controlá-la.
A questão da violência ganhou um lugar tão importante na sociedade, que chegou a constituir uma palavra – chave, presente nos diferentes discursos na formação social brasileira. Pode-se citar como exemplo, as populações indígenas, vítimas iniciais desse processo, que foram escravizadas ou exterminadas pelas guerras empreendidas pelo conquistador português. O segundo alvo da violência colonizadora foi a população negra. Sabe-se que, entre os séculos XV e meados do século XIX, aproximadamente 30 milhões de negros foram violentamente retirados de seu continente de origem, traficados, mortos e transformados em escravos. Vale lembrar também, que houve a transição do trabalho escravo para o trabalho livre, na virada do século XIX para o XX, com a conseqüente contribuição do mercado de trabalho capitalista que transformou a sociedade brasileira e fez com que aparecessem as idéias de trabalho e a disciplina, com acentuada força e poder. No século XX a história mundial foi marcada pela violência praticada por duas grandes guerras que vitimaram milhões de pessoas.
No início do século XXI, tinha-se a expectativa de que a sociedade estaria tão evoluída a ponto de conviver em paz e harmonia, porém, a mídia mostra totalmente o inverso, continuando a denunciar o aumento sem precedentes de várias formas de violência, seja pela prática de crimes, como assassinatos, seqüestros, roubos, estupros, ocorridos nos mais variados lugares brasileiros- é a chamada violência urbana, que vitimiza milhares de pessoas em todo o mundo .
Este tipo de violência é a mais visível modalidade que existe. A violência menos visível continua escondida e pouco reconhecida. Por exemplo, a diferença salarial entre homens e mulheres, entre pessoas brancas e negras, a prática da violência doméstica que está escondida no que se chama de senso comum. Em algum momento de nossas vidas, foi dito como são e o que valem as coisas e os seres humanos, como devem ser avaliados e tratados e nós aceitamos estas informações sem contestação. Quando o senso comum se cristaliza como modo de pensar e de sentir de uma sociedade, forma o chamado sistema de preconceitos. Esse sistema de preconceitos ou representações permeia todas as relações sociais, podendo afetar de forma profunda e negativa estabelecendo diferenças entre as pessoas, negando direitos fundamentais e gerando conflitos. Percebe-se com isto, que futuramente poderá acarretar efeitos devastadores como, por exemplo, perda do respeito pela pessoa humana, restrição à liberdade, introdução da desigualdade, etc. Diferentes preconceitos, na forma de representação, permeiam a sociedade. Estão ligados á classe social, gênero, etnia, faixa etária dentre outros. Com isto, pode-se chegar a seguinte conclusão: O preconceito de cor e gênero fazem com que as pessoas negras e as mulheres sejam consideradas inferiores, o que se reflete na deficiência de educação e, portanto, em menor acesso a empregos e salários bem remunerados.
O preconceito e a discriminação estão bem claros nas indicações sócio - econômicos que indicam que as mulheres, principalmente as negras são discriminadas no mercado de trabalho quando não conseguem empregos ou ocupam cargos secundários, apesar de serem bem qualificadas e instruídas ou ainda quando percebem salários inferiores quando ocupam os mesmos cargos que os homens e mulheres brancas.
Com isto, conclui-se que no Brasil há diversas formas de violência, como por exemplo, a violência urbana que é a violência praticada pela discriminação contra as minorias que são os negros, os índios, os idosos, as mulheres, crianças, etc; A violência social em decorrência dos altos índices de desigualdades sociais e pobreza, a violência doméstica, entre outras.
Não há um dado concreto ou uma única explicação sobre o crescimento da violência no Brasil. Pode-se dizer que, certamente se encontra associado à lógica da pobreza e da desigualdade socioeconômica. É fato que pobreza e desigualdade não justificam, isoladamente, o acréscimo da violência. Um exemplo disto, é a sociedade hindu, que é pobre e profundamente hierarquizada, mas não produz as mesmas manifestações de violência existentes no Brasil. Os níveis salariais no Sudoeste da Ásia também são extremamente baixos, mas a criminalidade nessa região tampouco é comparável aos índices brasileiros, no entanto, não há como negar a relevância da desigualdade sócio-econômica na explicação do crescimento da violência. Para chegar perto da compreensão do aumento da violência criminal no Brasil, exige-se a análise dos vários aspectos da denominada exclusão social, ou seja, os excluídos, estes que não são simplesmente rejeitados física, geográfica ou materialmente. Não somente do mercado e de suas trocas, mas de todas as riquezas morais e espirituais.
Com isso, chega-se à conclusão de que seus valores não são reconhecidos, ou seja, há também uma exclusão social cultural. Um forte exemplo é a pobreza que compreende um aspecto da exclusão; a exclusão social que inclui os idosos, deficientes físicos, os doentes crônicos dentre outras.
No tocante à violência contra a mulher e a violência doméstica, há uma explicação ampla para sua grande ocorrência no Brasil. A situação não se apresenta diferente dos demais países. Não está junta apenas a pobreza, desigualdade social ou cultural. Estas são modificações marcadas profundamente pelo preconceito, discriminação e abuso de poder do agressor para com a vítima, que geralmente são as mulheres, as crianças e os idosos, ou seja, pessoas que em razão das suas peculiaridades (uma pessoa idosa não consegue agir como uma pessoa jovem, assim como uma criança não conhece meios para se defender), estão em situação de vulnerabilidade na relação social e isto é independentemente do país em que estejam morando. Estes são alguns elementos nucleares desta forma de violência. Em virtude do quantum despótico existente na maior parte dos relacionamentos afetivos, desta situação de força e poder que, geralmente, detém o agressor em relação á vítima, esta é manipulada, subjugada, violada e agredida psicológica, moralmente ou fisicamente.
Quarta-feira, 09.12.09
Muitas de nós amamos tão profundamente os nossos filhos, a nossa família, a harmonia que esquecemos de amar a nós mesmas.
Conseguimos nos colocar em ultimo lugar, para que nossos filhos possam sonhar e viver o que de mais sublime existe.
Escolhemos viver, por puro amor, como figurantes de nossas próprias vidas, porque não concebemos a vida depois de concebermos.
Colocamos toda a nossa energia, todo o nosso trabalho, todos os nossos esforços, em ultimo lugar: fora da lista, fora da existência, fora da participação, fora do palco, fora da coxia das peças que nós mesmas escrevemos.
Muitas de PURA FALTA DE OPÇÃO somos obrigadas a acordar, para A-COR-DAR á VIDA.
Muitas de nós por amor aos nossos filhos não conseguimos ver os defeitos deles... Infelizmente para muitas de nós, inclusive eu, o resultado foi DESASTROSO.
Muitas de nós oferecemos todas as frutas, todos os alimentos, todos os mimos, carinhos, prioridades, aos nossos filhos, maridos ex maridos, porque sentimos que assim deve ser, para que todos vivam as belezas e as alegrias que nós mesmas acabamos por não viver.
Muitas de nós preparamos a festa e nos contentamos em apreciar a alegria dos que dela participam, enquanto que timidamente olhamos através das frestas, FELIZES por estarmos proporcionando toda aquela alegria a quem amamos.
Distribuímos as melhores frutas para os nossos familiares, e quando muito comemos as frutas que já estão estragadas, ou parcialmente estragadas. Silenciosamente cortamos as partes podres e comemos as partes que são aproveitáveis.
Muitas de nós trabalhamos a vida inteira, dentro e fora de casa, mas nunca jogamos, ou manipulamos, ou nos pintamos e desenhamos com vitimas, mártires, para que nossos filhos NUNCA percebam o quanto nos custa manter toda a estrutura familiar. Promovemos cada pequena bobagem que nossos maridos ou pais de nossos filhos, para que eles possam sempre se encantar de um PAPAI HEROI.
Muitas de nós não percebem que esse PAPAI HEROI É UMA INVENÇÃO DAS NOSSAS CABEÇAS, talvez por querermos – de maneira inconsciente – manter os nossos próprios pais como eles eram durante as nossas infâncias.
Muitas de nós acreditam TANTO em nossos filhos, maridos, ex maridos, que quando percebemos estamos absolutamente sozinhas, e não há ninguém que sonhe os nossos sonhos conosco.
Muitas de nós quando começamos a despertar para a vida, depois de termos criado os nossos filhos, depois de vê-los bem mais velhos do que nós quando os concebemos. Vemos-nos sob o fogo cruzado, e as munições que trocam entre si, àqueles que querem que permaneçamos como sombra, são como facadas – cruéis – translúcidas de cristais de amor que se tornaram sólidos, afiados, e certeiras...
Muitas de nós tais como as flores que são regadas á conta gotas vão murchando, e empurradas para o abismo de palavras e atitudes inesperadamente cruéis e afiadas, vamos murchando enquanto pensamos que realmente somos o NADA que tentam nos IMPOR.
MULHERES E MÃES eu digo: Vamos nos responsabilizar sim, mas não caiamos nos jogos de culpa baratos e cheios de palavras recobertas de amor egoísta! Não somos o que estão tentando nos impor.
NOSSAS VIDAS FORAM LINDAS, NÓS CRIAMOS COISAS LINDAS, NOS COLOCAMOS EM ULTIMO LUGAR E PRECISAMOS APRENDER ALGUMAS POUCAS COISAS...:
Precisamos aprender a não nos submetermos ás crueldades do amor, por que o AMOR É O QUE REGE A VIDA!
Precisamos aprender a corrermos atrás dos nossos sonhos, e apesar de doer muito, e mais fácil do que pensamos.
Chegou o momento de retomarmos parte de TODO AMOR QUE NÓS DEDICAMOS AOS OUTROS e voltarmos esse mesmo amor para nós.
Vamos sonhar os nossos próprios sonhos e dar vida a eles, como um dia demos vida aos nossos filhos. E as imagens do pai herói que criamos para eles.
Não estamos sós. HÁ VARIAS MULHERES DA TERRA QUE ESTÃO A VIVFER COMO NÓS VIVEMOS.
Se para recebermos amor nós tivermos que sermos alguém que já não somos, então esse amor recebido JAMAIS vai nos preencher. Porque é um amor vazado, e um amor para alguém que não mais é nós, mas que já fomos um dia enquanto fazíamos TODO o possível para que nossos filhos crescessem seguros e felizes.
Não se sintam só, vocês não estão sós, HÁ VÁRIAS MULHERES DA TERRA QUE ESTÃO A VIVER O MESMO QUE VOCÊS!
Essa é a historia de tantas de nós mulheres.
Vamos dedicar um terço do amor que dedicamos aos outros, para nós mesmas. Vamos ter um terço do orgulho que tivemos dos nossos filhos e familiares por nós mesmas. Criemos asas e voemos, porque só assim seremos vistas e amadas, pelo que realmente somos.
Para muitas de nós, inclusive para mim, os últimos anos têm sido especialmente difíceis, mas que estes momentos sirvam para que nós possamos fazer ainda mais e sermos melhores do que já fomos até hoje.
Nós não erramos apenas nos esquecemos de colocar a nossa assinatura nos quadros que pintamos na vida. Por isso podemos enfrentar tudo o que está nos acontecendo e tudo o que está por vir.
Tudo na vida muda, só não muda a essência do nosso amor, embora ele possa e deva mudar na forma, e só assim poderemos crescer só assim os nossos filhos poderam crescerem e se tornarem melhores pessoas, melhores mães do que nós fomos.
Domingo, 13.09.09
A violência não começa na hora da agressão, ela é algo que se inicia muito antes, mas muito antes mesmo.
É isso é algo que deveria ser matéria no colégio, para que nossas filhas, não cometessem os mesmos erros.
Temos que começar a educar nossos filhos para que eles tenham uma visão mais critica sobre o ser humano. Isso não significa preconceito, é algo completamente diferente. Significa ensina-los a ver que se alguém te trata bem e trata uma pessoa mal, na sua frente, você pode ser a próxima a ser mal tratada.
São nas pequenas coisas que vamos aprender a reconhecer o futuro agressor, o futuro pedófilo, e assim poder nos defender deles. Alias futuro para nós, porque já está provado por psicólogos e psiquiatras, que um agressor, um pedófilo, já nasce com essa predisposição.
São tipos psicológicos, que precisam ser evitados, para nossa saúde física, mental e espiritual. Isso não é de forma alguma preconceito. Isso é preservação do Ser.
Estava lendo a entrevista da Maria da Penha, e fiquei pensando, é assim que foi comigo, é assim que é com a grande maioria das mulheres que são violentadas, espancadas, mal tratadas, humilhadas. A conversa é sempre a mesma: “Ele era tão bom, tão querido pela minha família, tão querido pelos meus amigos, me tratava tão bem,... que eu não poderia imaginar que isso ia acontecer...”.
Vamos ser sinceras, não imaginamos, porque estávamos carentes precisando de uma tabua de salvação... Não imaginamos porque o nosso inconsciente (nosso ego) nos dizia bem lá no fundo que não éramos capazes de arranjar coisa melhor.
Tudo o que passamos foi o que escolhemos passar. Estejamos ou não conscientes disso.
Não há como fugir da realidade. Nós fomos de encontro com o agressor, porque alguma coisa em nós precisava daquela experiência.
Ninguém se torna violento do dia para noite, uma pessoa é violenta, e esconde isso quando lhe convém, e deixa de esconder quando deixa de lhe convir. Essa é a realidade.
Meu ex-marido era um homem maravilhoso, até eu engravidar da minha filha, na minha gravidez, fui espancada mais três vezes. Por quê? Porque ele viu que estava seguro, que já tinha-me “pegado”.
Mas tenho que admitir se quiser ser honesta, que ele só era maravilhoso comigo, que ele era violento com seus familiares, com os empregados, no transito, que sua ex-mulher, dizia ter sido espancada por eles varias vezes, que suas filhas também diziam que ele espancava a mãe delas, que eu ouvia dizer que ele havia batido na mãe dele, e que por isso ela faleceu uma semana depois da surra. Então vamos ser realistas: O que me fez pensar que eu era tão especialíssima assim, que ia viver com um monstro desses e ia sair impunemente? “O medo, o meu ego que me dizia que se não fosse ele, eu não teria ninguém para me amar.”
Aceitar essa realidade é muito difícil, porque isso nos faz passar de vitimas, a donas da situação. Mas infelizmente não existe outro caminho para cura.
Falo isso, porque creio ser uma das pessoas que mais procurou que tentou achar uma solução, sem ter que enfrentar a realidade. Mas felizmente eu descobri que teria que enfrentar a verdade.
A verdade, não nos condena, ela nos faz ser responsáveis por nossas vidas, pelo nosso corpo, por nossa cabeça, e por nossa alma. A verdade de que somos responsáveis não nos faz culpadas, e não diminui em nada a culpa do agressor. Ela nos liberta da mentira de que não podemos ser responsáveis por nossas vidas, e nos faz donas de nossa alma.
Sei que chegar nesse ponto não é fácil. Mesmo porque todos que estão nessa situação, encontram-se tão avariadas, tão machucadas, com tanto medo, que beira ao terror... Que não é de forma alguma fácil.
E o que piora muito a situação é que em um estado desse você fica sem ação, e não consegue acreditar em ninguém.
O medo é um sentimento paralisante. Ele não te deixa agir, ele não te deixa raciocinar, nem enxergar a realidade. Aprendemos a ver o mundo sob a ótica do nosso medo, o nosso problema passa a ser o maior problema do mundo. Nada mais tem importância, vivemos em torno do agressor, e pensamos o dia todo em como vamos fazer. Na verdade essa passa a ser a nossa vida, o agressor. Deixamos de ter vida própria, e passamos a viver em função do agressor, é ai que somos “fisgadas”.
E assim é com a maioria dos casos de agressão, o agressor só age quando sente que está em segurança.
Aprendemos muito cedo, a sermos frágeis, vitimam coitadinhas, a nos sacrificarmos. E é ai que mora o perigo... Porque quanto mais vitimas, quanto mais coitadinhas, melhor para o agressor. Alias ele conta exatamente com isso, com o nosso medo, com a nossa bondade, com a nossa capacidade de perdoar.
Um dia ouvi em um seminário na Unipaz, facilitado pela Lydia Rebouças, que: “Paz não é ausência de guerra, paz é inteireza” Que grande verdade, e como eu ia precisar dessa verdade logo em seguida...
Ser bom não é ser capacho, perdoar, não é deixar de denunciar que você está sendo vitima de um psicopata.
Isso é totalmente o contrario de bondade, de amor, de paz... Isso é falta de auto-estima, e se você não se ama não se respeita, e não se aceita você vai mesmo aceitar ser agredida, humilhada, roubada, explorada, e tudo mais que uma mente doentia pode fazer com outro ser humano.
Quarta-feira, 02.09.09
Ser humano é ter defeitos e imperfeições. Todos nós cometemos erros, ás vezes magoamos as pessoas que nos são próximas, e às vezes nos comportamos muito mal. No entanto, essa simples verdade parece-nos muito difícil de aceitar.
Quando me conscientizo de que magoei meu filho por causa de um dialogo descuidado, eu me encolho por dentro, como que tentando me defender da dor que é parte inevitável da consciência de meus atos. Temos relutância ainda maior em aceitar as mensagens sobre nossos defeitos vindas de outras pessoas. Imediatamente erguemos defesas, com se estivéssemos sendo fisicamente atacados. Na verdade, a reação fisiológica de defesa lutar/fugir, adequada a situações nas quais existe uma ameaça imediata de dano corporal direto, é usada para proteger a auto-imagem idealizada, que precisa ter a aparência de certa e boa, e não de errada e má. Esquivamos-nos de encarar nossos erros e defeito porque eles são umas partes dolorosa, embora inevitável, de quem somos. Somente quando contenho o perfeccionismo é que consigo sentir a simples tristeza de ter magoado o meu filho. Respiro profundamente, afrouxo as defesas automáticas e sinto a simples dor. Somente assim consigo perdoar. Atinjo um nível mais profundo de auto-aceitação.
Quando negamos nossos defeitos, nosso egoísmo fica enredado na tentativa de parecer melhores do que somos e afastar a culpa pelas nossas dificuldades. “Não foi minha culpa” é a primeira coisa que a criança em nós grita sempre que confrontamos com nossos erros. Quando acontece alguma coisa desagradável, respondemos internamente como a criancinha que ouve a voz da mãe chamando por ela depois que um terremoto abalou a casa. Sua primeira resposta é: ”Não fui eu, mamãe”. A criança dentro de nós tem medo de reconhecer que possuir qualidades más ou imperfeitas signifique que ela é unicamente má, ou que, sendo tremendamente má, ela será julgada ou rejeitada pelos “outros” pais que, imaginamos, são responsáveis pelo nosso bem-estar.
Por medo do eu imperfeito, criamos um eu - mascara, um eu - idealizado, o eu que pensamos que deveríamos ser em vez de admitir que sejam seres humanos imperfeitos. Todos nós respondemos prontamente “vou bem” quando nos cumprimentam, por maiores que seja a nossa depressão, por causa da critica que o chefe acabou de nos fazer, ou a alegria por um recente sucesso profissional. Asseguramos prontamente a nós mesmos e aos outros que “eu estou bem, sou competente, posso dar um jeito”, por maiores que sejam a carência, ou a infelicidade verdadeira.
Seja qual for a mascara criada – o bom menino, a boa menina, a mulher ou o homem poderoso, o aluno aplicado ou o professor confiante, a criança carente ou o adulto competente, o pesquisador ingênuo ou o cético experiente – ela é uma tentativa de nos colocarmos num plano acima dos defeitos e da do, de negar nossa mediocridade e pequenez. Criamos uma mascara sempre que tentamos nos apresentar como pessoas amorosas ou poderosas, mas competentes ou carentes, mais compassivas ou céticas do que realmente somos naquele momento.
À medida que aprofundamos o compromisso de ser honestos com nós mesmos e com os outros, criamos uma base sólida para a auto-estima. Fazer um bom conceito de si mesmo passa a não depender mais de atender ás exigências irrealistas de uma mascara perfeccionista; ao contrario, seu fundamento é a coragem de encarar a realidade humana imperfeita atual. O imenso potencial humano que temos só pode ser realmente nosso depois que ousamos ser exatamente e exclusivamente quem somos em cada momento, por mais mesquinha e assustadora, grandiosa e ou sagrada que seja a realidade temporária.
Fique na paz e na luz.
Ararêtama uma Mulher.
http://araretamabiojoias.blogspot.com/
Domingo, 30.08.09
Porque se você leva consigo uma fantasia, de como, deveria ser o amor, vai perder a coisa real quando, ela cruzar o seu caminho.
O amor real começa com interações cotidianas que possuem a semente da promessa, não com o êxtase total. A semente é fácil de ser ignorada, e nada nos cega mais em relação a ela do imagens mentais fixas.
Do mesmo modo, se você for por ai num estado de ansiedade, perguntando-se se alguém vai te escolher, para amar, nunca vai se tornar atraente para quem quer que seja, pois nada mata mais o romance do que o medo.
Mas até você decidir, a admitir para si exatamente o que quer, sentirá confusão. Até se dispor a pedir exatamente o que quer da vida, ou de qualquer situação e ou de relacionamentos com outras pessoas, você se sentirá confuso. A confusão só diminuirá quando você acreditar realmente que merece aquilo que deseja, que tem direito, de ter a experiência que deseja ter.
Devido a culpa que sentimos, todos os relacionamentos tem elementos de medo. E é por isso que mudam tanto e tão frequentemente. Eles não são baseados no amor imútavel.
Quem você realmente é, e não uma coleção de partes, mas um todo. Ver a si mesmo como um todo é o primeiro passo para se considerar atraente. Todos nós somos tentados a catar pedaços de nós mesmos, é esse ato de auto-critica, e não as próprias peças que fazem com que você se sinta pouco atraente. Você é apenas humano, o mesmo é verdadeiro em relação a todas as pessoas que conhece.
Levamos toda essa bagagem para nossos relacionamentos, e ai não conseguimos ver o outro e nem deixamos que ele nos veja, porque estamos na realidade vendo ideais e não o verdadeiro ser humano, estamos mostrando também ideiais..... Só que ideiais não se sustentam no cotidiano, e ai a coisa começa a ficar feia......
Lutar para ser atraente é só outra forma de desespero que os outros veêm, por mais que você lute para disfarçar. Porém tão forte é nosso condicionamento social, que são gastos bilhões de dolares a mais em cosméticos , moda, e cirurgia plastica do que na psicoterapia, por exemplo, apesar do fato de que trabalhar suas neuroses tornar as pessoas muito mais atraentes do que uma figura elegante ou roupas na moda.
Comparamo-nos constatemente com um ideal que nunca poderemos realizar. A voz interior sem amor ( o ego) nos impulsiona dizendo "você não é bom o bastante, bonito o bastante, magro o bastante, suficientemente feliz ou seguro.
Procuramos a aprovação nos outros, projetando assim nossa satisfação interior conosco, na esperança de que alguma autoridade externa a retirará de nossa alma.
Luz e Paz.
Ararêtama uma mulher.....