Terça-feira, 11 de Maio de 2010
Considero-me e aos outros responsáveis pela sua morte, e também sinto inveja e ciúme das mães com filhos vivos, ressinto-me daqueles que acho não merecedores da vida ou merecedores da morte e sinto raiva de você meu filho por ter morrido e de Deus por ter te levado.
Ninguém consegue me dizer “nada de certo”, dias em que “grito para todos”. Estes sentimentos são tão estranhos só podem ser reconhecidos por via da negação. Eles são vividos como “não eu” não-possibilidades temidas que ameaçam transformar-me em uma “identidade negativa”, na pessoa que eu sempre evitei ser.
Vejo como sinais da insanidade que se aproxima e se iludo a fim de escapar de meu caráter inerentemente conflitivos. Por exemplo, a fim de negar a sua morte.
Tentei “escapar” por meio caminhadas, compras, ou mesmo viagens. Já que “escapar” envolve escapar de mim, dos meus auto enganos temporariamente bem sucedidos frequentemente culminam em experiências de desligamento da realidade e despersonalização.
Como pode ser visto, os meus auto-enganos são bastante dolorosos; portanto, também são conflitivos. Eu, então, luto contra eles tanto quanto os gero.
Sou inextricavelmente atraída para o momento e o dia da sua morte é perseguida pela imagem de seu corpo. Construí uma imagem a da cena da sua morte e empreendo uma vigília na qual espera pelo seu retorno em horas rotineiras do dia durante épocas tradicionais do ano.
Repetidamente revejo a cena da sua morte e minha reação ao ser avisada a respeito dela, assim como várias cenas de nossas vidas juntos. Estas repetições são essenciais para mim; elas constituem minha luta para aceitar o fato e a finalidade da sua morte.
Nunca vou compreender isto plenamente. Existe sempre uma outra situação que revela outro significado. Tenho que viver com os aspectos desconhecidos da vida, morte e do futuro prematuramente interrompido, com minhas fantasias sobre o que poderia ter sido.
Vivencia esta frustração ao procurar uma razão para a morte, ingenuamente “reduzindo” o significado da vida ou da sua morte, ou persistentemente perguntando a Deus porque o filho morreu. Eu me pergunto, até onde você poderia ter ido... E, então, em uma fração de segundo, tudo aquilo que se foi.... Eu não estou furiosa com Deus, mas eu me pergunto por que você partiu... Assim mesmo... Eu sei que continuo me questionando.”
Minha incapacidade em fugir do significado da sua morte resulta em incontroláveis ataques de choro que a esvaziam e esgotam e em sentimentos de fraqueza, solidão, ânsia, indiferença e incapacidade.
Tristemente, entretanto, sinto me abandonada pelos outros. Eles retiram-se na crença de que a sua morte de é insuportável, é como se a dor deles, fosse maior do que a minha, vivo estas repulsas e concluo que somente outros pais enlutados podem entender-me.
POSTADO POR UMA MULHER