Segunda-feira, 24 de Maio de 2010
A violência psicológica se caracteriza por comportamentos sistemáticos que seguem um padrão específico, objetivando obter, manter e exercer controle sobre a mulher. Tem início com as tensões normais dos relacionamentos, provocadas pelos empregos, preocupações financeiras, hábitos irritantes e meras diferenças de opinião. Nestes tipos de relacionamentos, as tensões aumentam, começando então uma série de agressões psicológicas, até chegarem às vias de fato. Em contrapartida, nos relacionamentos não violentos, as pessoas discutem sobre as tensões ou as ignoram, e estas tendem a diminuir. As interações violentas de um casal estão vinculadas ao aumento de tensão nas relações de poder estabelecidas e que a relação de dominação e subordinação necessita ser confirmada. A situação de violência pode ser então, uma tentativa de restaurar o poder perdido ou nunca alcançado, ou ainda confirmação da identidade. Dois grandes fatores responsáveis por tais condições de violência: constituem o primeiro os fatores condicionantes, que se referem à opressão perpetrada pelo sistema capitalista, pelo machismo e pela educação diferenciada; o segundo fator é formado pelos precipitantes como álcool e drogas ingeridos pelos agentes nos episódios de violência, além do estresse e cansaço, que podem desencadear o descontrole emocional e os atos agressivos. Por mais que a sociedade estabeleça estereótipos para o homem agressivo – como rude, de classe social inferior, grosseiro, valentão na aparência e nas atitudes – não há um perfil único. Assim, um homem que em sociedade pode parecer acima de qualquer suspeita, pode, muito bem, ser um agressor na relação conjugal. A lista de características que os distinguem, que incluem, dentre outras, pessoas com fraco controle do impulso, apresentando necessidade de satisfação imediata e insaciáveis necessidades do ego; dependência emocional; freqüentes quadros de estresse, mas, geralmente, bem dissimulados; baixa auto-estima; ciúmes excessivos, que os levam a uma vigilância demasiada da parceira e repetidas promessas de mudança. Estas constantes promessas de mudança dão à violência um caráter cíclico, traduzido por momentos intercalados de agressões e amor, fato que contribui para que a mulher permaneça durante anos vivenciando uma relação violenta. Por esta razão, é importante que a mulher conheça as especificidades do ciclo em que está envolvida, a fim de encontrar meios de sair da situação. Aponto três fases distintas, constituintes do ciclo da violência, as quais variam tanto em intensidade como no tempo, para o mesmo casal e entre diferentes casais, não aparecendo, necessariamente, em todos os relacionamentos. A primeira fase é de construção, em que ocorrem incidentes verbais e espancamentos em menor escala, como chutes e empurrões. Nesse momento, as vítimas, usualmente, tentam acalmar o agressor, aceitando a responsabilidade pelos problemas dele, esperando, com isso, ganhar algum controle sobre a situação e mudar seu comportamento. A segunda fase é caracterizada por uma incontrolável descarga de tensão, sendo a mulher espancada, independente de seu comportamento diante do homem, que utiliza armas e objetos para agredi-la. Já a terceira fase corresponde a uma temporária reconciliação, que é marcada por um extremo amor e comportamento gentil do agressor, que tem consciência de ter exagerado em suas ações e, subsumindo-se no arrependimento, pede perdão, prometendo controlar sua raiva e não feri-la novamente. A violência emocional ou psicológica é evidenciada pelo prejuízo à competência emocional da mulher, expresso através da tentativa de controlar suas ações, crenças e decisões, por meio de intimidação, manipulação, ameaças dirigidas a ela ou a seus filhos, humilhação, isolamento, rejeição, exploração e agressão verbal. Sendo assim, é considerado violento todo ato que cause danos à saúde psicológica, à autodeterminação ou ao desenvolvimento pessoal, como por exemplo, negar carinho, impedi-la de trabalhar, ter amizades ou sair de casa. São atos de hostilidade e agressividade que podem influenciar na motivação, na auto-imagem e na auto-estima feminina. Outro tipo de violência é a patrimonial, que resulta em danos, perdas, subtração ou retenção de objetos, documentos pessoais, bens e valores da mulher. Esta forma de violência pode ser visualizada através de situações como quebrar móveis ou eletrodomésticos, rasgar roupas e documentos, ferir ou matar animais de estimação, tomar imóveis e dinheiro, ou, até, não pagar pensão alimentícia. No que se refere à violência psicológica, o isolamento é uma de suas principais formas de manifestação. Nesta prática, o homem busca, através de ações que enfraqueçam sua rede de apoio, afastar a mulher de seu convívio social, proibindo-a de manter relacionamentos com familiares e amigos, trabalhar ou estudar. O objetivo primário do isolamento social é o controle absoluto da mulher, já que, ao restringir seu contato com o mundo externo, ela dependerá ainda mais de seu parceiro, tornando-se submissa a ele. As primeiras tentativas do homem para efetuar o isolamento da mulher se dão por meio da manipulação, arranjando situações como, por exemplo, marcar outros compromissos para impedi-la de ir a reuniões familiares ou de amigos, ou por meio de acusações de não estar cuidando bem da casa ou dos filhos. Quando a manipulação não funciona, o agressor recorre ao despotismo, dando ordens expressas do que ela deve ou não fazer e, por fim, apela para a intimidação, ameaçando espancá-la, quebrar seus pertences ou matá-la. Os períodos em que estão longe do marido são aqueles considerados de maior tranqüilidade para a mulher, e são proporcionados, geralmente, por seu emprego, ou quando ele sai para trabalhar. O trabalho, para muitas mulheres, constitui-se em uma válvula de escape. Nele ela se sente importante e respeitada. Para aquelas que exercem apenas a função de dona-de-casa, a saída do parceiro representa momentos de liberdade, nos quais ela poderá assistir a seus programas preferidos, falar com amigos ao telefone e fazer suas atividades sem maiores cobranças. Esta tranqüilidade, no entanto, acaba antes mesmo do marido retornar, já que a tensão se inicia até mesmo com a lembrança, com a expectativa de sua chegada. A partir do momento de sua chegada, a casa passa a girar em torno das vontades dele. Quando há uma dependência financeira da mulher em relação ao homem, seja pelo fato de ter se submetido à proibição de trabalhar imposta por ele, ou mesmo pela dificuldade ou comodidade de não ter um emprego, esta se torna obrigada a recorrer ao marido, sempre que necessitar de dinheiro, situação que favorece a violência, pois, em muitos casos, o homem utiliza seu poder econômico como forma de ameaçá-la e humilhá-la. Asseverava o jurista baiano Gomes (1981, p.9): “Enquanto a mulher permaneceu sob a total dependência do homem, aceitou sua dominação absoluta.” Ressalta-se que a violência psicológica, através de ameaças, é dirigida tanto à mulher como a outros membros da família, fazendo-se por meio de promessas de agressões e gestos intimidativos. Uma característica comum àqueles que praticam este tipo de violência é a habilidade de encontrar o ponto fraco da mulher, que, em muitos casos, são os filhos, utilizando-os como alvo todas as vezes que desejar feri-la. A violência física, em toda sua enormidade e horror, não é mais um segredo. Porém, a psicológica, em função de não envolver danos físicos ou ferimentos corporais, ainda se mantém num canto escuro do armário, para onde poucos querem olhar. Apenas muito recentemente, nota-se um movimento em direção à conscientização e reação por parte de algumas mulheres, confrontando esta modalidade sutil de violência perpetrada pelos homens com a conivência da sociedade machista. É fundamental destacar que todo ato de agressão física é precedido de um histórico de violência psicológica que, por expressar-se de maneira menos perceptível, acaba não sendo facilmente identificada pelas mulheres. Muitas vezes, inicia-se com uma pequena reclamação, mas, repentinamente, esta é substituída por ofensas, xingamentos, atingindo seu ápice com as agressões físicas. Cada tipo de violência gera, prejuízos nas esferas do desenvolvimento físico, cognitivo, social, moral, emocional ou afetivo. As manifestações físicas da violência podem ser agudas, como as inflamações, contusões, hematomas, ou crônicas, deixando seqüelas para toda a vida, como as limitações no movimento motor, traumatismos, a instalação de deficiências físicas, entre outras. Os sintomas psicológicos freqüentemente encontrados em vítimas de violência doméstica são: insônia, pesadelos, falta de concentração, irritabilidade, falta de apetite, e até o aparecimento de sérios problemas mentais como a depressão, ansiedade, síndrome do pânico, estresse pós-traumático, além de comportamentos auto-destrutivos, como o uso de álcool e drogas, ou mesmo tentativas de suicídio. POSTADO POR UMA MULHER


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Sexta-feira, 21 de Maio de 2010
De acordo com a Declaração das Nações Unidas, de 1949, sobre a Violência Contra a Mulher, aprovada pela Conferência de Viena em 1993, a violência se constitui em “[...] todo e qualquer ato embasado em uma situação de gênero, na vida pública ou privada, que tenha como resultado dano de natureza física, sexual ou psicológica, incluindo ameaças, coerção ou a privação arbitrária da liberdade.” A violência doméstica contra a mulher recebe esta denominação por ocorrer dentro do lar, e o agressor ser, geralmente, alguém que já manteve, ou ainda mantém, uma relação íntima com a vítima. Pode se caracterizar de diversos modos, desde marcas visíveis no corpo, caracterizando a violência física, até formas mais sutis, porém não menos importantes, como a violência psicológica, que traz danos significativos à estrutura emocional da mulher. O Relatório Nacional Brasileiro retrata o perfil da mulher brasileira e refere que a cada 15 segundos uma mulher é agredida, totalizando, em 24 horas, um número de 5.760 mulheres espancadas no Brasil. Outros dados também alarmantes, referidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2005, indicam que, no Brasil, 29% das mulheres relatam ter sofrido violência física ou sexual pelo menos uma vez na vida; 22% não conseguiram contar a ninguém sobre o ocorrido; e 60% não saíram de casa, nem sequer por uma noite. Ao contrário do que a ideologia dominante, muitas vezes, quer fazer crer, a violência doméstica independe de status social, grau de escolaridade ou etnia. Verifica-se, inclusive, que certos tipos de violência (como, por exemplo, os casos de abusos sexuais) ocorrem com maior incidência nas camadas sociais médias e altas. O estudo acerca deste tema é de grande relevância no cenário atual, já que é notório o crescente aumento deste fenômeno entre a população mundial, evidenciando-se um problema social e de saúde pública, que afeta a integridade física e psíquica da mulher, além de constituir uma flagrante violação aos direitos humanos. Considerando a importante relevância social deste tema, acredito que seja necessário um olhar mais cuidadoso e atento das autoridades governamentais, através da criação e desenvolvimento de políticas públicas visando combater este fenômeno, assim como proporcionar uma assistência mais adequada às vítimas desta violência, além de uma maior implicação dos pesquisadores no que tange ao estudo e discussão em torno desta problemática, almejando identificar o que ocorre com as mulheres vítimas de tal violência. A identidade de gênero forma-se a partir do sentimento e convicção que se tem de pertencer a um sexo, sendo, pois, uma construção social feita a partir do biológico. Neste processo, o sexo e os aspectos biológicos ganham significados sociais decorrentes das possibilidades físicas e sociais de homens e mulheres, delimitando suas características e espaços onde podem atuar. Assim, são estabelecidas as desigualdades entre os sexos, sendo vistas como normais e fruto da “natureza” de cada um deles. É a partir deste processo sócio-cultural de construção da identidade, tanto masculina, quanto feminina, que ao menino é ensinado a não maternar, não exteriorizar seus sentimentos, fraquezas e sensibilidade, a ser diferente da mãe e espelhar-se no pai, provedor, seguro e justiceiro; em contrapartida, à menina acontece o oposto, ela deve identificar-se com a mãe e com as características definidas como femininas: docilidade, dependência, insegurança, entre outras. Em função desta prática, tem sido reservado à mulher o espaço doméstico, sob a justificativa de sua capacidade natural de ser mãe. Assim, o fenômeno da maternidade sofre uma elaboração social, favorecendo a crença de que cabe à mulher o cuidado e a socialização dos filhos. A delegação desta função a outra pessoa só é verdadeiramente legitimada quando a mulher precisar garantir o sustento da casa ou complementar o salário do marido. Nas classes dominantes, a delegação desta função não carece da legitimação da necessidade de trabalhar, porém, mesmo nesta condição, a mulher não está isenta da responsabilidade de orientar os filhos e supervisionar o trabalho doméstico. Assim, tais papéis vão se inscrevendo na “natureza feminina”. Deste modo, o labor profissional, realizado em concomitância com o doméstico, impõe às mulheres uma dupla e injusta jornada de trabalho. As situações de violência contra a mulher resultam, principalmente, da relação hierárquica estabelecida entre os sexos, sacramentada ao longo da história pela diferença de papéis instituídos socialmente a homens e mulheres, fruto da educação diferenciada. Assim, o processo de “fabricação de machos e fêmeas”, desenvolve-se por meio da escola, família, igreja, amigos, vizinhança e veículos de comunicação em massa. Sendo assim, aos homens, de maneira geral, são atribuídas qualidades referentes ao espaço público, domínio e agressividade. Já às mulheres foi dada à insígnia de “sexo frágil”, pelo fato de serem mais expressivas (afetivas, sensíveis), traços que se contrapõem aos masculinos e, por isso mesmo, não são tão valorizados na sociedade. As relações estabelecidas entre homens e mulheres são, quase sempre, de poder deles sobre elas, pois a ideologia dominante tem papel de difundir e reafirmar a supremacia masculina, em detrimento à correlata inferioridade feminina. Desta forma, quando a mulher, em geral, é o pólo dominado desta relação, não aceita como natural o lugar e o papel a ela impostos pela sociedade, os homens recorrem a artifícios mais ou menos sutis como a violência simbólica (moral e ou psicológica) para fazer valer suas vontades, e a violência física se manifesta nos espaços lacunares, em que a ideologização da violência simbólica não se faz garantir. Cabe, neste momento, salientar a importância da compreensão do processo de “coisificação” da mulher como resultante, inclusive, do modelo tradicional de família patriarcal, formado a partir de uma hierarquização de relações inter sexuais e inter geracionais, que exige a submissão e obediência da mulher à figura masculina, de quem é propriedade com direito de exclusividade. O sistema familiar patriarcal é, portanto, uma versão institucionalizada da ideologia machista enquanto ideologia de sexo. A identidade de uma mulher vítima de violência doméstica é, comumente, fruto deste padrão familiar de subordinação e não questionamento das imposições masculinas. Apesar de constatarmos, atualmente, profundas transformações na estrutura e dinâmica da família, prevalece ainda um modelo familiar caracterizado pela autoridade paterna e, portanto, pela submissão dos filhos e da mulher a essa autoridade. Principalmente na classe trabalhadora, o respeito (ou medo) ao marido é um valor cultural sedimentado. Questionar essa realidade parece ir contra uma estrutura de pensamento de conteúdo religioso, moral, econômico, psicológico e social. Discutir sobre a submissão da mulher em relação ao homem, significa desarticular uma estrutura que embasa crenças e conceitos antigos de dominação. Estar inserido em um ambiente familiar no qual, constantemente, os pais são agressivos entre si, ou mesmo com os filhos, favorece a uma concepção naturalizada da violência. São mulheres que cresceram vendo o pai bater na mãe, esta bater nos filhos, o irmão mais velho bater-nos mais novos, estes nos colegas, reproduzindo um ciclo constante de violência. Desta forma, o apanhar passa a não simbolizar desamor, mas sim uma forma de se estruturar como pessoa, em que o subjugar-se ao outro é um modelo de relação aprendido na infância. Sofrer violência na infância torna as pessoas inseguras, com baixa auto-estima, com ausência de senso crítico sobre a violência e dificuldades de estabelecer relações positivas. Essas conseqüências repercutem na escolha que a mulher fará de seu futuro marido, bem como na sua reação frente à violência. Os historiadores relatam que, desde a antiguidade, a mulher, enquanto criança, era propriedade do pai; depois de casada, passava a pertencer ao marido. Este lugar de superioridade ocupado pelo homem em nossa sociedade implica, contudo, em um ônus que este acaba pagando por tais “privilégios”. Assim como a mulher, ele não tem o direito de escolha do papel a ser desempenhado socialmente, tendo que ser o provedor do lar, terminando mutilado em sua possibilidade de desenvolver a sensibilidade e a capacidade de realizar atividades relacionadas ao mundo doméstico. Percebe-se, assim, que tais modelos ideológicos trazem conseqüências negativas para ambos os sexos, uma vez que os impossibilita de vivenciar suas potencialidades de maneira integral. POSTADO POR UMA MULHER
http://araretamaumamulher.blogspot.com/2010/05/as-situacoes-de-violencia-contra-mulher.html


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Quinta-feira, 20 de Maio de 2010
É comum o questionamento acerca das razões que levam uma mulher a permanecer em uma relação violenta. Alguns estudos realizados, dentre eles o do Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), demonstram não haver uma causa única, mas sim múltiplos fatores que corroboram esta situação. É imprescindível, entretanto, a tentativa de identificação dos principais aspectos envolvidos neste processo, no intuito de compreender a dinâmica de uma relação marcada pela violência. Uma mulher pode permanecer durante anos vivenciando uma relação que lhe traz dor e sofrimento, sem nunca prestar queixa das agressões sofridas, ou mesmo, quando decide fazê-la, em alguns casos, é convencida ou até mesmo coagida a desistir de levar seu intento adiante. No que se refere a este aspecto, constatou-se que as vítimas permaneceram em média de 2 a 5 anos no relacionamento. A violência acaba sendo protegida como um segredo, em que agressor e agredida fazem um pacto de silêncio que o livra da punição. A mulher, então, passa a ser cúmplice das agressões praticadas contra si mesma. Em face de tal realidade, desenvolvem-se concepções populares de que as mulheres “gostam de apanhar”, ou ainda de que “algo fizeram para merecerem isto”. Esta idéia nega a complexidade do problema e atribui à violência um caráter individual, oriundo de aspectos específicos da personalidade feminina. Vários são os motivos pelos quais a primeira agressão sofrida, geralmente, não é denunciada: a mulher pode vivenciar um conflito, por não desejar separar se do companheiro ou, mesmo que ele seja preso, apenas pretende que cessem as agressões, procurando socorro, somente quando já está cansada de apanhar e se sente impotente. Freqüentemente, as mulheres procuram justificar as atitudes do agressor, através de argumentos como o ciúme e a proteção, que acreditam ser demonstrações de amor. Atribuem ainda a fatores externos, como o estresse, decorrente principalmente do trabalho, das dificuldades financeiras e do cansaço. Também o álcool é um motivo alegado pela grande maioria das vítimas, para explicar o comportamento agressivo de seus parceiros. O álcool estimula este tipo de comportamento dos homens, mas age apenas como um catalisador de uma vontade pré-existente, havendo, portanto, uma intenção em ferir a integridade física da mulher. Quando há o desejo de se separar do marido, esta idéia vem sempre acompanhada por sentimentos de culpa e vergonha pela situação em que vive, por medo, impotência, debilidade, além dos mitos sociais que afirmam o prazer da mulher em apanhar. Todas as mulheres, depois de tomada esta decisão, ainda enfrentavam uma situação de instabilidade ocasionada por ameaças de perder a casa, a guarda dos filhos e a realidade de sobreviver sozinha. Desta maneira, elas só tomam a decisão quando não têm mais alternativas e não suportam a dor. Ainda assim, muitas se mantêm em uma relação de dor para não verem a família destruída. Outro elemento que impede a separação entre vítima e agressor e contribui para o aumento do índice de violência é a falta de apoio social, refletido pelo escasso número de pessoas (parentes, amigos ou vizinhos) ou entidades (igreja, instituições), aos quais a mulher pode confiar o suficiente para relatar as agressões e acreditar que algo será feito para evitar sua incidência. Quando a mulher tem uma boa relação com familiares e amigos, permitindo-se contar-lhes sobre sua vida conjugal, suas casas passam a ser uma possibilidade de refúgio. No entanto, quando isto não é possível, devido à situação de isolamento provocada por seu parceiro, a única possibilidade encontrada é recorrer às casas-abrigo, que funcionam para acolher mulheres em situação de violência, mas que representam, para muitas, enfrentar um futuro desconhecido. O fator financeiro foi o mais destacado por depender economicamente do companheiro e terem medo de não conseguir sustentar a si mesmas e/ou a seus filhos; outras, por receio de perderem suas residências, como confirma o depoimento seguinte: O que me faz permanecer nesta situação é que a casa é minha. Eu trabalho para sustentar eu, filho e casa. Eu não posso sair da minha casa com minhas filhas e viver de aluguel, ou então viver na rua pra deixar a casa pra ele [...] Agora, deixar minha casa pra ele, eu não vou deixar, porque eu não tenho condições de viver de aluguel. (36 anos, 4ª série, 9 anos de convivência, casada). O caráter cíclico da violência, caracterizado através de momentos alternados de agressões e afetos, nutre uma esperança nas mulheres de que seu companheiro possa vir a se arrepender de suas atitudes e restabelecer um ambiente familiar harmônico. A gente pensa que vai mudar. Ao passar dos tempos, dos anos, a gente acha que aquele comportamento vai mudar, mas só piora; ele pensa que é nosso dono [...] (28 anos, 2º grau completo, 10 anos de convivência, separada). As relações entre homem e mulher são marcadas por uma desigualdade de poder que favoreceu o estabelecimento de um modelo de família patriarcal, na qual à mulher cabe a submissão e o não questionamento dos comportamentos masculinos. Esta atitude é também reafirmada pela idéia de sacralidade da família, tida como uma entidade inviolável, devendo ser protegida de qualquer interferência externa. Esta realidade é expressa no cotidiano, por frases do tipo “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”. Nesta tentativa de preservação da imagem familiar, os filhos são tidos freqüentemente como elos de ligação da vítima a seu agressor. As mulheres persistem na relação conjugal por desejarem criar os filhos junto ao pai. O que me fez permanecer foi meu filho de oito meses. Porque meus pais têm 37 anos de casados e criaram os filhos juntos. (19 anos, 2º grau incompleto, 1 ano e 6 meses de convivência, separada). As ameaças de morte têm sido outro artifício bastante utilizados pelos homens, como meio de aprisionar suas companheiras. Eles utilizam-se do medo para impedir a desvinculação da mulher a ele, e, sobretudo, o estabelecimento de um novo relacionamento afetivo. O que me fez permanecer nesta situação foi porque gostava dele e tinha medo, pois ele me vigiava. Chegava bêbado e me ameaçava, dizendo que se eu não ficasse com ele também não ficaria com ninguém. (27 anos, 5ª série, 13 anos de convivência, separada). POSTADO POR UMA MULHER


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Quarta-feira, 19 de Maio de 2010
Toda a mulher tem direito a que se respeite sua integridade psíquica e moral. Na medida em que nossa sociedade produz modelos de comportamento desiguais a serem obedecidos por homens e mulheres, ou seja, a mulher é mais valorizada quando se dedica inteiramente à família, aos filhos, ao marido, ao cuidado com a casa etc., a violência psicológica contra a mulher passa a fazer parte da própria cultura. As práticas sociais e culturais baseadas em conceitos de inferioridade e subordinação da mulher passam a ter um valor positivo. Fica claro que, nessas circunstâncias, metade da humanidade passa toda a sua vida vivendo sob uma arraigada tensão psicológica. De maneira geral, a violência psicológica está sempre presente na violência física e sexual contra a mulher, principalmente na violência doméstica ou intrafamiliar, quando o agressor é um membro da família. Neste contexto o agressor vai minando a auto-estima da mulher, anulando ou desclassificando suas emoções, desvalorizando suas realizações e ridicularizando-a em casa ou na rua. Falam-se muito em violência doméstica, murros, pontapés e coisas bem piores. Este tipo de violência é mais fácil de denunciar, uma vez que existem marcas físicas da agressão. Mas existe um outro tipo de agressão que por norma não se fala, até porque não existem provas. É a chamada agressão psicológica, que se poderá se tornar tão ou mais agressiva que a agressão física, porque destrói a pessoa por dentro deixando marcas psíquicas, paralisando-a tornando-a paranóica, doente por dentro, no que existe de mais intimo. É existe um perfil para este tipo de agressor, que gosta de atrair mulheres, bem sucedidas profissionalmente, com boa estabilidade emocional e financeira. São indivíduos quase sempre simpáticos, extrovertidos e educados, com enormes complexos de inferioridade. Daí terem como objetivo a destruição de pessoas bem sucedidas que lhe estão próximo. Começam com pequenos “conselhos”, do gênero: “Está mais gordinha! Tem de prestar atenção à sua alimentação!”. “Depois vão avançando para discretos comentários em público, que a paralisem e a façam sentir insegura, sem que os outros percebam: “Estás com mau hálito”, “Estão a gozar com você,” Ouvi comentar que está mal vestida “““… Perante isto, e com o passar do tempo à pessoa vai perdendo a auto-estima, enquanto que ele brilha cada vez mais. Aos poucos vai ganhando fama de tímida e lá se vai desculpando com o trabalho e o cansaço, recusando educadamente os convites dos seus amigos… E incrível como a vitima não consegue realmente perceber que está sendo manipulada, até que seja tarde demais. Porque a violência começa de uma forma tão sutil, tão como se fosse até um carinho, um gesto de boa vontade, e quando percebemos já caímos. Curioso é que a vítima acredita o outro é o seu único amigo e mesmo quando o abuso é insuportável, há uma tendência enorme para acreditar nas críticas e nos insultos que lhe são dirigidos. É de suma importância ter em mente que esse individuo é alguém com um enorme complexo de inferioridade, que não tem nenhuma segurança, e por isso vivi de tentar minar a auto-estima de outros, pois só assim ele se sentirá superior. Essa é a vontade de todo agressor, a de ser superior, é ele quem manda, ele que dá as cartas, ele é o senhor todo-poderoso, a quem todos devem respeito, e reverencias. Pessoas desse tipo vivem demarcando território, ele não quer mais não se interessa mais, mas o território é dele, ninguém pode se aproximar. E por isso tipos como esses cometem assassinatos, como o que aconteceu em Rondonópolis, onde um psicopata entrou em um restaurante e assassinou sua ex namorada e seu padrasto e sua mãe, justificativa do assassino (que alias se sente ofendido, quando é chamado assim: ela o estava desprezando). Homens desse tipo não conseguem viver se não estiver controlando todas as situações em volta deles. O medo tremendo que sentem em perder o controle da situação é tal ou mais do que o medo que eles nos causam. Nosso problema é que ficamos tão enredadas em suas tramas que não conseguimos ver o obvio. Em casa ele não liga, grita a toda a hora, manda-a calar, chama-lhe burra, diz-lhe que está com cara de velha e que nem vale a pena maquilar-se porque ainda fica pior… Em público, abraça-a, beija-a, elogia-a em voz alta, mas lá a vai humilhando em segredo, sempre à espera que tenha um ataque de fúria perante toda a gente que o acha o máximo, de forma a que todos concordem que endoideceu de vez, quando na verdade o doente é ele! Reconhece este quadro? Se a resposta for afirmativa, talvez esteja na altura de tomar uma atitude, mas não sem antes preparar um grande jantar de amigos, contarem umas histórias e anedotas, e lá uma vez por outra, aproxime-se dele com o sorriso mais convincente do mundo e segrede-lhe que, além de estar com um hálito de morte e um macaco na ponta do nariz, está mais mal vestido que um palhaço! Abrace-o e continue a distribuir sorrisos pelos seus convidados! Afinal, faz bem provar do próprio veneno! É tão avassalador porque é uma situação em que você fica realmente sem ter como provar o que está se passando. Não tem como as pessoas saberem que você está falando a verdade. Que a verdade é que você esta sendo psicologicamente violentada. Não existem formas materiais de se provar uma situação dessas. Vivemos isso por muitos anos, meus filhos e eu, mas parece que agora eu encontrei uma forma de dar ao malandro um pouquinho do seu remédio. Vamos ver se ele vai gostar... POSTADO POR UMA MULHER


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Quarta-feira, 12 de Maio de 2010
As conseqüências das agressões sofridas no lar - se é se pode chamar assim uma casa onde há violência-requerem custos econômicos enormes, são despesas com médicos, apoio social e psicológico, abrigo, entre outros. Mas, o preço da violência ultrapassa o valor financeiro. Dinheiro não é o empecilho para que isso seja solucionado. Melhor se fosse. O custo a ser levado em consideração é o pessoal e o social do sofrimento das vítimas. Freqüentemente, a sociedade enxerga as agressões que acontecem dentro da casa do vizinho, por exemplo, como um problema localizado e, preferem não se interferir. Esse pensamento é bastante comum, já que não imaginam a ligação que há entre a violência daquela casa e a que ocorre na esquina. A agressão cometida num ambiente familiar não é menos grave, ou merece tão ou mais a atenção das pessoas. Além disso, as pessoas não costumam projetar as conseqüências da educação dada àquela criança agredida na casa do vizinho na sociedade. Pessoas que sofreram violência na infância, quando crescem, reproduzem essa atitude, tornando-se adultos violentos. A violência não é hereditária, mas sim aprendida. A família como base do desenvolvimento humano deveria ser o ponto de partida para uma criança receber orientação e amor. No entanto, diversas famílias proporcionam esse desenvolvimento moldado por agressões gratuitas ou ainda violência justificada supostamente pelo amor. A perpetuação da violência assegura e reforça as relações de poder historicamente desiguais e injustas entre os membros da família. Seja do homem sobre a mulher ou dos pais sobre os filhos. Reproduz, dessa maneira, uma atitude doente, de geração em geração, que se repete e se agrava através dos tempos. Esse comportamento está arraigado na cultura e, por conseqüência, na educação de todos; e, sem perceber, as pessoas encaram o problema como algo ‘aceitável’ e ‘comum’. É comum que não só as famílias que sofrem com a violência, mas também toda a sociedade fechem os olhos para as barbáries que estão por todos os lados gritando por socorro. As pessoas recusam-se a enfrentar tal realidade e, por conta dessa omissão - a qual pode ser chamada de cumplicidade -, permitem e até, por que não dizer, encorajam a violência. É importante ressaltar que a autoridade dos pais na família deve ser fundamentada no respeito e não nas relações de poder exercidas pelos mais fortes sobre os mais fracos. Os pais fazem uso da necessidade que os filhos têm de seus cuidados e, com esse poder, manipulam a relação. O pátrio poder em relação à criança cria uma dependência ainda mais cruel ao passo que o filho fica à espera de amor, mas os pais podem decidir por conceder ou retirar esse sentimento, ou ainda transformá-lo em algo bem perverso. Os pais são capazes de criar uma confusão imensa nos filhos quando maltratam e dizem que o fazem em nome do amor que sentem por eles. Nesse momento, as crianças chegam a relacionar a dor provocada pelos pais ao carinho que dizem sentir. A criança fica sem defesa pelo fato de tratar-se de alguém da família. Pois, se por um lado aprendeu a desconfiar de estranhos, por outro, disseram-lhe que ‘na família tudo é permitido’. O domínio sobre a criança pode ser exercido facilmente. Todos os caminhos que levam à discussão sobre como educar os filhos, num momento ou em outro, chegam à violência como ‘solução’. A punição é resultado de tolerância cultural, a sociedade já está acostumada ao castigo físico como procedimento educativo, dentro de uma estrutura de poder autoritária. Tal situação é mantida pela figura do pátrio-poder,que permanece intocável. Lamentavelmente, o que se ouve com grande freqüência é: ‘um tapinha não faz mal a ninguém’. Tal expressão não se justifica, já toda ação que causa dor física numa criança, varia desde um simples tapa até o espancamento fatal. Embora um tapa e um espancamento sejam diferentes, o princípio que rege os dois tipos de atitude é exatamente o mesmo: utilizar a força e o poder. Muitos pais dizem crer que uma ‘simples palmadinha’ não é violência e que pode ser um recurso eficiente. No entanto, bater não passa de uma atitude equivocada de descarregar a tensão e a raiva em alguém próximo e que não pode se defender. A mãe deixa sempre claro que o bebê que ela concebeu é ‘filho dela’ - o uso do indicativo de posse é inevitável e nem sempre traz uma conotação de orgulho e carinho. Muitas vezes, a expressão ‘o filho é meu’ carrega a intenção de mostrar a quem quer que seja que ‘faço o que quiser com ele, é meu’. Isso intimida a sociedade para que não haja interferência naquela relação de posse. A violência doméstica contra crianças assume contornos nem sempre brutais e evidentes, ou seja, nem sempre deixam marcas físicas. Muitas vezes, são constantes agressões ‘cuidadosas’ - para não marcar, atitudes que humilham, gestos de raiva, negligência e outras violências sutis que também deterioram, destroem, estraçalham, ou, no mínimo, atrapalham o desenvolvimento da criança e deixam conseqüências drásticas, não só no corpo, mas principalmente nas lembranças. POSTADO POR UMA MULHER


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Terça-feira, 11 de Maio de 2010
Considero-me e aos outros responsáveis pela sua morte, e também sinto inveja e ciúme das mães com filhos vivos, ressinto-me daqueles que acho não merecedores da vida ou merecedores da morte e sinto raiva de você meu filho por ter morrido e de Deus por ter te levado. Ninguém consegue me dizer “nada de certo”, dias em que “grito para todos”. Estes sentimentos são tão estranhos só podem ser reconhecidos por via da negação. Eles são vividos como “não eu” não-possibilidades temidas que ameaçam transformar-me em uma “identidade negativa”, na pessoa que eu sempre evitei ser. Vejo como sinais da insanidade que se aproxima e se iludo a fim de escapar de meu caráter inerentemente conflitivos. Por exemplo, a fim de negar a sua morte. Tentei “escapar” por meio caminhadas, compras, ou mesmo viagens. Já que “escapar” envolve escapar de mim, dos meus auto enganos temporariamente bem sucedidos frequentemente culminam em experiências de desligamento da realidade e despersonalização. Como pode ser visto, os meus auto-enganos são bastante dolorosos; portanto, também são conflitivos. Eu, então, luto contra eles tanto quanto os gero. Sou inextricavelmente atraída para o momento e o dia da sua morte é perseguida pela imagem de seu corpo. Construí uma imagem a da cena da sua morte e empreendo uma vigília na qual espera pelo seu retorno em horas rotineiras do dia durante épocas tradicionais do ano. Repetidamente revejo a cena da sua morte e minha reação ao ser avisada a respeito dela, assim como várias cenas de nossas vidas juntos. Estas repetições são essenciais para mim; elas constituem minha luta para aceitar o fato e a finalidade da sua morte. Nunca vou compreender isto plenamente. Existe sempre uma outra situação que revela outro significado. Tenho que viver com os aspectos desconhecidos da vida, morte e do futuro prematuramente interrompido, com minhas fantasias sobre o que poderia ter sido. Vivencia esta frustração ao procurar uma razão para a morte, ingenuamente “reduzindo” o significado da vida ou da sua morte, ou persistentemente perguntando a Deus porque o filho morreu. Eu me pergunto, até onde você poderia ter ido... E, então, em uma fração de segundo, tudo aquilo que se foi.... Eu não estou furiosa com Deus, mas eu me pergunto por que você partiu... Assim mesmo... Eu sei que continuo me questionando.” Minha incapacidade em fugir do significado da sua morte resulta em incontroláveis ataques de choro que a esvaziam e esgotam e em sentimentos de fraqueza, solidão, ânsia, indiferença e incapacidade. Tristemente, entretanto, sinto me abandonada pelos outros. Eles retiram-se na crença de que a sua morte de é insuportável, é como se a dor deles, fosse maior do que a minha, vivo estas repulsas e concluo que somente outros pais enlutados podem entender-me. POSTADO POR UMA MULHER


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Segunda-feira, 10 de Maio de 2010
Eu tenho uma dor dentro de mim que não consigo me livrar. É como se uma parte minha estivesse sendo dilacerada. Presa dentro desta esfera conflitante, temo que serei dilacerada por minha dor. Partes do meu corpo, especialmente meu estômago e ventre, detém meu filho. É como se eu estivesse sofrendo um ataque contra o qual só posso lutar conflitantemente; como a morte do meu mundo; como a destruição do meu passado, presente e futuro. Tentei viver o presente como se você ainda estivesse vivo, mas fui derrotada. Depois tentei viver como se sua morte não tivesse alterado de maneira irremediável a minha vida, mas também fui derrotada nesse esforço. Então agora sei que estou sendo atacada pelo meu luto e pela morte...Sou forçada a viver num mundo que não inclui a sua presença viva, nem a possibilidade dessa presença posso ter. Posso escolher entre lamentar ou não esse fato, mas não tenho escolhas quanto a viver nesse mundo sem você. Sua morte para mim, não foi somente a morte do seu corpo, ou de um ser particular, não foi muito mais, foi a morte do meu mundo constituído. O meu mundo temporal vivido dia a dia, mês a mês... As coisas triviais que você gostava, que fazia, mesmo nossas brigas e discussões, que antes eram possibilidades, agora representam as impossibilidades. Ainda não consigo olhar para um doce de leite, suspiro, fazer chá matte, fazer massagens, e tantas outras coisas porque sei que você nunca mais vai esta aqui para apreciar. Eu sinto sua falta terrivelmente... No inicio estava abrigada pelo estado de choque, atordoada com a enormidade da minha perda, incrédula de que isso realmente tivesse acontecido comigo. Nunca mais você irá participar criativamente, surpreendentemente, ou mesmo previsivelmente de um diálogo comigo. Minha angústia em confrontar rejeitar, provisoriamente aceitar o significado desta finalidade estrutura meu luto. Incorporei a sua morte como um vazio que não posso preencher. A sua inexistência é meu vazio. Você sabe, nós brincávamos o tempo todo e isto tudo simplesmente se foi. Agora, qual é o meu sentimento? O que eu sinto? É somente um vazio... Você se foi... Assim. Eu penso às vezes também, se você tivesse ficado doente, ou se nós o tivéssemos visto, você sabe, sabendo que nunca ia melhorar, eu não sei se isso teria feito alguma diferença. Eu tenho sentido frio à noite. POSTADO POR UMA MULHER

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Quarta-feira, 5 de Maio de 2010
Ainda me lembro de quando estava grávida de você, lembro-me de que foi uma época especialmente difícil para mim. Foi a confrontação da realidade que minhas escolhas foram totalmente erradas, baseadas em desespero, em erros que me levaram a outros erros... Quando fiquei grávida de você, não pude mais deixar de enxergar que o pai que eu escolhi para vocês, que o homem que eu escolhi para viver ao meu lado, era na realidade um monstro. Uma pessoa sem a menor sensibilidade ou empatia pelos problemas do outro, mesmo que esse outro fosse eu, sua irmã ou você. Alias para ser realista, não mesmo que se fosse, é principalmente se fossemos nós. Um homem capaz de caluniar, de fazer com que minha vida se tornasse um verdadeiro inferno, pelo simples fato de que isso lhe dava prazer, ainda não sei o que dói mais, se o fato de ter sofrido tanta violência durante minhas gravidez, ou se o fato de ter descoberto que elas foram muito bem planejadas..., talvez isso tenha começado a influenciar você, ficávamos sozinhos sua irmã, eu com você dentro de mim, o dia todo, tendo como comida arroz e tomate, outras vezes ovos e arroz, o pão era comprado nas promoções e vinha de cinquenta ou até mais e ai tínhamos que come-lo ao longo do tempo do jeito que tivesse....mas não era por falta de dinheiro, dinheiro esse monstro sempre teve muito, era por pura crueldade...meu Deus como demorei para descobrir isso, como eu me achava poderosa a ponto de acreditar que eu tinha o poder de mudar uma mente tão demoníaca... Lembro do dia que você foi nascer eu e sua irmã, fomos ao ginecologista, porque já fazia dias que eu não estava me sentindo muito bem. Ela disse que você já estava passando da hora de nascer, que teríamos que fazer o parto o mais rápido possível, quando sai da clínica e fui descendo a rua, sua irmã disse que já estava cansada... Ela tinha apenas quatro aninhos, eu a peguei no colo, nesse momento seu pai passou de carro, parou perguntou por que tínhamos saído de casa, eu disse, disse que tinha que ir urgente para o hospital, você já estava querendo vir ao mundo a muito, ele simplesmente me disse então vai pra casa com a menina, que mais tarde eu vou lá te pegar... Meu Deus, quanta falta de consideração, quanta falta de humanidade... Muito tempo depois eu fui saber que naquele momento estava indo temperar uma carne para um churrasquinho com os amigos de pescaria... Lembro-me que quando você tinha vinte dias tive que te deixar com uma empregada e sair para buscar trabalho, porque não aguentava mais aquela vida de miséria, de calunia de difamação, de descaso... Sabe “Vi” uma cena que não me sai da cabeça é quando você fez um aninho, eu consegui comprar um velotrol para você, fiquei tão feliz, e você quando recebeu o presente, lembro até agora da sua felicidade montado naquele velotrol azul, que comprei com o meu salário, seu pai estava em uma pescaria como sempre, quando chegou nervoso, ele estava “nervoso” com a gente, ele chutou o velotrol até quebrar o guidon, lembro da tristeza estampada em seu rostinho, da dor que você deve ter visto espada em meu rosto... Uma semana depois ele arrumou um pedaço de pau e arrumou o guidon, mas eu sempre que olhava para o velotrol me lembrava dos coices, e acredito que você também. Você aprendeu muito cedo meu filho a violência, a mais extrema e cruel forma de violência, a que é cometida com os seus, a violência silenciosa que não podia sair de dentro de nossa casa, a violência que tinha que ser fingida, escondida, engolida... Talvez por isso você roía sua unhas, assim como eu comia muito para esconder dentro do excesso de gordura o medo, a humilhação, a dor, você roía suas unhinhas para não externar a barbaridade que estávamos todos nós vivendo, experimentando...foram anos terríveis aqueles, alias você meu filho teve uma vida difícil muito difícil, tenho que admitir isso, fico me perguntando porque só agora tenho consciência de tudo isso? POSTADO POR UMA MULHER


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Terça-feira, 4 de Maio de 2010
Ser mãe é padecer no paraíso, quanta alegria e celebração à mulher que pode dizer isso – ela é mãe de filho vivo. Mãe de filho morto é mulher que desce ao inferno da dor, do desespero e da depressão. Sua vida, de céu não tem nada, há apenas um quedar-se insone, ansioso e impotente diante de um destino que não pode mudar. Se mães pudessem pressentir a morte inesperada de filhos, em crimes e acidentes, ou salvá-los de morte anunciada por enfermidade que vai se estendendo, simbolicamente tentariam aquilo que é fisiologicamente impossível: pelo mesmo e agora já inexistente cordão umbilical, através do qual os colocaram no mundo, os trariam de volta ao aconchego do útero. Sim, é nele, útero, que a constante dor emocional da morte, quase sempre psicossomatizada, lateja fisicamente. Sinto dores intensas em meu útero até hoje – útero que já foi preenchido pelo feto, feto que virou filho, filho que virou sepultura. A dor não passa jamais. Emocional e fisicamente, é como se ela fosse mudando de lugar e me machucando em espaços diversos. O falecimento de um filho é dor que dói na alma e no corpo. Não há superação, mas tão somente adequação de seu dia a dia ao sofrimento. Às vezes, quero acreditar que o meu filho não morreu. Há uma razão para isso, pendulando entre a filosofia e a biologia, essas duas áreas do conhecimento que são também elas, mães – preciosas mães do entendimento da condição humana: existem na vida dois fenômenos irreversíveis, ou seja, a maternidade e a morte. A mulher é uma mulher e quando dá à luz passa a ser uma mulher-mãe. Se seu filho morre, ainda assim ela continua sendo mãe. “Não existe ex-mãe”. A DIFICULDADE DE OLHAR NO ESPELHO Acredito que para toda mães que passa por uma experiência dessa a vida muda naquilo que é mais perceptível, ou seja, na rotina, na saúde, no ânimo e nos projetos. Mas muda também, e em doses alucinantes de padecimento, naquilo que é inconsútil, mas se torna marcado para sempre: a alma. “Onde está o meu Vi para eu abraçar, cuidar, beijar”? É como amputar um braço, não se recupera mais. É uma dor que é um buraco que nada preenche. Falou-se em alma da mulher-mãe, falou-se no desejo impotente de amparar o que já é inerte e assim faz-se necessário voltar aqui à teoria do luto. O que é essa alma? Como se dá o processamento da irreversível perda? O projeto de maternidade, bem como a maternidade consumada, é para a mulher uma espécie de “prolongamento de seu ego”, assim ensinou a humanidade o criador da psicanálise, Sigmund Freud, e dois de seus mais geniais seguidores – embora tenham rompido com o mestre no andar da carruagem do conhecimento humano – Melanie Klein e Jacques Lacan. Pode-se dizer, mesmo, que “é um ato narcisista da mulher e na criança ela vai projetar a si própria, o que não quer dizer que não a ame profundamente e para sempre”. Assim, quando o filho morre, três dores se sobrepõem. Em primeiro lugar, o “espelho-lago da mitologia de Narciso”, presente em todos nós, se parte e muitas mães órfãs mal conseguem olhar-se de fato num espelho de verdade. Eu não conseguia no início olhar no espelho, o meu olhar sangrava a minha alma. Fiquei oca. Em segundo lugar, a morte do meu filho interrompeu toda a perspectiva de futuro que depositei nele, inclusive o futuro de ver seus genes se fortificarem e se perpetuarem – essa é parte emocional e novamente não tangível, mas contam também os projetos visíveis de vê-lo estudar, viajar, fazer dele uma pessoa e tê-lo como uma grande e constante companhia. Com ele vivo o mundo era uma escada rolante subindo; quando ele morreu, nem se pode dizer que essa escada rolante parou. Na verdade, ela desceu despencando. A CULPA POR ESTAR VIVA Ocorreu em mim uma inacreditável descontinuidade. Eu perdi meu presente e, sem presente, naufragou meu futuro. Finalmente, a morte de um filho interrompe o inexorável, mas natural caminhar do tempo: estamos culturalmente preparados para assistir, primeiro, à morte de nossas bisavós, avós e pais – ou seja, daqueles que primeiro chegaram ao mundo. O falecimento do descendente, portanto, interrompe essa ordem estabelecida de vida e morte e a mulher-mãe enlouquece ao triste estilo dos incrédulos que não se cansam de perguntar “por que, por quê? Por quê?”. Dá culpa muito sentimento de culpa. Em meu caso, também a culpa, como se culpa houvesse, se desdobra em dois planos. Novamente a culpa da alma, a da ordem natural interrompida de nascimento, crescimento, envelhecimento e morte. Há o desespero que somente a desesperada sabe qual é. Agora, no angustiante luto cercado de símbolos, eu atravesso noites a fio me indagando: “Vi” essa cena não está invertida? Não sou eu que tenho de estar morta e você vivo? Despedaçada prossigo. Na subversão do tempo dos vivos e dos mortos, quando gente pequena morre antes de gente grande, ou na “traição do tempo”, como às vezes prefiro definir, já não vale o lugar-comum que repetimos e julgamos toda dor aplacar: “Dê tempo ao tempo que a dor passa.” Não. O tempo estanca e não há lenitivo; e entre aqueles que se especializam em cuidar delas é impossível quantificar um período de luto. “Perder um filho é o maior stress que o ser humano pode passar. Não dá para dizer quanto dura esse luto, ele pode ser eterno”, diz a psicólogo Éster Affini, especializada no atendimento desses casos. Luto eternizado e tempo estancado. Que nome dar a essa dor? Essa dor não tem nome. POSTADO POR UMA MULHER


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Segunda-feira, 3 de Maio de 2010
Um milhão de mulheres celebrando sua menstruação O grupo de círculos de mulheres do Projeto Clã dos Ciclos Sagrados, coordenado por pela terapeuta Sabrina Alves, carioca de nascimento e paulista de coração, reaviva uma campanha que pretende ter ação mundial entre as mulheres para valorização dos ciclos de sangue feminino. A campanha com nome original em inglês “Menstrual Monday”, ou a “Segunda Vermelha” adaptado para o português, convoca a mulher contemporânea a participar ativamente de sua própria vida, redescobrindo e compartilhando com outras mulheres sua essência, empoderando-se e tornando-se uma forte agente transformadora de si mesma, de sua comunidade e do Planeta. .::História da Campanha::. Com nome original em inglês “Menstrual Monday”, ou a “Segunda Vermelha”, adaptado para o português, a campanha convoca a mulher contemporânea a participar ativamente de sua própria vida, redescobrindo e compartilhando com outras mulheres sua essência, empoderando-se e tornando-se uma forte agente transformadora de si mesma, de sua comunidade e do Planeta. A primeira vez que se comemorou foi em 2000, idealizado por Genebra Kachaman e Molly Strange. Elas arrumaram um jeito de incentivar as mulheres a ritualizarem suas menstruações e o fizeram com manifestações artísticas. Na época, a campanha teve adesão da França, Canadá, Escócia e Quênia. Kachaman e Strange diziam que a intenção da campanha era criar um senso de diversão em torno de menstruação; para encorajar as mulheres a assumir a responsabilidade da sua menstruação e de saúde reprodutiva, para criar uma maior visibilidade da menstruação nos meios de comunicação social; e para reforçar a honestidade da menstruação em nossos relacionamentos. Na realidade a campanha foi um efeito contrário à grande quantidade de registros do chamado “choque tóxico” provocado pelos tampões internos naquela década de 90 e por tudo o que ele representa para a mulher: vulnerabilidade, vergonha, invasão, agressão e uma infinidade de doenças arrebatadoras e outras tão silenciosas quanto fatais, como o câncer de útero. Os tampões vão bem, obrigada, e pra quem trabalha com saúde da mulher, como eu sei que o número de casos de “choques tóxicos” com tampões e absorventes descartáveis continua de vento em polpa, no mundo todo. Menos na Índia, porque lá elas nem sabem o que é isso. Bom, sorte a delas. O movimento “Segunda Vermelha” parte de uma releitura dos aspectos femininos que se contrapõe ao movimento feminista da década de 70, onde os processos cíclicos da mulher foram caracterizados como uma desvantagem para a disputa com o homem pelo mercado de trabalho. Ele é fruto de novas perspectivas em relação à mulher e a natureza, o que ficou denominado como ecofeminismo, que revela um novo corpo feminino que se molda e vem surgindo em movimento de valorização dos aspectos e protagonismo femininos revelando um enorme potencial das mulheres em mudar o curso da história. A campanha não pretende excluir o homem das novas atividades dessa nova mulher; ao contrário, é um chamado para valores como honra e respeito à diversidade, principalmente à multiplicidade dos aspectos da mulher. O movimento tem como mote o dia das mães. Por que a menstruação vem antes e, muitas vezes, depois dela também. E na verdade é a grande liga, o grande fio condutor da vida, o sangue. Mas eu queria dizer mais uma coisa sobre esta data escolhida para representar a Segunda Vermelha: inicialmente Julia Ward Howe criou o “Dia das Mães para a Paz” nos Estados Unidos. É, pois é, o dia das mães era político/espiritual. É verdade também que a visão oportunista americana o transformou em uma data “capitalistamercadológica”, porém vejo em nossas mãos a chance de redefinir esta data novamente. O fato é que os anos que se seguiram, a campanha foi tomando forma. Com alguns registros em outros países. E sempre comemorada, mantida e coordenada por Deanna L’am nos Estados Unidos. E assim, pela ação cada vez mais pungente dos novos movimentos de mulheres conheci DeAnna L'am, pois partilharmos do mesmo estilo de trabalho. Ela Compartilhou a proposta. Achei linda e viável. Convidou-me pedindo que eu coordenasse a campanha na América do Sul. Eu recebi. Gestamos. E na SEGUNDA VERMELHA 2008 LATINA todas “vermelharam” juntas em um só ventre e coração. Em 2009 tomaram-se novas esferas, novas mulheres partilhando. Em 2010 foi criado o Blog / http://segundavermelha.blogspot.com / com o intuito de gerar material de informação para os próximos anos da Campanha no Brasil e a possibilidade de criar um museu virtual, de modo que todas as ações das mulheres pelo Brasil fiquem registradas. .::Campanha Segunda Vermelha 2010::. Este ano a campanha será no dia 03 de Maio, uma segunda-feira, claro! E está direciona à arte visual. Acesse o Blog e veja como aderir adequadamente à Campanha. http://segundavermelha.blogspot.com OBS: Quem quiser enviar a convocação que está fazendo em sua cidade para a gerencia do blog para ser publicado, é só escrever para: cladosciclossagrados@yahoo.com.br A todas as mulheres que, ao tomarem conhecimento de seu Poder de Sangue, sentiram-se a mais poderosa das mulheres, minhas sinceras reverências. Sabrina Alves 1 MILHÃO DE MULHERES CELEBRANDO SUA MENSTRUAÇÃO!! Porque menstruar intensifica a vida Dedicado a re-emergencia da Cultura da Mulher. Ativismo menstrual em ação! Iniciativa Brasil: WWW.CLADOSCICLOSSAGRADOS.COM Sabrina Alves Coordenadora Clã dos Ciclos Sagrados "Mulheres em círculo para honrar seus ciclos; avançando fronteiras e tecendo redes." www.cladosciclossagrados.com http://circulosagradodevisoesfemininas.blogspot.com http://segundavermelha.blogspot.com http://ayurvedaparamulheres.blogspot.com http://rusticacuisine.blogspot.com Skype: alvessabrina http://twitter.com/tecedeiradalma


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