Sábado, 31 de Outubro de 2009
O medo é com toda a certeza o maior vilão da humanidade. É o medo que nos leva a cometer todo o tipo de coisas, que nos tira o ar na hora que mais precisamos dele. É uma parte nossa que não tem razão é totalmente irracional, sem nenhuma lógica, sem nenhum senso de direção. O medo simplesmente nos deixa sem ação, sem reação. Quantas vezes planejamos algo e na hora ficamos mudos de medo, paralisados de pavor, e depois quando olhamos a situação vemos que era apenas "vento" ilusão, nada que pudesse realmente nos fazer mal.
Eu sempre me senti no olho do furacão, tudo era minha culpa, fui crescendo e esse sentimento foi crescendo comigo. Tudo o que acontecia de errado era culpa minha.
O excesso de religiosidade, o Deus da pobreza, que me fazia sentir que eu sempre tinha muito mais do que merecia, me acompanhou sempre.
Não consigo me lembrar de um dia ter me divertido, me sentido feliz, sem que junto viesse um enorme sentimento de culpa e a certeza de não ser merecedora. Nunca pude me divertir, brincar, porque Deus não gostava de ver as pessoas assim, alegres, felizes, Deus exigia, a dor, a provação o sacrifício... Será que alguém tinha idéia do efeito que esses absurdos estavam causando?
Tudo era pecado, culpa e vergonha, o mundo era uma ilha cercado desses sentimentos em minha infância e adolescência.
Carrego comigo até hoje o ranço do medo, do pecado, da vergonha.
O único prazer permitido, ou melhor, totalmente liberado em minha casa era comer, era o "pecado liberado". E eu comia, para esconder toda a dor das humilhações e dos maus tratos, não deixava transparecer porque não me sentia digna de reclamar, de pedir o que queria. Eu não merecia. Onde já se viu eu tinha muito mais do que Deus queria que eu tivesse, já que ele amava os pobres e sofredores...
Isso eu carreguei comigo, e com certeza ainda carrego, apesar de hoje ter consciência disso. Foi isso que levei para um relacionamento, onde fui usada, traída, espancada, humilhada, ultrajada, e apesar de tudo isso ficou calada, sem ação, até que aconteceu o inimaginável, meu filho do meio veio á falecer em um acidente de carro, porque um monstro que era o pai dele, o estava induzindo a trabalhar e sustentar a casa, (para sobrar mais dinheiro, para ele o monstro, viajar, namorar, se divertir e tripudiar conosco) só depois de uma catástrofe dessa eu tomei a atitude de não mais me calar.
Quando tomamos uma atitude, não estamos na maioria das vezes conscientes, do que aquela escolha vai nos causar no futuro.
Um dia uma criança rebelde na adolescência começou a ficar muito violento comigo, e procurei o jeito mais fácil de resolver o problema. Entreguei o meu filho para o pai dele. Isso era um castigo eu sabia, conhecia o monstro a quem eu estava entregando o meu filho. Mas "ele estava precisando de um castigo” eu pensei. Quantas vezes ele me ligou dizendo: "mãe vem pra cá. A senhora faz tanta falta." Mas eu não queria vir, não queria voltar. Não queria enfrentar novamente, o monstro, mas deixei que meu filho o enfrentasse. Sei que é minha responsabilidade enfrentá-lo. Mas naquela época não tinha esse discernimento, e agora que tenho, não tenho mais o meu filho. Meu filho está morto porque eu fiz as escolhas erradas. Porque não tive coragem de enfrentar o meu problema, o problema que eu criei para ele e para seus irmãos. Essa é talvez a maior dor. A dor de assumir a verdade. Mais eu creio que só assim eu vou me curar e me fortalecer.

E sei que o primeiro passo para essa cura é a minha decisão que tem que ser firme para transformar, e mudar toda a minha historia... Tenho uma historia triste, de maus tratos, de humilhações, de dores, de mentiras, de medos.........
Sei que fui eu que criei essa historia. Sei que sou responsável por tudo o que já me aconteceu, eu permiti que assim fosse.
Passei os últimos sete meses tentando de alguma forma achar alguém para responsabilizar por todas as coisas que aconteceram. mais não deu. Eu sou responsável pela morte do Vinicius, foram minhas atitudes irresponsáveis, foi minha loucura, minha insanidade que fez com que as coisas chegassem aonde chegou. O fato de existir outros responsáveis não diminui em nada a minha de responsabilidade... não diminui a minha dor.
No inicio achei que ia passar, mais agora sei que vou ter que conviver com ela sempre........A dor de saber que nunca mais vou ter a oportunidade de abraçar meu filho, de sentir o meu filho, de brigar com ele, de fazer massagem nele, de receber uma massagem dele.....de fazer a comida que ele gostava, essa dor vou carregar pra sempre, é minha ninguém pode carregá-la para mim.
A cada dia a certeza de que o meu desespero não vai acabar, fica mais claro e mais sem solução, não existe nada que eu possa fazer, nada vai mudar o fato de que o meu filho está morto, atualmente tenho tido tantos instantes em que me lembro do velório, do corpo dele no caixão, é como se essa parte eu tivesse deixado para vivenciar depois, porque naquela hora era doloroso demais, monstruoso demais................ O absurdo sem a graça...

"Você precisa investigar e descobrir por você mesma o que é a verdade". Essas palavras poderosas ditas por um amigo foi meu ponto de partida.
Quando você tem coragem bastante para por em duvida e examinar aquilo que aprendeu a aceitar como verdadeiro a sua recompensa será verdadeiramente deslumbrante. Descobrir e abraçar a verdade encherá seus olhos de lágrimas e erradicará as falsas crenças. "A verdade vos libertará".
A verdade nos libertará dos temores habituais que o processo da vida nos impõe. A verdade iluminará a necessidade de sermos qualquer coisa além do que já somos.
Mas todos nós temos segredos, todos nós temos alguma tendência a viver com medo do julgamento. Uma voz dentro de nós nos previne que outras pessoas julgarão nossas transgressões tão duramente quanto o fazemos.
Mas essa auto-codenação possui outra face. Para fazer com que nos sintamos mais seguros de sermos julgados, procuramos defeitos nos outros primeiro.
Toda incerteza vem do fato de que você está sob coerção do julgamento. Trazer a tona o que quer que você pense que está errado consigo mesmo é a única maneira de dissolver a culpa e a vergonha.
Quase todos nós já pedimos amor e recebemos rejeição no lugar dele. Levamos nossa frágil auto-imagem para situações em que elas foram surradas, em que a esperança morreu e nossa pior imaginação tornou-se verdade.
O efeito da rejeição, do fracasso, da humilhação, e de outros traumas é o entorpecimento dos nossos sentimentos.

Conheço centenas de milhares de pessoas que identifico, devido a minha própria experiência, como loucas. Não é o tipo de loucura que interna alguém num manicômio. É o tipo de loucura aceito e praticado em nossa sociedade. É a loucura que nos faz lutar pelo controle da nossa vida e da de todos os que fazem parte dela. Você conhece essa loucura, porque ela atormenta mais da metade da população adulta. Ela faz com que pessoas inteiramente capazes e competentes se eternizarem em empregos que as fazem infelizes. Que permaneçam em relacionamentos no quais traem e ou são traídas porque não há laços afetivos honestos e verdadeiros. Elas se envolvem em toda espécie de situações nas quais são maltratadas, desvalorizadas, destruídas, ignoradas, roubadas em sua humanidade.
Às vezes a vida nos parece sobre carregar com muito mais do que podemos ou queremos suportar.
Estamos amedrontados com todas as coisas que percebemos, mas nos recusamos a aceitar. Acreditamos que por termos nos recusado a aceita-las, perdemos o controle sobre elas. São por essa razão que as vemos em pesadelos ou em disfarces agradáveis, naqueles que parecem ser nossos sonhos felizes. Pensamos que nada do que nos recusamos a acreditar poderá ser trazida a nossa consciência, porque achamos que isso é perigoso para nós.

Tensão do julgamento constante é praticamente intolerável. É curioso que uma capacidade tão debilitante tenha vindo a ser tão profundamente apreciada.
Por isso o amor é muito importante. Quando estamos sofrendo, ter alguém que nos acompanhe, apóie e nos ame, faz diminuir a dor e é o maior presente que alguém pode receber. Espero que um dia seja normal para as pessoas amar plenamente. É claro que temos todas as informações necessárias sobre o amor, mas apesar disso a maioria de nós não consegue, porque não fomos amados. A melhor maneira de superar esse problema é praticando diariamente atitudes amorosas.
O mundo é um teatro, em que podemos escolher como atuar. Temos a vida toda para praticar e crescer. Mas não podemos esquecer que nem sempre acertamos. Por isso a necessidade de conhecer o perdão. Para nos perdoarmos e aos outros, temos que saber que cada um de nós, está fazendo sempre o melhor que pode.
Não existe certo ou errado, só existe o que existe.
As pessoas fazem as coisas quer julguemos que esteja certa ou não, nosso julgamento não as fazem parar. As pessoas fazem o que fazem em virtude do que são daquilo em que acreditam e das informações que possuem naquele momento, para apoiar sentimentos e crenças. A escravidão é uma coisa errada hoje, há quatrocentos anos parecia ser um empreendimento economicamente viável e lucrativo. Hitler é considerado um monstro hoje em dia, nos seu tempo, entretanto era apoiado ou ignorado por milhares.
Dizer que foi certo ou errado não muda o fato de que foi.
A culpa nos cega, e como a projetamos no mundo, ele nos parece escuro. Temos medo de olhar para dentro, medo do iremos ver lá.
Não tenha medo de olhar para dentro, não acredite quando o seu ego te diz que lá dentro tudo é negro de culpa e te pede que não olhe.
Quem como eu não recebi amor quando criança guarda uma grande magoa, ainda que não demonstre. Para curar essa magoa, precisamos compartilhá-la, botando para fora toda a dor.
Tenho dito isso, e sinto necessidade de acrescentar que é muito mais fácil dizer do que fazer escolhas amorosas.
A todo o momento surgem obstáculos que parecem afirmar "Não vale a pena...”
Levei muito tempo para aprender que o vazio que eu sentia dentro de mim, era falto de amor. Eu vivia cheia de ressentimentos, sentindo-me uma coitada, vitima de todos e de todas as situações... Sentia que eu não tinha outra opção a não ser viver naquele infortúnio.
Eu achava que o amor era uma coisa que eu tinha que buscar fora, nos outros.
Antes tive que criar coragem para olhar para os meus bloqueios, e identificá-los. Olhar o buraco mais de perto e ver a verdadeira profundidade e largura dele é sempre o primeiro passo para uma reforma pessoal verdadeira.


publicado por araretamaumamulher às 12:09 | link do post | comentar | favorito

Quinta-feira, 29 de Outubro de 2009
Desde que decidi escavar minhas entranhas, mudei muito. Hoje estou mais segura do que quero, de onde quero chegar e do que fazer para chegar lá.
Aos poucos fui parando de fantasiar, de me esconder, e o que é melhor fui começando a me sentir mais digna, a ver que eu merecia o melhor. Não é algo que acontece do dia pra noite, é um processo. E o processo de aprendermos a nos amar é muito mais difícil do que o processo de aprendermos a não nos amar.
É muito mais fácil você desistir do que persistir, em uma mudança de vida profunda. É mais fácil continuarmos a ser o que sempre fomos. Mudança é algo muito stressante, que leva tempo e paciência, que nos coloca sempre em estado de alerta, porque o novo nos deixa alerta.
Mas a leveza que sinto hoje em minha vida, apesar de tudo o que me aconteceu este ano, estou lidando com as situações de uma forma mais leve, mais solta, mais tranqüila.
Aprendi a admitir que eu fui à responsável por tudo o que me aconteceu. Quero deixar bem claro mais uma vez, que você ser responsável não te torna culpada. É obvio que agi com base no conhecimento que possuía naquele momento em que estava ocorrendo à experiência, não tinha nada que não fosse minha experiência para embasar minhas atitudes. Foram atitudes erradas porque os meus conhecimentos estavam errados.
Mas sei que fui eu que fiz da minha vida um grande épico do terror.
Fui eu que sempre me senti indigna, suja, não merecedora. Fui eu que atrai para minha vida um marido psicopata, fui eu que me exclui da vida da minha família.
Tenho consciência de que eu com minhas atitudes defensivas causei todo mal a mim e aos meus filhos.
Agora o fato de ser a responsável por isso não exclui o fato de que existe um psicopata no mundo que me usou, para praticar suas crueldades, assim como usou os nossos filhos, para o mesmo fim. O fato de ser responsável não exclui o fato de que minha infância foi um verdadeiro filme de terror, e eu não tinha consciência do que poderia ser feito para modificar aquilo, digo isso para que fique claro para todos que nós somos sim responsáveis por nossas vidas, isso não pode nos fazer omissos quanto ao fato de que no mundo existem pessoas doentes, existem pessoas más e temos por obrigação nos defender das mesmas.
Porque pregar um amor, irreal, um amor a toda a humanidade é de fato algo muito lindo, mas vamos ser sinceros bastante fora da realidade.
O fato de eu achar que o fulano é gente boa não fez nem nunca vai fazer com ele deixe de ser o psicopata que é.
As pessoas que vivem querendo só ver o lado bom das situações e nos outros estão na realidade em estado de fuga psicológica, e com certeza precisando de tratamento.
Mesmo porque se formos falar em filosofia, ou em religião, toda filosofia e religião que conheço informa que existe: dia/noite, claro/escuro, bem/mal. Esses dois lados se completam no mundo. E não podemos excluir um em detrimento de outro.
Quando começamos a entender a realidade, entendemos que a primeira coisa que tem que ser feito é nos preocuparmos conosco, porque quando estamos bem, tudo se resolve. Mas não se resolve porque os problemas desaparecem ou porque como nas novelas da Globo, o bandido se arrepende e fica bonzinho não. Resolve-se porque você tem uma atitude mais firme e positiva diante do problema, e ai o ele deixa de te afetar com tanta força como antes. O fato de hoje meu ex marido não conseguir me atingir, de não fazer mais a menor diferença para mim, e (por conseguinte deixou de fazer tanta diferença também para os meus filhos) não significa que ele se transformou em um ser humano, humano, de forma alguma, ele continua sendo o monstro que sempre foi, continua roubando pequenos objetos das pessoas, mentindo, ludibriando, manipulando, e com toda certeza continua explorando alguma mulher por ai. Significa que esse tipo de coisa hoje não tem mais nenhuma importância para mim, que eu não mais me deixo abalar por suas atitudes criminosas, que o fato dele fazer isso ou aquilo não me atinge mais. Não tenho uma taquicardia de puro pavor a cada vez que o vejo, não acho que ele vai me bater, não espero que isso aconteça, minha atitude foi que mudou, e não o meu ex-marido. Ele continua o mesmo de sempre. Só que com a atitude que tenho agora eu formei uma parede de proteção, conta seus atos criminosos.
O mundo continua tendo assassinos, tendo ladrões, e todo o tipo de pessoas, não é o mundo que tem mudar, somos nós que temos que nos transformar, porque assim transformarmos o nosso mundo e por ai vai.
Mesmo porque quando mudamos nossas atitudes o maior beneficiário somos nós.
Assumir nossos defeitos, e nossa responsabilidade pela dor que e decepção que causamos no outro e em nós, não beneficia o outro, mas sim a nós. Porque a maior vitima que criamos com nossas atitudes errada somos nós mesmas. Eu fui a minha maior vitima, e tem mais o mal que eu me causei, foi com toda a certeza muito maior do que o que meus pais conseguiram me causar, que toda a minha família junto conseguiu me causar e que meu ex marido me causou.
Sabe por quê? Porque eu poderia ter parado tudo isso a hora que me decidisse a mudar. Como parei agora.
É uma situação complexa, mas é assim mesmo que acontece.
Talvez por isso seja necessária tanta persistência para se conseguir uma transformação verdadeira.
Fique na Luz e na Paz.
Fátima Jacinto
Uma Mulher...


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Quarta-feira, 28 de Outubro de 2009
As coisas na minha vida se repetem, às vezes mudam o cenário, sempre muda os personagens, mas as situações são as mesmas. Desde criança, sempre desejei ardentemente ter dinheiro, status, estudar, ser amada, querida, desejada, e parece que quanto mais eu queria isso mais longe tudo estava de mim.
Nunca tive dinheiro suficiente nem para as despesas básicas, não consigo me lembrar de ninguém que daria uma boa informação sobre mim. Não me sinto amada, nem querida, e muito menos desejada. Tenho séria dificuldades em honrar qualquer compromisso. É como se eu sabotasse as coisas boas que poderiam em acontecer por não me sentir digna delas, Enem da confiança dos outros. Alias a verdade é que me sinto indigna de confiança. Estou sempre achando que as pessoas vão descobrir alguma coisa errada em minha vida e que ai todos os meus planos vão por água abaixo.
Sempre senti que merecia ser castigada, assim ao menos estava “sacrificando” por ser uma pessoa tão má, que envergonhava minha família, e todos que inadvertidamente se aproximavam de mim. Devido à desde muito cedo ter sofrido horríveis espancamentos, sem nenhuma causa justa, (minha mãe me batia de chicote de bater em cavalo, ele todo trançado no couro com um nó na ponta, e o cabo de madeira, quando ela estava muito nervosa, arrematava com o cabo na minha cabeça. Existiam outros instrumentos, como uma enorme colher de ferro, ou varas que eram colhidas a dedo para servirem especialmente para os momentos em que ela decidia nos espancar). Então foi assim que cresci ouvindo o quanto Deus era poderoso, irritadiço, e sensível, qualquer coisa ó tirava do serio, e sendo espancada, porque eu não prestava, não era uma pessoa boa, não merecia ter o que tinha. Sabe o que eu tinha? Nada. Morávamos em uma fazenda, que meu pai foi vendendo aos poucos, quando eu tinha oito anos já não tinha mais nem a fazenda, mas nós continuamos morando lá, como se nada tivesse acontecido, até que o proprietário decidiu nos enxotar literalmente, se ele não fizesse isso minha família não sairia. De lá mudamos para casa da minha avó, e tudo se repetiu de novo, com o diferencial de que de lá minha mãe não sai nem enxotada... Toda essa situação degradante, humilhante, era permeada, por enormes sermões bíblicos, que até hoje não consigo ver de onde era tirada tanta barbaridade, para nos incutir e a obrigação de ir à missa, de rezar o terço diariamente, caso não fosse rezado com a devida atenção, teria que ficar de joelhos em cima de grãos de milho e de braços abertos. Esse tal terço demora em media uma hora, imagine uma criança de oito nove anos de joelhos em cima de grãos de milho com os braços abertos por uma hora inteira, e se abaixasse um pouco que fosse os braços, levava uma surra de cedem, que uma corda feita do pelo do rabo dos cavalos. Quando me lembro da minha infância, fico tentada a pensar, que nenhum filme de horror se compara ao que foi vivido por mim e por meus irmãos, principalmente nós mulheres que somos as mais velhas. Lembrar do sadismo do meu pai, da alegria genuína que ele expressava, quando nos via sofrer, mesmo depois de adultos, é algo que ainda hoje me faz muito mal. Lembrar que ele era um homem que assistia a duas missas diárias, que rezada uns três terços diariamente, e que passava o restante do seu tempo lendo a bíblia, e mesmo assim tinha um imenso prazer em ver o sofrimento do outro, em ver o sofrimento dos seus filhos, ele se deliciava quando algo de errado nos acontecia. Não tem como não sentir a dor novamente. Lembrar que a minha mãe nunca fez nada para ajudar nenhum filho, mas que não perde nenhuma oportunidade, para puxar o tapete de qualquer um de nós até hoje, também é algo que me faz muito mal. Como nós sobrevivemos a tudo isso?Isso sim foi um verdadeiro milagre!
Talvez por isso eu tenha resistido por tanto tempo, a olhar para toda essa podridão. Talvez por isso tenha sido mais fácil, para mim, continuar, me martirizando, fugindo, porque verdadeiramente, olhar para tudo isso me dá ânsia de vomito, na verdade há dois anos quando olhei pela primeira vez, passei muito mal, mental, física, e espiritualmente, agora pensei que já tinha superado, mas vejo que ainda não. Ver tudo isso não é nada fácil. Mas é necessário, e absolutamente necessário se eu quiser realmente me curar, hoje tenho plena consciência disso.
A vergonha que senti durante toda a minha infância de tudo isso, de ser diferente de todos que eu conhecia as humilhações porque passamos. Não tenho ainda palavras para expressá-la. Quando me lembro da minha irmã abaixo de mim, meu Deus, minha mãe nunca ergueu um dedo para defendê-la, não que ela tivesse feito isso por mim, por qualquer outro filho, mais essa minha irmã ela tinha que te-la defendido, mais não ela se sentava com poses de senhora e ficava olhando... Ainda dói, dói, muito saber que tudo isso realmente aconteceu comigo.
Foi assim que aprendi a esperar ser espancada, a acreditar que merecia ser torturada, ser humilhada. Aprendi que eu não merecia nada de bom, nada de puro, que a alegria e a felicidade não era para mim. Acreditei que para mim não existia outra forma de vida, que eu não era alguém para dar certo. Que o problema era eu. Eu não tinha problemas, eu era os problemas. A vergonha, o medo, a humilhação e o desejo intenso de modificar esse quadro de mudar minha vida, de não quere que meus filhos tivessem esse tipo de vida. A vontade de poder entrar em um lugar de cabeça erguida, de não me sentir mais um nada, de me sentir acolhida, desejada, esperada, amada, e necessária, foi o que me levou a procurar ajuda.
Hoje tenho consciência que eu sempre busquei, toda a humilhação, todo o espancamento, toda agressão tanto física como psicológica que sofri, foi eu que fui responsável, quando me anulei, quando não me posicionei, quando esperei inconscientemente e muitas vezes conscientemente por tudo isso.
Sair de uma situação dessas não é fácil, não e rápido, não é indolor.
A primeira coisa que temos que entender é que a grande mentira é que somos incapazes de agüentar uma dor muito intensa e forte, e que também somos incapazes de agüentar o maximo do prazer, essa é a mentira do nosso eu inferior nos diz a toda hora. Nós podemos sim agüentar tanto a pior dor, como o maximo do prazer. Hoje eu sou prova viva disso. Tudo o que tenho exposto aqui eu vivi, eu tive a coragem de encarar e assumir que vivi, dói com certeza dói, mais eu estou aqui mais inteira do que nunca, do quando não tinha coragem para olhar para toda essa coisa podre dentro de mim.
Fique na luz e na paz
Fátima Jacinto
Uma Mulher.


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Terça-feira, 27 de Outubro de 2009
Sendo bem realista a minha vida sempre foi um rastejar e um encolhimento, no intuito de receber amor e aprovação dos outros.
Rastejei na minha infância para meus pais, irmãos, primos e tios e tias, não funcionou. Rastejei na minha adolescência, na casa da minha tia onde fui morar, rastejei para toda a minha família não funcionou.
Rastejei para o pai do meu primeiro filho, na verdade eu aceite toda a humilhação e calunia que me foi imposta em nome “do amor” também não funcionou. Voltei a rastejar para minha família e voltou a não funcionar. No meu relacionamento com meu ex-marido cheguei à apoteose: rastejei, me humilhei, me anulei, me tornei um nada. Queria que ele ao menos reconhecesse que eu era uma pessoa muito “boa”. Só consegui ouvi-lo dizer que eu o envergonhava que ele não tinha coragem de me levar em lugar nenhum porque eu era feia, gorda, e havia parado no tempo. Deixei de ir a te nas festas de escola dos meus filhos, eu não saia a não ser para trabalhar. Aceitei ele tendo relações sexuais dentro da minha casa com as empregadas. Na realidade eu nunca me senti dona da casa, nunca me senti digna de ter alguma coisa, de ser proprietária de algo, eu me sentia tão nada que era impossível nada ter algo.
Hoje quando olho para esse quadro com certo distanciamento, fico pensando como pude deixar as coisas chegarem nesse ponto. Eu não me senti digna de entrar na justiça para exigir os meus direitos, de pedir uma pensão digna para os meus filhos, eu não me senti digna de lutar para que ele não levasse os meus filhos. Eu jamais em tempo algum ousei dizer que tudo o que era dito sobre mim, era calunia. Eu simplesmente fiquei calada e aceitei, esperando que alguém viesse me salvar. “A justiça de Deus tarda mais não falha” Dizia minha mãe quando eu era pequena. Será que eu estava esperando essa justiça para me salvar.
Meu “altruísmo” não me deixava ver o quanto eu estava prejudicando os meus filhos. Hoje olhar para trás dói, dói muito mais sei que é preciso fazer, para limpar, ferida suja não cicatriza e eu quero que todas as minhas feridas sejam cicatrizadas, curadas.
Só hoje tenho consciência do tamanho do estrago que a minha apatia, causou em meus filhos. Naquela época eu não conseguia enxergá-los, nunca parei para ver o lado deles, os problemas que eu os estava causando, só conseguia ver o problema que eles estavam me causando. Eu achava que estava me sacrificando para eles, não levando o pai deles até a justiça, era um bem que eu estava fazendo a eles, afinal eu pensava, “é muito triste ver a mãe da gente levando o nosso pai para a cadeia”. Eu achava que um dia eles iam me agradecer porque eu estava me sacrificando para dar o melhor para eles.
Meu dente doía eu ia ao dentista e mandava arrancar, porque eu não tinha dinheiro para cuidar de mim.
Hoje vejo o quanto o meu “melhor” era terrível, para eles. Mesmo porque o meu melhor era uma fila de cobradores em nossa porta, era eu mentindo para conseguir dinheiro, eu deixando o pai levá-los para morar com ele, sem nunca lutar para que eles ficassem mesmo sabendo que nenhum deles gostava de ir morar com o pai, iam por pressão dele. Mas eu achava que estava fazendo o “melhor. Eu sendo humilhada na frente deles, nós sendo despejados, ficando sem luz ou sem água por falta de pagamento. Isso era o “meu melhor” para os meus filhos. Isso era a “minha bondade para com eles.”
Eu os deixando com um sentimento de culpa por que eu fazia tudo o que podia por eles, mais nada dava certo para mim. Eu me “sacrificava”
Não entendia porque as pessoas mesmo vendo eu com três filhos sozinha, dando o maior duro, não tinham pena de mim. Será que elas não viam o meu sacrifício?
Eu viva para os meus filhos, não namorava, não saia de casa a não ser para trabalhar, eu vivia para os meus filhos, não tinha vida social. Com esse comportamento insano destruí amizades, destruí a minha vida e á vida dos meus filhos.
A dor que sinto em saber que o meu egoísmo, a minha cegueira emocional, destruiu a minha vida e a vida das pessoas que mais amo, principalmente em saber que no caso do Vi não terei mais como consertar, mesmo sabendo que não agi em minha consciência, que não fiz nada sabendo o que realmente estava fazendo, é desesperador, saber que eu fiz.
Sempre fui tão “bondosa” que as pessoas se aproveitavam de mim, nunca cobrei o que valia pelo meu trabalho, mas devido a isso eu achava que todo mundo tinha obrigação de me “ajudar” quando eu precisava, e vamos ser sinceros, alguém que vivia como eu sempre estou precisando de “ajuda”. Sempre pensei que os meus erros não podiam ser contados, que os outros não podiam contar os meus erros e fracassos, porque não era culpa minha, eu era tão “boa”, tão “trabalhadeira” tão “indefesa”, não conseguia entender porque os outros não tinham pena de mim. Porque eu tinha pena dos outros, eu fazia tudo o que estava ao meu alcance para “ajudar”, ou melhor, eu prometia, mesmo sabendo que não tinha a menor condição de cumprir. Não podia ver alguém com algum problema, que lá ia eu, “ajudar”...
Descobrir que eu só criava dor e desilusão foi um passo enorme na minha cura, mas tenho que confessar que talvez tenha sido o mais difícil de todos eles.
Sempre achei que me anulando eu estava deixando as pessoas livres, só agora consigo ver que na verdade eu as estava rejeitando e as ferindo. Na verdade eu não achava que alguém além de mim mesma pudesse ser ferida neste mundo. Que alguém além de mim, pudesse ser vulnerável, pudesse sofrer. Sempre me senti como sendo a mais sofredora, a mais injustiçada, nunca entendi porque as pessoas me evitavam, já que eu era uma pessoa tão boa, tão calma, tão amável, tão desprendida, porque não tinha amigos, porque todos me rejeitavam?
Tudo isso eu fiz, e agora me permito desfazer, eu vi tudo isso e agora me permito limpar, tudo isso da minha vida.
Permito-me honrar, e cuidar de mim, em primeiro lugar, e dos meus filhos. E isso que quero com todo o meu coração.
Permito-me olhar para o outro e me ver nele, saber que existe pessoas que como eu, se encontram em situações absurdas, e que existe milhares e centenas de milhares que ainda estão nessa situação, e que precisam de uma mão para sair dela. Eu ofereço a minha mão, estou pronta para servir, de apoio ao outro.
Fique na paz e na luz.
Fátima Jacinto
Uma Mulher.


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Sexta-feira, 23 de Outubro de 2009
Sinto que tenho um caminho a seguir, o de descobrir o porquê de tudo isso. O fato de sempre me sentir, por baixo, de nunca ter tido nenhuma auto-estima, de sentir uma vergonha enorme de quem eu realmente sou, de me achar sempre uma fraude, me levou a ter uma máscara de orgulho exarcebada, e a me esconder de tudo e de todos. Na realidade hoje sei que eu tinha medo das pessoas. Por isso sempre me escondi, não podia contar com ninguém, e foi isso que me levou a andar em círculos obstinadamente, cometendo os mesmos erros, porque assim eu pensava que ninguém nunca saberia quem eu realmente era. Quem será que eu realmente era? Eu hoje não sei quem eu sou então como explicar o medo que eu tinha de quem eu era?
Tenho pensado muito e me recordado da minha infância. O meu maior problema sempre foi o dinheiro. Meu pai era uma pessoa compulsiva e nunca soube lidar com dinheiro, ele e minha mãe iam gastando e quando acabava eles vendiam mais alguma coisa, quando acabou tudo o que tínhamos , eles começaram a pedir dinheiro emprestado, para a família. Meu pai chegou a vender uma parte da herança da minha tia.
Quando a situação ficou insustentável fomos morar na casa da minha avó, ela acabou tendo que comprar outra casa para ela, porque não conseguia conviver com o sadismo do meu pai. Meus tios sempre tiveram que nos ajudar, mas era uma ajuda que vinha sempre com muita humilhação, com ironia, e que aumentava ainda mais o nosso complexo de inferioridade, e nosso sentimento de culpa.
Mas isso nunca preocupou os meus pais, tanto não os preocupou, que até hoje minha mãe mora na casa que era da minha avó, hoje ela mora lá por opção, e nunca teve a menor preocupação em preservar a casa.
Agora que consigo ver melhor toda a situação, vejo que tenho repetido esse padrão, em minha vida. Talvez os cenários sejam outros, mas o padrão de nunca ter dinheiro, de está sempre precisando da “ajuda” de outros, de não saber lidar com o lado financeiro da minha vida. E principalmente de ficar sempre em situação de exposição, para receber uma humilhação por causa disso. Parece que procuro uma forma de ser humilhada.
E sempre dentro de mim ficava a certeza de que se as pessoas quisessem podiam me perdoar, ou esquecer a minha divida. Ou seja, eu queria que cuidassem de mim, que alguém tomasse em suas mãos a responsabilidade por minhas finanças.
Mas ao mesmo tempo tinha um sentimento de culpa, um medo, de ser cobrada, de ser humilhada. Do que as pessoas iam falar quando soubessem que eu não tinha o dinheiro. Esse era um padrão que eu tinha, então fica obvio que eu já sabia, ou melhor, estava procurando, uma forma de ser humilhada, de ouvir algumas poucas e boas. Eu levava isso até a situação se tornar insustentável.
Hoje sei que essa era uma das formas que tinha de ser filha dos meus pais, de está próxima a eles.
Meus pais nunca assumiram nenhuma responsabilidade, e eu também não, eles nunca se permitiram nenhum tipo de prazer a não ser a comida, e eu também agia assim.
Nunca me permiti ser feliz, nunca me achei digna de ser amada, de ser respeitada. O dinheiro sempre foi algo muito desejado em minha vida, e ao mesmo tempo tinha um sentimento de culpa, uma urgência em deixá-lo, porque o dinheiro é “sujo” e “só os pobres herdaram o céu”.
Sempre apanhei muito, da minha mãe, e meu pai nos colocava de joelhos para rezar o terço, em cima de grãos de milho e de braços abertos. Carreguei comigo o padrão de que eu merecia ser espancada, que eu não era boa, era porca relaxada, preguiçosa, vagabunda e merecia todo o tipo de “castigo”. Tudo o que acontecia ao meu redor, eu me sentia culpada, e isso me levava a sempre tentar “consertar as coisas”, quando não conseguia, eu mentia porque não suportava a culpa de ver os outros sofrendo “por minha causa”.
Não conseguia entender que era eu que causava o sofrimento dos “outros” com minha mentira. Tentado ser “boazinha”, na verdade tentando desesperadamente ser vista, ser ouvida, que alguém no mundo me enxergasse. Eu queria ser necessária para alguém.
Não me sentia necessária nem para os meus filhos.
Conclui daí que toda a minha vida havia sido até aquele momento um constante recriar da minha infância. Tudo o que eu fazia tudo o que eu falava, tudo o que eu viva, era com o intuito de reviver a dor que sofri na minha infância, e talvez assim entender o motivo de tanta dor ser imposta a uma criança.

Fique na luz e na paz
Fátima Jacinto
Uma Mulher.


publicado por araretamaumamulher às 18:53 | link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

O que eu sou? O que realmente significam as minhas reações e não apenas meus atos e pensamentos? Será que minhas ações são apoiadas pelos meus sentimentos, ou será que eu tenho motivos por trás dessas ações que não correspondem ao que eu gosto de acreditar a meu próprio respeito, ou ao que eu gosto que as outras pessoas acreditem? Tenho sido honesta para comigo mesmo até aqui? Quais são os meus erros?Eu sou feliz? O que está faltando em minha vida?
Levei uns bons anos da minha vida para ter coragem de ao menos encarar verdadeiramente essas perguntas. Eu sabia que nessas perguntas estavam contidas todas as respostas que precisava em minha vida, mas não me dispunha a encarar o fato de respondê-las.
Eu sei que são perguntas difíceis de serem respondidas com sinceridade. E elas têm que ser respondidas com sinceridade, porque se não é melhor deixá-las de lado, como eu fiz por vários anos.
Eu não sei o que eu sou. Sou uma coisa tão confusa, tão complexa que não dá nem para mim, mesmo especificar.
Minhas reações significam medo, o mais puro e extremado medo, medo e dor.
Sim minhas ações raramente, ou nunca são apoiadas pelos meus sentimentos, a não ser quando vem à tona o que não quero que as outras pessoas saibam a meu próprio respeito.
Não, não tenho sido honesta para comigo até aqui, se estivesse sendo honesta comigo, já teria parado de fumar e emagrecido.
Meus erros são tantos que não caberiam nesta folha, mas hoje eu tenho consciência de cada um deles.
Não eu não sou feliz, sou hoje uma pessoa amarga.
Creio que uma direção.
Há uns dois anos atrás eu me dispus a respondê-las, e ai está as resposta.
Hoje elas seriam um pouco diferentes, com certeza, tenho caminhado com passos mais largos rumo à cura. Mas até me dispor a dar essas respostas, eu não conseguia sair do lugar, vivia dando voltas e os meus problemas eram sempre os mesmos.
Temos que ter a coragem de olhar para o buraco e ver o real tamanho e profundidade dele, só assim vamos poder saber o quanto de “terra” vamos precisar para tampá-lo.
Talvez essa seja a parte mais difícil, olhar para nós mesmos, e admitir que não somos o que queremos acreditar que somos, e principalmente o que queremos que os outros acreditem que somos. Nos ver como realmente somos, sem a fantasia covarde que usamos para nos sabotar.
Quando conseguimos fazer isso, o resto fica bem mais fácil bem mais leve. Admitir nossas falhas, admitir que somos passiveis de erros, de defeitos, que às vezes somos mesquinhos, somos invejosos, desejamos ao outro o pior. Esse é o primeiro passo da cura.
Vou repetir aqui um pensamento de Jung, aliás, eu adoro Jung, portanto estou sempre falando nele: “Na religião tradicional, todos os esforços são feitos para ensinar crenças ou condutas idealistas ás quais as pessoas sabem em seus corações que jamais poderão corresponder, e esses ideais são pregados por pessoas que sabem que eles mesmos nunca corresponderam, e nunca corresponderão, a esses elevados padrões. E mais: ninguém jamais questiona o valor desse tipo de ensinamento”
A religião tradicional nos dá preceitos a serem seguidos, tais como: “Faça aos outros que desejaria que eles fizessem a você” e “Ama a teu próximo como a ti mesmo”. Certamente nós podemos concordar que se todos pautassem a sua existência por essas regras áureas, o mundo seria um lugar muito mais agradável de viver. Agora vamos ser sinceros: Eu não o faço e você não o faz. Se aceitarmos o principio valido, por que é tão difícil segui-lo?
As respostas da religião tradicional têm sido tão decepcionantes que muitas pessoas que antes teriam consultado um clérigo agora consultam um psicoterapeuta.
Vemos tantos casos de clérigos, que apesar da mascaras de homens puros, escondem pedofilos, e outros tipos tão assustadores quanto.
Lembro que na minha infância tinha um padre lá na cidade onde nasci, que RNA hora do sermão ele sempre falava das moças de mini-saia, (Sou dos anos 60 o auge da mini saia), falava do grande pecado que cometia as mulheres que andavam depravadamente, e por ia o sermão do Frei Donario, mais quando a missa terminava a vizinha dele o estava esperando para o encontro furtivo atrás da igreja. Nós morávamos ao lado da igreja, e criança adora ver esse tipo de coisa.
O que leva um homem, a fazer esse tipo de coisa? A deixar toda uma congregação com sentimento de culpa, de medo. E depois a agir de uma forma totalmente contraria a tudo o que ele pregou.
Hoje eu sei a resposta. Frei Donario vivia na mascara, e como toda mascara a dele só se sustentava até as luzes da cidade apagar. (Na minha infância a luz era de motor a diesel, e apagava sempre por volta das nove horas da noite.) E como todos que vivem na mascara, para se esconder tem que deixar o outro com sentimento de culpa.
Pessoas assim não conseguem viver uma vida de amor, de verdade. Eles tem verdadeiro pavor que o outro descubra a verdade sobre ele é o desmascare. E para tanto, é muito mais fácil ver o “pecado” do outro, assim talvez o outro não tenha tempo de ver o seu.
Fique na paz e na luz
Fátima Jacinto
Uma Mulher.


publicado por araretamaumamulher às 10:47 | link do post | comentar | ver comentários (2) | favorito

Quinta-feira, 22 de Outubro de 2009
Onde começa a violência? Onde começa a aceitação da violência? Difícil de serem respondidas essas duas perguntas. Todos nós sabemos que ela se inicia na infância, mais para termos tido pais violentos tivemos também avôs violentos? É um circulo vicioso, sempre.
Minha infância foi uma infância de culpa, castigos, surras, sacrifícios, e muitas pregações e orações católicas.
Eu sempre me senti no olho do furacão, tudo era minha culpa. Passei grande parte da minha infância ouvindo minha mãe contar para sua família, minhas tias e avó o quanto eu era porca, relaxada, preguiçosa, mentirosa. Tudo o que eu fazia ou dizia cabia em um desses adjetivos. Eu nunca ia dar certo. Tudo o que estava errado era culpa minha. O simples fato de ter nascido, já era o principal problema. Afinal eu era uma menina.
Sempre era enfatizando o fato de que eu recebia muito mais do que merecia. Seja em bens materiais ou em afeto, atenção, e outros. Como eu nunca recebia nada de nenhum dos itens, conclui que não merecia ter nada.
Não me lembro de poder brincar, me divertir, ser feliz. Tudo na minha infância vinha carregado de um sentimento muito pesado de culpa e de medo, de castigo e de sacrifício. Quase nunca íamos a festas, e quando íamos, o sentimento de esta fazendo uma coisa que “Deus” não gostava era enorme.
O Deus que conheci na minha infância, era um Deus terrível, que não gostava dos ricos, que não gostava que fossemos alegres e felizes. Era um Deus que cobrava um preço muito alto, por nada, ou melhor, para a destruição.
O único prazer totalmente liberado em minha casa era comer, minha mãe fazia comidas e mais comidas...
Carreguei comigo esse ranço de pecado, de humilhação, de medo, de verdadeiro terror mesmo, durante todo o meu casamento. Esse medo do que iam pensar de mim, do que ia acontecer comigo.
A sensação de que eu tinha algo que, poderia ser descoberto e que faria com que as pessoas não me aceitassem. Um medo terrível, eu vivia em sobressalto. Foi assim que passei minha infância, minha adolescência e o meu casamento.
Na verdade muitos anos depois do meu casamento ter acabado, eu ainda me sentia assim. Aquele medo terrível, de que as pessoas fossem descobrir algo, a meu respeito.
Hoje fico me perguntando descobrir o que?
Jamais me senti digna de reclamar, de dizer o que estava sentindo. Alias era proibido isso na minha infância.
O fato de me sentir o bode expiatório em uma família desestruturada, desajustada, e totalmente insana, não podia de forma alguma ser reclamado. Eu ainda deveria era me sentir feliz, por eles ser tão religiosos.
Assim aprendi a fugir, e a esconder no meu corpo, toda a dor, todo medo, toda a humilhação.
Aprendemos um modo de viver, ou melhor, de sobreviver às adversidades, e nos adaptamos a ele de tal forma que depois fica muito difícil sair. Sermos transformados.
Sempre me senti incapaz de cuidar de mim, sempre ter alguém que me amparasse, e por isso me vi incapaz de cuidar dos meus filhos também. Foi por isso que nunca entrei judicialmente contra o pai deles, por não me achar digna de cuidá-los, ou capaz de fazê-lo.
Assim fui me tornando alguma coisa solta, sem uma estrutura, sem historia, sem um grupo, ao qual eu pudesse dizer que fazia parte.
Nunca me senti parte da minha família, nunca me senti filha da minha mãe, irmã dos meus irmãos, filha do meu pai. Sobrinha das minhas tias, neta da minha avó. Eu sempre tive comigo a certeza de ser uma presença incomoda para todas essas pessoas.
E, por conseguinte nunca me senti namorada, esposa, mãe de ninguém...
Na verdade não conseguia me sentir parte integrante da vida.
Isso me levou a me valorizar tão pouco, me sentir pouco, ou melhor, não digna, me sabotar e não me preocupar em cuidar do meu ser.
Eu sempre fui de encontro com as humilhações, com a vergonha, e com o medo, por achar ser isso a única coisa que eu merecia receber da vida.
Não eu não tinha a menor consciência de tudo isso até passar por um processo longo de terapia, até conhecer o Pathwork eu não sabia de nada disso, eu simplesmente vivia esse drama, sem nem saber que isso era um grande drama.
Não tinha a menor consciência do quanto essas minhas atitudes me prejudicavam, e prejudicava a todos ao meu redor, principalmente aos meus filhos. Tinha o péssimo habito de achar que isso não causava dor em mais ninguém a não ser em mim. Achava que minha ferida estava tão bem guardada, escondida em quilos e mais quilos de gordura, que ninguém era capaz de percebê-la.
E que se alguém tentasse vê-la ainda tinha a cortina de fumaça dos meus cigarros.
Foi preciso me olhar no mais fundo do meu ser e assumir o que eu era e o que eu queria me tornar.
Achava-me indigna e queria ser digna, me achava feia e queria ser bonita, me achava desconectada e queria ser conectada, me achava solta e queria fazer parte de algo,
Achava-me amarga e queria ser doce, me achava péssima e queria ser ótima.
Na realidade eu não achava nada, eu sentia tudo isso e gostaria de me sentir diferente, de outra forma, porque aquela estava doendo muito e não agüentava mais.
Queria-me sentir amada, querida, desejada, esperada, conectada, inteligente, doce, bonita. Queria principalmente desesperadamente ser amado, saber que alguém no mundo sente falta de mim.
Eu então falei com Deus, como nunca tinha falado antes: “Deus eu te busco tanto, Você tem sido a única constante da minha vida. A minha busca por Você. Mas não nunca te encontrei. Quero que me diga que todo o meu erro tem concerto e que tudo isso, que venho vivendo não passa de um sonho ruim e que de agora em diante eu estarei segura nos seus braços.”
Sinto que tenho um caminho a seguir, o de descobrir o que isso tudo fez em minha vida.
Até hoje não consigo ser completamente inteira, às vezes fico pensando se um dia será.
Fique na luz e na paz
Fátima Jacinto
Uma Mulher


publicado por araretamaumamulher às 11:33 | link do post | comentar | favorito

Quarta-feira, 21 de Outubro de 2009
O amor requer sensibilidade, precisa de abertura. O que quer que lhe tenha entorpecido faz com que seja muito mais difícil você sentir amor.
Aprender a valorizar a si mesmo e aprender a amar a sim mesmo. É realmente daqui que vem seu amor pelos outros. O valor é como dinheiro que você pode tirar de uma conta de banco, se você se valoriza bastante realmente tem algo para dar aos outros. Mas se você não se valoriza não tem nada para usar. Então o que há para valorizar? Se você olha para si mesmo e pergunta: “o que outra pessoa amaria em mim?” A única resposta duradoura é “A mim mesmo”. Porque a lista de realizações de todos nós é finita. Nossas boas ações terminam em algum lugar. As coisas que nossa sociedade aprova costumam ser ultrapassadas em nossas mentes por maculas melhor mantidas fora da visão dos outros.
O amor que você tem em sua vida só pode ser tão valioso quanto você o percebe ser, e a chave da percepção é a crença. Não existem encontros neutros. Nós sempre vemos os outros a luz de nossas crenças e sempre nos sentimos vistos a luz das crenças deles. Conheço pessoas que entram numa sala cheia de estranhos e acreditam que uma onda de hostilidade os sonda. Outros entram na mesma sala e imediatamente sentem-se bem vindas. A diferença é inteiramente devido à percepção, já que esse julgamento vem antes de qualquer evidencia externa. Eu diria que as primeiras pessoas acreditam que não são queridas nesse mundo, enquanto o outro grupo acha o contrario. Qualquer crença que ataca nossa habilidade de valorizarmos a nós mesmos é uma distorção. Na essência a individualidade é da mais alta importância.
Vivi muitos anos tentando ser como minha mãe e todas as mulheres de minha família, ou seja, meu lema era: “não pense em si mesma, faça o seu marido e filhos felizes. Se seu amor for suficientemente altruísta, as coisas vão cuidar delas mesmas.” Mas eu nunca senti estar me cuidando. Meu amor apoiava as outras pessoas, mas não eu.
Com essa visão desisti por anos a fio da única pessoa que realmente importa para mim, ou seja, descobri que eu havia desistido de mim.
Um dia depois de centenas de livros de auto-ajuda, de uma verdadeira peregrinação para encontrar a religião certa para mim, eu me olhei no espelho, coisa que raramente fazia e me perguntei: Quem vai me socorrer? Porque ninguém tem nada a me oferecer? Porque tenho que ficar sempre com a pior parte da vida? Porque nunca sou a pessoa especial que tanto quero ser? Por quê? Por quê? Por quê?
A resposta foi assustadora e tremenda: Porque você não se ama e não se respeita.
Então resolvi a aprender a me amar e a me respeitar. Decidi que essa seria minha maior prioridade, aqui neste blog eu conto tudo o que fiz e ainda tenho feito, (porque nós nunca estamos prontos, acabados) para me transformar, para me curar, para que minhas feridas fossem cicatrizadas. Tomei a decisão de escrever por dois motivos: Escrevendo eu me curo mais ainda, e sei que não estou sozinha, que a grande maioria da humanidade hoje está tão doente como eu estava é esta precisando de ajuda. Ajuda para sair do circulo vicioso da loucura que é a culpa.
Ajuda para aprender a perdoar. Todos nós pisamos no caminho para o amor devido a necessidades, mas num certo ponto a necessidade pode ser destrutiva, porque nasce do medo e da carência. Mas em vez de ficar deprimido com esse “fracasso” você precisa perceber que todo o trabalho é feito por você, com você e para você. Ninguém “lá fora” pode assumir a responsabilidade. Está tudo bem em estar consciente da distância entre a visão e a realidade, porque essa é a sensação de estar no caminho. Se você não tivesse buracos a fechar, não precisaria de um caminho.
Mas até você decidir a admitir para si exatamente o que quer, sentirá confusão. Até se dispor a pedir exatamente o que quer da vida, ou de qualquer situação e ou relacionamento com outras pessoas, você se sentirá confuso. A confusão só diminuirá quando você acreditar realmente que merece aquilo que deseja que tem direito de ter a experiência que deseja ter.
Devido à culpa que sentimos, todos os relacionamentos tem elementos de medo. E é por isso que variam e mudam tanto, e tão freqüentemente. Eles não são baseados no amor imutável. E o amor onde entra o medo não merece total confiança.
Quem você realmente, não é uma coleção de pares, mas um todo. Ver a si mesmo como um todo e o primeiro passo para se considerar atraente. Todos nós somos tentados a catar pedaços de nós mesmos, é esse ato de auto-critica, e não as próprias peças que fazem com que você se sinta pouco atraente. Você é apenas humano o mesmo é verdadeiro em relação a todas as pessoas que conhece.
Lutar para ser atraente é só outra forma de desespero, que os outros vêem por mais que você lute para disfarçar. Porém tão forte é nosso condicionamento social, que são gastos bilhões de dólares a mais em cosméticos, moda e cirurgia plástica do que na psicoterapia, por exemplo, apesar do fato d que trabalhar suas neuroses tornar as pessoas muito mais atraentes do que uma figura elegante ou roupas na moda.
Comparamo-nos constantemente com um ideal que nunca poderemos realizar. A voz interior sem amor (o ego) nos impulsiona dizendo: “Você não é bom o bastante, magro o bastante, bonito o bastante, suficientemente feliz ou seguro.
Procuramos a aprovação nos outros, projetando assim nossa satisfação interior conosco, na esperança de que alguma autoridade externa a retirará de nossa alma.
Deduzimos que apaixonar-nos é algo totalmente mágico, algo que vem do nada aleatoriamente, geralmente quando menos esperamos. Embora disfarçada de esperança, o medo que a voz interior (o ego) sem amor está nos dizendo: “Não há nada que você possa fazer, a não ser esperar para ver se alguém ama você”. A crença subjacente aqui é que não temos a menor possibilidade de merecer o amor, não o amor apaixonado e realizador dos nossos sonhos. A esperança de alguém nos procure e nos dê amor é uma abdicação de nossa capacidade de criar nossas próprias vidas.
Contamos com o amor para remover os obstáculos que o mantém afastado. Todos os tipos de comportamento não amorosos teriam permissão de persistir, com a presunção de que nos tornaremos afetuosos, abertos, confiantes e íntimos através de um simples toque da varinha mágica do amor.
O ego nos mantém na inércia total dizendo: “Não importa como você trata todas as pessoas. Afinal de contas elas não amam você e quando a pessoa ideal aparecer essas pessoas importaram menos ainda...
Ser desejável significa estar confortável com sua própria ambigüidade. A suprema ambigüidade que cada um de nós expressa não é que possamos ser bons ou maus, amorosos ou sem amor, mas que somos espírito e carne ao mesmo tempo.
Só existe uma maneira de quebrar a síndrome da auto-sabotagem de “minha aparência nunca será boa o bastante”
Abraçar seus pontos fracos ao invés de trabalhá-los.
Abraçar sua fraqueza é o mesmo que aceitar a si mesmo, e nada é mais atraente do que pessoas que se sentem confortáveis consigo mesmos.
Fique na paz e na luz
Fátima Jacinto
Uma Mulher


publicado por araretamaumamulher às 10:56 | link do post | comentar | favorito

Domingo, 18 de Outubro de 2009
Já falei um bocado sobre o modo como a mente se apega por meio de crenças, expectativas, e interpretações. E preciso toda uma vida para construir essas respostas condicionadas, mas desmantelá-las ocorre passo a passo. O presente é o momento certo para começar. Quando você se encontra em uma situação que está certa do desastre, perda magoa ou qualquer outro resultado negativo, lembre-se que para construir uma nova realidade, você precisa de novas estruturas mentais. As situações a que seu ego resiste com toda a força são precisamente aquelas que precisam ser abraçadas porque do ponto de vista espiritual, qualquer coisa que desmantele suas construções mentais limitadoras é benéfica. Você precisa romper com conhecido para permitir que o desconhecido entre.
As emoções são mais teimosas do que os pensamentos. A cola que apega você as suas velhas crenças e expectativas é a emoção. Sempre que você diz a si mesmo que não pode renunciar, está fazendo uma afirmação emocional. Na verdade você pode renunciar a qualquer situação em qualquer momento. “Eu não posso”, na verdade significa: “eu temo as conseqüências emocionais se o fizer” seu ego traça uma linha na areia e insiste em que você não vai sobreviver aos sofrimentos internos que surgirão caso a linha seja cruzada.
Vou dar um exemplo bem pratico: Meu casamento começou a ficar violento no terceiro ano, mais eu ainda persisti nele, durante mais nove anos, tive mais dois filhos nesse meio tempo. E fiz todo o possível, para jamais ter que sair dele. Eu temia o julgamento da sociedade, da minha família, e até do meu ex marido. Eu temia que o sofrimento que eu iria enfrentar fosse ainda maior do que o que estava vivendo. Eu não me imaginava vivendo de outra forma, que não fosse aquela. Eu me sentia merecedora, de tudo o que estava passando. É obvio que grande parte desse processo não é normalmente consciente. Mas a parte que você fica pensando no que vão dizer sobre a atitude que você vai tomar, é um processo bem consciente em todos nós, com certeza. Agora me diz: quem vai apanhar para você? Quem vai levar um prato de comida para os seus filhos? Quem vai limpar suas feridas tanto físicas como emocionais? Eu não encontrei ninguém, ao menos ninguém dos que eu me preocupava de como iriam me julgar.
Então tenho que reconhecer que uma poderosa limitação esta sendo auto-imposta por mim, nessa situação, e no fundo não é verdadeira.
Você vai sobreviver a qualquer emoção, seja ela o que quer que você acredite que seja medo demais, perda demais, humilhação demais, desaprovação demais, rejeição demais, já aconteceu. Você cruzou a linha muitas vezes, senão não saberia onde traçá-la. O seu ego está realmente dizendo é que você não quer cruzar a linha novamente. Do ponto de vista do espírito, porém, você não precisa fazê-lo.
Existe uma lei no inconsciente que faz com que o que você evita sempre volte, e quanto mais você o evita, mais forte é o retorno. As pessoas que juram que nunca mais vão sentir tanto medo, tanta raiva, tão arrasadas novamente, estão apenas se preparando para o retorno do medo, da raiva e da tristeza. A recusa de encarar esse fato cria muito sofrimento desnecessário.
Em vez de resistir a qualquer emoção, a melhor maneira de dispersa-la é entrar nela completamente, abraçá-la, e ver através de sua resistência.
Emoções dolorosas não retornam por motivos externos. Retornam porque fazem parte de você, você as criou antes de afastá-las. Cada emoção que você experimenta é sua.
Todos nós cometemos o erro de acreditar que alguma coisa “lá fora” nos deixa com medo, zangados, deprimidos, ansiosos e assim por diante. Na verdade os eventos “lá fora” são apenas estopins. A causa de toda emoção esta “aqui dentro”, o que significa que o trabalho interior pode curá-la.
Decidir á realizar o trabalho interior é o primeiro e mais importante passo. Mesmo depois de anos de cura emocional, haverá momentos em que você estará certo de que alguém é responsável por fazer com que você se sinta de uma determinada maneira.
A dedicação ao trabalho interior significa recusar-se a aceitar essa perspectiva, por maior que seja sua intensidade e freqüência.
Espiritualmente, você é o criador da sua realidade. Você e o interprete, o vidente, aquele que toma as decisões, aquele que escolhe o cenário e o enredo. Quando você descobrir que está sendo dominado por uma emoção negativa, tente em primeiro lugar liberá-la fisicamente, já que os efeitos corporais são metade ou mais daquilo que você está sentindo. Sempre que você vir que está traçando uma linha na areia pare de fazê-lo. Resistir só torna as coisas piores. Deixe a emoção aumentar. Libere-a através do choro, soltando gritos, perdendo as estribeiras, tremendo de medo, faça o que for necessário. As emoções vêm e vão.
Perceba que cada uma delas possui seu próprio ritmo, e permita-se fazer parte desse ritmo. A melhor maneira de não morrer afogado, é flutuar junto à onda.
À medida que você for dominando a arte da renuncia, com paciência, dedicação e amor, a sua realidade vai mudar. Ela não tem escolha.
As coisas “lá fora” sempre são espelhos do que está acontecendo “aqui dentro”. Vivendo o processo da renuncia, você perde muitas coisas do passado, mas encontra a si mesmo.
Não vai ser uma personalidade feita de crenças, expectativas e interpretações, pois essas coisas vêm e vão. Será uma personalidade permanente, enraizada na consciência e na criatividade. Uma vez que você tenha captado isso terá captado o mundo.
Não existem milagres em transformações humanas, é tudo muito lento, tudo no mesmo ritmo da vida, do pulsar do universo. Temos que aprender que transformações milagrosas, normalmente terminam milagrosamente também. O mais sábio é darmos tempo ao tempo, é sermos gentis e pacientes para conosco. E não desistirmos, se eu tivesse desistido, hoje não tenho duvidas já teria sido assassinada, ou estaria em um manicômio, apesar de existir tão pouco deles ultimamente.
Outra coisa que temos que ter em mente, é que quando assumimos nossa responsabilidade, não estamos nos fazendo culpados de nada. Não existe culpa, apenas responsável com certeza dá um medo danado sermos responsáveis, mais dá mais medo ainda entregar a responsabilidade nossas vidas a outro... Pense nisso...
Fique na Luz e na Paz
Fátima Jacinto
Uma Mulher.


publicado por araretamaumamulher às 14:44 | link do post | comentar | favorito

Sábado, 17 de Outubro de 2009
“A doença emocional de uma pessoa significa sempre, de uma forma ou outra, que foi criado um eu - máscara. A pessoa não percebe que está vivendo uma mentira. Ela construiu uma camada de irrealidade que nada tem a ver com eu ser real; assim, ela não é fiel á sua verdadeira personalidade. Ser fiel a si mesmo não quer dizer que você deva ceder ao seu inferior, e sim que deve estar ciente dele... Por baixo das camadas do eu inferior vive o Eu Superior, a realidade última e absoluta que você algum dia alcançará.
E para alcançá-la, é preciso em primeiro lugar encarar o eu inferior, a sua realidade temporária, em vez de encobri-la, porque isso resulta em impor uma distância ainda maior entre você e a realidade absoluta, ou Eu superior. “Para encarar o Eu superior, você precisa destruir as falsas aparências do eu - máscara.” Palestra do Guia Patchwork n14
O eu - máscara é a camada exterior da personalidade, o eu com o qual nos identificamos superficialmente, a face que mostramos ao mundo. É o eu que achamos que deveríamos ser, ou que gostaríamos de ser, com base em imagens mentais idealizadas. É uma identidade forçada que reprime enormes partes da personalidade. A falsa aparência da máscara nos aparta da realidade de tudo o que somos o tempo todo.
Todos nós somos fisicamente feridos na infância; fomos vistos e amados imperfeitamente. A máscara é o eu que construímos para esconder a criança vulnerável e ferida que fomos um dia. Ao colocar um falso eu entre os outros e a nossa vulnerabilidade interior, procuramos impedir o contato próximo demais com os outros, que poderia nos expor outra vez á possibilidade de sermos feridos, como na infância. É o nosso modo de tentar controlar a vida.
Criada como reação à dor e á rejeição, a máscara se destina a tentar agradar, afastar ou controlar outras pessoas. Quando estamos no eu-máscara, nossa atenção se volta para a forma como vamos reagir aos outros, e assim cortamos a ligação com a fonte interior. O eu - máscara nos separa da energia do eu real e espontâneo, tanto negativo como positivo. Quando estamos no eu - mascara, culpamos os outros pelas nossas desgraças, em vez de assumirmos a responsabilidade pelo que sentimos. Assim a máscara produz a crença na nossa vitimização, o falso conceito de que outra pessoas é responsável pela nossa felicidade ou infelicidade.
Por baixo da máscara está o eu - inferior – a fonte de negatividade e destrutividade dentro de nós. Nossa negatividade é a verdadeira causa da nossa infelicidade. O eu inferior normalmente é inconsciente, no todo ou em parte, porque é difícil admitir a negatividade. Na infância, fizeram-nos sentir vergonha do eu inferior, e tínhamos medo de que a honestidade sobre os sentimentos negativos provocasse a rejeição por parte dos nossos pais. Dessa forma, encobrimos esses sentimentos com uma máscara que, conforme esperávamos, seria a garantia de receber amor.
A máscara tem certa semelhança com o fariseu da época de Cristo - uma exibição de falsa bondade, poder ou respeitabilidade. Cristo sentia uma atração muito melhor pelos pecadores, em quem percebia a autenticidade. As imperfeições deles não eram nem negadas nem justificadas; seus defeitos e sua dor eram muito mais visíveis e, assim seu coração era mais acessível. Cristo sabia que é preciso reconhecer o eu inferior, ou o pecador, antes de ser possível transformar seu potencial criativo. Nosso Eu - superior, nossa consciência de Cristo, também aprenderá a acolher o “pecador” interior, depois de tirar a máscara hipócrita do fariseu.
A máscara tem raízes no dilema da dualidade humana. Toda vida humana contém dor e prazer, decepção e satisfação, infelicidade e felicidade. Como bebês e crianças, éramos extremamente vulneráveis á experiência da decepção, da rejeição e da incompreensão – verdadeira ou imaginária. Procurar meios de escapar dessas dores e proteger-se contra futuras mágoas é uma reação humana instintiva.
A experiência mais dolorosa para a criança é ser rejeitada pelos pais ou ser invisível para eles. Pode ser uma rejeição especifica e dura, ou uma atitude prolongada e persistente de não amar e não ver os filhos. Também pode ser apenas um castigo, um distanciamento temporário. Pode ainda ser uma situação que, na realidade, pouco ou nada tem a ver com a criança como o divorcio, por exemplo. Mas a criança sempre se culpa pela rejeição, punição ou retraimento dos pais. Ela presume que o genitor “vai embora” devido á “maldade” dela. A criança, então, tenta desesperadamente negar ou reprimir qualquer coisa nela que pareça ter contribuído para a recusa do amor ou da preocupação dos pais.
A criança leva mais longe essa falsa concepção de que a aprovação dos pais é crucial para a sua sobrevivência. Assim, ela acaba acreditando que é mais seguro negar tudo aquilo que existe nela e que pareça provocar a rejeição e desaprovação dos pais. A criança, então assume o papel que, segundo espera, lhe trará a desejada aprovação ou, pelo menos, a invulnerabilidade. “A auto-imagem idealizada passa dessa forma a ser a pseudo-solução do problema da suposta ‘maldade”.
Nenhum adulto, e, por conseguinte nenhum pai é capaz de amor perfeito. Portanto, sempre existe um fundo de verdade no sentimento de rejeição da criança. Mas a infelicidade e a falta de segurança e auto-estima que a criança sente nunca pode ser medida objetivamente. O que uma personalidade pode agüentar muito bem na relação com os pais pode ser arrasador para outro temperamento.
A imagem é uma falsa conclusão ou generalização sobre a vida. A auto-imagem idealizada (ou mascara) é uma falsa fachada ou tentativa de mostrar um quadro genérico perfeito do que achamos que deveríamos ser. Tanto a mascara como as imagens são decorrentes da tentativa de evitar, no futuro, determinadas mágoas reais e especificas do passado. Assim os sentimentos do presente, e as pessoas e circunstancias reais do presente, são substituídas por um retrato genérico e irreal da realidade, derivado das conclusões ou generalizações baseadas no passado Quando estamos presos as imagens vivemos as idéias sobre o passado, e não a realidade do presente.


publicado por araretamaumamulher às 17:31 | link do post | comentar | ver comentários (4) | favorito

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