Quarta-feira, 19 de Maio de 2010
Toda a mulher tem direito a que se respeite sua integridade psíquica e moral. Na medida em que nossa sociedade produz modelos de comportamento desiguais a serem obedecidos por homens e mulheres, ou seja, a mulher é mais valorizada quando se dedica inteiramente à família, aos filhos, ao marido, ao cuidado com a casa etc., a violência psicológica contra a mulher passa a fazer parte da própria cultura. As práticas sociais e culturais baseadas em conceitos de inferioridade e subordinação da mulher passam a ter um valor positivo. Fica claro que, nessas circunstâncias, metade da humanidade passa toda a sua vida vivendo sob uma arraigada tensão psicológica.
De maneira geral, a violência psicológica está sempre presente na violência física e sexual contra a mulher, principalmente na violência doméstica ou intrafamiliar, quando o agressor é um membro da família. Neste contexto o agressor vai minando a auto-estima da mulher, anulando ou desclassificando suas emoções, desvalorizando suas realizações e ridicularizando-a em casa ou na rua.
Falam-se muito em violência doméstica, murros, pontapés e coisas bem piores.
Este tipo de violência é mais fácil de denunciar, uma vez que existem marcas físicas da agressão. Mas existe um outro tipo de agressão que por norma não se fala, até porque não existem provas. É a chamada agressão psicológica, que se poderá se tornar tão ou mais agressiva que a agressão física, porque destrói a pessoa por dentro deixando marcas psíquicas, paralisando-a tornando-a paranóica, doente por dentro, no que existe de mais intimo. É existe um perfil para este tipo de agressor, que gosta de atrair mulheres, bem sucedidas profissionalmente, com boa estabilidade emocional e financeira.
São indivíduos quase sempre simpáticos, extrovertidos e educados, com enormes complexos de inferioridade.
Daí terem como objetivo a destruição de pessoas bem sucedidas que lhe estão próximo.
Começam com pequenos “conselhos”, do gênero: “Está mais gordinha! Tem de prestar atenção à sua alimentação!”. “Depois vão avançando para discretos comentários em público, que a paralisem e a façam sentir insegura, sem que os outros percebam: “Estás com mau hálito”, “Estão a gozar com você,” Ouvi comentar que está mal vestida “““…
Perante isto, e com o passar do tempo à pessoa vai perdendo a auto-estima, enquanto que ele brilha cada vez mais. Aos poucos vai ganhando fama de tímida e lá se vai desculpando com o trabalho e o cansaço, recusando educadamente os convites dos seus amigos… E incrível como a vitima não consegue realmente perceber que está sendo manipulada, até que seja tarde demais.
Porque a violência começa de uma forma tão sutil, tão como se fosse até um carinho, um gesto de boa vontade, e quando percebemos já caímos.
Curioso é que a vítima acredita o outro é o seu único amigo e mesmo quando o abuso é insuportável, há uma tendência enorme para acreditar nas críticas e nos insultos que lhe são dirigidos.
É de suma importância ter em mente que esse individuo é alguém com um enorme complexo de inferioridade, que não tem nenhuma segurança, e por isso vivi de tentar minar a auto-estima de outros, pois só assim ele se sentirá superior. Essa é a vontade de todo agressor, a de ser superior, é ele quem manda, ele que dá as cartas, ele é o senhor todo-poderoso, a quem todos devem respeito, e reverencias. Pessoas desse tipo vivem demarcando território, ele não quer mais não se interessa mais, mas o território é dele, ninguém pode se aproximar.
E por isso tipos como esses cometem assassinatos, como o que aconteceu em Rondonópolis, onde um psicopata entrou em um restaurante e assassinou sua ex namorada e seu padrasto e sua mãe, justificativa do assassino (que alias se sente ofendido, quando é chamado assim: ela o estava desprezando).
Homens desse tipo não conseguem viver se não estiver controlando todas as situações em volta deles.
O medo tremendo que sentem em perder o controle da situação é tal ou mais do que o medo que eles nos causam.
Nosso problema é que ficamos tão enredadas em suas tramas que não conseguimos ver o obvio.
Em casa ele não liga, grita a toda a hora, manda-a calar, chama-lhe burra, diz-lhe que está com cara de velha e que nem vale a pena maquilar-se porque ainda fica pior… Em público, abraça-a, beija-a, elogia-a em voz alta, mas lá a vai humilhando em segredo, sempre à espera que tenha um ataque de fúria perante toda a gente que o acha o máximo, de forma a que todos concordem que endoideceu de vez, quando na verdade o doente é ele!
Reconhece este quadro?
Se a resposta for afirmativa, talvez esteja na altura de tomar uma atitude, mas não sem antes preparar um grande jantar de amigos, contarem umas histórias e anedotas, e lá uma vez por outra, aproxime-se dele com o sorriso mais convincente do mundo e segrede-lhe que, além de estar com um hálito de morte e um macaco na ponta do nariz, está mais mal vestido que um palhaço! Abrace-o e continue a distribuir sorrisos pelos seus convidados! Afinal, faz bem provar do próprio veneno!
É tão avassalador porque é uma situação em que você fica realmente sem ter como provar o que está se passando.
Não tem como as pessoas saberem que você está falando a verdade. Que a verdade é que você esta sendo psicologicamente violentada. Não existem formas materiais de se provar uma situação dessas.
Vivemos isso por muitos anos, meus filhos e eu, mas parece que agora eu encontrei uma forma de dar ao malandro um pouquinho do seu remédio. Vamos ver se ele vai gostar...
POSTADO POR UMA MULHER